Capítulo 11

6.8K 617 23
                                    

Raul abriu os olhos quando sentiu a claridade do sol chocar com seu rosto. Por um instante, ele pensou que estava na rua, mas, quando enxergou o teto branco do quarto, percebeu que tudo do dia anterior não havia sido um sonho. Então se sentou sobre a cama com um misto de estranheza e alívio.

E agora? - perguntou a si mesmo. Pegaria Kevin e voltaria para a rua? A chuva já havia ido embora, o sol brilhava no alto do céu. Lorena não teria mais motivos para dá-los abrigo.

De repente, quando o jovem rapaz ainda estava imerso em seus pensamentos, ouviu algumas batidas na porta do quarto. Então, um pouco confuso, murmurou:

— Pode entrar.

A porta demorou um pouco para se abrir, mas, quando se abriu, revelou Lorena que estava com seu típico traje social com o qual ia trabalhar todos os dias. Ao vê-la, Raul vacilou no olhar, direcionando seus olhos para as próprias mãos.

— Te acordei? — a loira perguntou sem entrar no quarto.

— Não, eu... Eu já tinha acordado.

— Ah, ainda bem. Eu só queria te perguntar se aquela dor que você estava sentindo ontem melhorou.

Raul olhou de relance para Lorena e respondeu:

— Melhorou. Só dói mesmo quando eu uso o banheiro.

— Você tem certeza que não quer ir ao médico?

— Tenho. Além do mais, eu preciso ir, porque...

O jovem rapaz se levantou, mas sequer pôde dar um passo, pois Lorena o deteve com um riso abafado.

— Ir para onde? — ela perguntou.

— Ir embora...

— Ir embora? Mas... Por quê?

Raul olhou ao seu redor, sem entender, então respondeu:

— Eu não posso e nem quero te dar mais trabalho.

Lorena riu.

— Por que você sempre quer evitar que eu te ajude?

Raul não teve resposta para aquela pergunta, então a loira sorriu mais uma vez e disse:

— Vem tomar café.

━━━━━━━ ⟡ ━━━━━━━

Sentado à mesa e balançando as perninhas enquanto comia um pedaço de bolo, Kevin perguntou à Gilda, que não conseguia parar de se admirar com a simpatia do garotinho:

— Você tem filhos, tia?

— Tenho — a senhora respondeu com um sorriso encantado.

— Quantos?

— Três.

— E eles são grandes?

— São. Já são adultos.

— Eles são mais velhos que o meu irmão? Porque o meu irmão tem...

Kevin interrompeu as palavras quando ouviu passos. Então olhou para trás e, ao ver Raul entrando na cozinha com Lorena, disse com seu tom inocente de criança:

— Nossa, Raul! Você dormiu muito.

O jovem rapaz olhou de relance para Lorena e, depois, para Gilda. De fato, já se aproximava das 10 horas da manhã, mas ele não sabia, pois não havia se encontrado com nenhum relógio até então.

— Gilda, esse é o Raul... De quem tinha te falado.

A senhora, sempre simpática, atravessou a cozinha para cumprimentar Raul.

O Malabarista - ConcluídaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora