Capítulo 27

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 [Louis POV]

Eu pisquei rapidamente, encarando os machucados como se eles fossem magicamente desaparecer, ou eu fosse acordar e tudo isso seria algum tipo de sonho maluco. Mas as marcas continuaram ali, e havia tantas na faixa que ela revelara que eu estava com medo de ver o resto de seu rosto.

"Quem fez isso com você?" Eu perguntei com um mero sussurro, e ela tremeu, secando mais lágrimas, mais do corretivo sendo retirado também, e eu pude ver os tons de roxo e azul por baixo da camada do produto.

Ela soluçou e respirou fundo, tentando parar de chorar antes de começar a explicar o que seria uma longa explicação.

Pelo canto do meu olho, eu vi Jameson caminhar em direção à área descoberta com uma bandeja de comida antes de parar quando viu a minha mãe. Eu lhe lancei um olhar de 'nos dê um minuto', e ela pareceu entender e assentiu antes de voltar para a cozinha com a bandeja.

Minha mãe deixou escapar mais alguns soluços e fungadas antes de falar.

"Eu nunca quis te abandonar, Louis, eu realmente não quis. Eu-" Ela respirou fundo novamente e eu peguei suas mãos nas minhas de novo, segurando-as tranquilizadoramente.

"Você pode me dizer, mãe. Eu não vou ficar chateado, eu só quero te ajudar," ela assentiu.

"Eu pensei que seu pai fosse alguém diferente quando eu me casei com ele. Nós nos casamos logo depois de começarmos a namorar e então, alguns anos depois, nós tivemos você. Eu amava você com todo o meu coração, e ainda amo, mesmo que você não sinta o mesmo por mim."

Eu senti uma pontada em meu coração, de repente consciente do quão frio eu era com ela sempre que ela estava por perto.

"Bem, o casamento parecia estar indo bem até que você entrou no fundamental."

"Foi quando vocês compraram a cabana e começaram a me deixar muito sozinho em casa," eu disse gentilmente, não querendo parecer acusá-la de nada negativamente. "Isso tem alguma coisa a ver com isso aqui?"

"T-tem, na verdade... Depois do fundamental, seu pai começou a ficar assustadoramente dependente do álcool. Eu tentei fazê-lo parar de beber uma noite porque estava sendo terrível para ele, mas ele não parava. Eu não sei o que causou isso, mas eu continuava pedindo para ele parar e um dia ele deve ter se fartado tanto comigo que me bateu."

Mais lágrimas rolaram pelo seu rosto, fazendo rímel correr pelas bochechas e o corretivo manchar as lágrimas. Eu apertei suas mãos para que ela soubesse que eu estava ali para ela.

"Depois disso, eu parei de tentar fazer que ele ficasse sóbrio, mas isso não parou com o abuso. Eu não sabia o que fazer porque eu pensava que eu podia consertar isso sozinha sem contar para a polícia ou pra qualquer outra pessoa. A cabana em twin Peaks parecia a única coisa que eu podia usar para levar o abuso para longe de você."

Eu arfei, mas rapidamente cobri meu choque com uma pergunta. "A cabana não era uma boa escapada de mim?"

"Não, mas eu te disse isso para que você não suspeitasse que eu não estava contando pata ninguém sobre o abuso. Eu não queria que você soubesse o que eu tinha que passar porque eu tinha medo dos efeitos mentais que isso poderia ter em você, e parecia stress demais para uma criança lidar."

"Eu estou no último ano agora, mãe, e eu posso te ajudar com isso," eu a assegurei e ela me deu um sorriso fraco.

"O abuso começou a ficar pior na cabana, e ele me batia e me abusava sexualmente mais frequentemente. A esse ponto, tudo o que eu queria era sair logo de perto dele, mas ele tirou meu celular de mim e se livrou dele para que eu não ligasse para ninguém em busca de ajuda. O celular dele estava sempre escondido, e ele raramente o usava para que eu não o usasse para chamar ajuda também."

"Por que você não fez nada quando você vinha para casa de vez em quando antes de voltar para a cabana?"

