Capítulo 48

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Narrado pela autora

Luigi passa por sinais vermelhos à mais alta velocidade que seu Mercedes-Benz EQS 53 AMG  consegue alcançar.
Mas rápido que o veículo são as batidas do seu coração. Primeiro pelo medo de perder seu melhor amigo, o único que confiou em si quando todos o julgavam incapaz. E segundo, por não ter sido forte o suficiente e ter cedido às súplicas de Antonella. Seu coração quase para só de imaginar que isso tudo acabe sendo um plano para capturar na verdade, à Antonella.

Luigi é um homem treinado. Na máfia não se treinam apenas os corpos, mas as mentes também.
Ele sabe que de alguma forma Mikhail pode ter armado tudo isso para atingir a quem ele sempre quis, Antonella.
E imaginar que isso possa acontecer é seu maior medo no momento, pois sabe que Lorenzo nunca o perdoaria. Ainda que sua personalidade tenha mudado, Lorenzo não lidaria bem com a morte da mulher que ama.

Luigi não está errado, Mikhail não sabe direito o que está fazendo, mas sem dúvidas ele quer Antonella naquele galpão.

Os pensamentos não deixam a mente de Luigi que num acto de nervosismo dá um soco no volante, fazendo soar o som alto da buzina que assusta a mulher ao seu lado.

Tal como Luigi, Antonella tem seu coração a mil. Perder Lorenzo poderia abrir uma cratera no seu coração, com certeza ela jamais superaria essa perdes.
Ela não consegue explicar como pode amar tanto Lorenzo, mas tem certeza que nunca mais será capaz de amar outro homem na mesma intensidade que o ama.

Antonella olha para Luigi e sem precisar dizer qualquer palavra, ele entende e sussurra: estamos chegando.

Ela suspira e fecha os olhos. Pensa em como perdeu tudo na vida, e em um rápida conversa com Deus diz que não está pronta para mais uma perda.

•••

No galpão o clima continua o mesmo, Lorenzo não sabe o que dizer e Mikhail parece não saber o que fazer, todo o plano que orquestrou parece não mais fazer sentido.

— Me diga como foi — Mikhail diz depois de algum tempo em silêncio.

— O que foi o quê? — Lorenzo pergunta, mas na verdade o que ele quer é confirmar se Mikhail realmente quer ouvir isso.

— Como foi matá-la? — Lorenzo engole em seco. Ele tem vontade de dar um passo para trás, mas não se atreve. Está longe das suas intenções fazer com que Mikhail se sinta ameaçado, já que ele tem uma arma apontada à sua cabeça.

— Eu não vi como tudo aconteceu, eu não estava lá, só dei a ordem — Lorenzo olha para os olhos de Mikhail — Mas quando me confirmaram que estava feito, eu não senti orgulho pelo que fiz, apenas satisfação por achar que assim eu faria você me respeitar e aos acordos entre nós e vocês russos.

— Eu não espero que você me perdoe, mas eu não tinha noção do que realmente estava fazendo, deixando crianças sem sua mãe ou um homem sem a mulher que ama, eu era um homem vazio, e acreditava que as coisas eram feitas desse jeito na máfia, aprendi a matar e sempre estive disposto a morrer muito cedo.

Mikhail sente seu peito arder é uma vontade de chorar o invade. No fundo ele sabe que não pode culpar Lorenzo, quantas mais matara? Quantas esposas? Quantos maridos?!
Tal como Lorenzo, Mikhail nasceu na máfia, aprendeu a matar e se preparou para morrer e perder quem ama.

— Não vou mentir, eu não mudei tanto depois que me apaixonei por Antonella, continuei fazendo coisas horríveis, inclusive contra pessoas que ela ama — nesse momento Lorenzo se lembra de Enrico e do que fez contra ele. — Não sentia remorso ou culpa, mas sempre que ameaçava alguém usando as pessoas amadas, eu pensava: e se alguém fizer algo contra Antonella?. Acho que ganhei consciência do mal que fazia, mas confesso não parei. Eu amo minha irmã, mas sempre a deixei segura e na minha cabeça, nada de mal aconteceria a ela, mas com Antonella era diferente, eu pensava sobre Irina, é sobre...

— NÃO FALE O NOME DELA — Mikhail grita pressionando a arma no peito de Lorenzo que suspira e continua.
Com certeza Lorenzo está falando tudo o que não conseguiu falar nesse tempo em que se escondeu do mundo.

— Eu não entendo até hoje o que aconteceu naquele acidente, mas depois que acordei do coma eu comecei a sentir as coisas, a culpa. E eu sei que você tem razão em querer me fazer sofrer. — uma lágrima solitária desce pela bochecha esquerda de Lorenzo — faça isso, me mate Mikhail, mas poupe Antonella e Graziela; eu te peço.

Nesse momento Antonella e Luigi surgem no galpão.
Antonella atravessa o portão correndo e chorando ao ver a arma no peito de Lorenzo e ele pedindo para morrer.

— LORENZO...

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