"Se ele suspeitasse que eu tentaria dizer alguma coisa sobre isso, ele me machucaria ainda mais. Eu não amo esse homem, Louis. Esse não é o homem pelo qual eu me apaixonei ou o homem com quem eu me casei; ele é o homem que me machuca mais do que eu poderia imaginar que alguém me machucaria. Todos os gestos aparentemente doces e amáveis que eu lhe ofereço são as minhas tentativas de tentar não apanhar ou ser abusada ainda mais."

"Eu não posso deixar você ir para casa, mãe. Não agora que eu sei," minha voz não passava de um fio, e meus olhos também estavam marejados.

"Não," ela disse firmemente, e eu fui pego de surpresa.

"Não?"

"Não. Se eu não for para casa, ele vai saber que eu contei a você sobre isso e eu não consigo prever o que ele vai fazer com você. Faz tanto tempo que mais alguns dias vão apenas se misturar com o resto. Por enquanto, você pode por favor me ajudar a achar um jeito de envolver a polícia para que ele possa ir preso?"

"A gente pode ligar para ela agora?" Eu sugeri, mas ela balançou a cabeça novamente.

"Ele já me ameaçou e me disse que se a polícia o questionasse, ele poderia facilmente mentir e colocar toda a culpa em mim. Eu preciso que você contate eles, no entanto, e por favor, ache um jeito te trazê-los para casa sem ele notar."

"Amanhã é segunda, o que significa que eu tenho aula. E se eu for para a polícia depois da escola e os levasse para casa? Eu posso explicar a situação e papai não vai suspeitar de nada."

"Você não acha que ele suspeitaria os carros de polícia?"

"Vou dizer a ele para estacionarem numa rua perto de casa para que vocês não possam vê-los pelas janelas. Eu conheço alguns pontos cegos já que eu sempre fico entediado e tenho muito tempo livre. Além disso, ele vai estar esperando eu chegar em casa, então quando a porta abrir, ele não vai ter razão para acreditar que é outra pessoa além de mim. Os policiais poderiam me seguir e assumir dali em diante."

Ela enxugou algumas lágrimas e eu lhe ofereci um sorriso.

"Obrigada, Louis," ela sussurrou.

"Mãe, me perdoe por não perceber antes. Me desculpe por toda a dor que eu te causei por estar tão distante e por ser tão frio com você. Agora eu entendo o que estava acontecendo, mas eu realmente achava que vocês não me amavam. O que você acabou de me contar mostra que você está disposta a sacrificar a si mesma para me manter seguro e se isso não é amor, eu não sei o que é."

Eu me levantei e ela fez o mesmo antes de eu praticamente atacá-la com um abraço. Eu afaguei suas costas, dizendo a ela que tudo ficaria bem, e que amanhã tudo finalmente melhoraria.

Eu podia sentir seu peito subir e descer conforme ela respirava fundo, mas o choro finalmente havia acabado.

Ela se afastou do abraço depois de dois minutos e nós dois nos sentamos novamente. Ela parecia mais feliz agora, apesar das manchas de rímel que secaram em seu rosto.

"Eu estou ansiosa. Nervosa, mas ansiosa. Eu acho que vai funcionar e eu mal posso esperar para finalmente me libertar de tudo isso." Ela disse suavemente.

"Eu estou pronto, também. Animado por ter uma vida com você, como uma familia normal," eu lhe dei um sorriso pequeno e ela sorriu largamente.

Jameson deve ter notado que o choro havia chegado ao fim, porque ela timidamente andou até a área descoberta segurando a bandeja com dois cheeseburgers e duas bandejas de batata frita também.

"Eu achei que vocês gostariam de umas batatinhas para acompanhar o almoço," ela disse, colocando a comida na nossa frente. "Eu me certifiquei de deixar tudo quentinho. Por favor, aproveitem!"

"Obrigado," eu disse genuinamente e ela me lançou um sorriso antes de se afastar com a bandeja vazia.

"Então, voltando à conversa feliz," minha mãe disse, mordendo uma batata.

"Vamos ouvir sobre essa sua namorada."

5 Leagues Above - Portuguese VersionWhere stories live. Discover now