Capítulo 16

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Após ter entregado a chave do apartamento para Raul e ter-lhe assegurado que poderia permanecer ali pelo tempo necessário, Lorena achou por bem ir ao supermercado, a fim de comprar algumas coisas.

O duplex já estava pronto para ser ocupado, dispondo de toda a mobília necessária. Mas os armários da cozinha e a geladeira estavam vazios. Por isso, Lorena optou por fazer uma compra.

Por sorte, próximo ao prédio onde seria o novo lar de Kevin e Raul, havia um Carrefour. Então Lorena estacionou seu carro e, assim que entraram no supermercado, Kevin e Ícaro apanharam cada qual um carrinho de compras, saindo em alta velocidade pelo supermercado.

— Kevin! — Raul exclamou.

Lorena, por sua vez, apenas riu. Kevin era tão alegre e extrovertido. Era impossível não amá-lo.

— Pode pegar o que você quiser — disse Lorena olhando para Raul.

Ele coçou a nuca, em sinal de timidez, e olhou ao seu redor. Estavam no corredor que abrigava os alimentos básicos.

Então, hesitante, o jovem rapaz apanhou um pacote de arroz e outro de feijão, ambos de 2kg apenas. Mas, ao olhar para Lorena, a encontrou sorrindo.

— Não precisa ficar tímido — disse ela. — Pode pegar os pacotes de 5kg. E pega uma marca melhor. Essa aí é ruim.

Raul hesitou mais ainda. Então Lorena, chamando Kevin, que estava mais à frente com Ícaro, colocou, no carrinho, que o pequenino empurrava, três sacos grandes de arroz e cinco pacotes de feijão, ambos da melhor qualidade.

— Tia, eu gosto muito de arroz e feijão — disse Kevin, saltitante.

Raul quase riu, pois sabia que, se o irmão tivesse comido arroz e feijão três vezes no último mês, era muito. Como ele poderia gostar tanto?

— É mesmo? — Lorena perguntou com interesse e, vendo o filho aproximando-se com o carrinho, disse: — Ouviu, Ícaro? O Kevin gosta de arroz e feijão.

Ela dizia isso porque sabia que o filho era muito difícil para comer coisas saudáveis.

—Eu odeio arroz e feijão! — Ícaro exclamou fazendo uma careta.

Lorena riu, agarrando-o para apertar suas bochechas.

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Raul não conseguiu vencer o acanhamento em nenhum momento. Durante toda a compra, ele optou pelos produtos mais simples, sempre fazendo Lorena rir. Mas, no final, saíram com dois carrinhos cheios. Ícaro e Kevin, claro, já devoravam, cada qual, um pacote de Doritos.

— Pode deixar que eu guardo as sacolas — disse Raul quando Lorena abriu o porta-malas do carro.

Ela não impôs resistência. Não dizia a ninguém, mas, nos últimos dias, vinha sentindo-se mais cansada. Sua gravidez estava começando a requerer mais dela.

E a propósito de gravidez, ainda naquela semana, havia feito o exame que revelou-lhe o sexo do bebê. Ninguém estava com ela no momento da descoberta: teria sua primeira menina.

Seus pais estavam ocupados demais para acompanhar a filha. Sua amiga Cecília... Ela já havia feito tanto! Além do mais, alguém tinha que atender os pacientes na clínica na sua ausência.

De repente, como se tivesse lido os pensamentos de Lorena, que refletia sobre como poderia estar mais feliz se aquela gravidez tivesse acontecido em outro momento, Raul perguntou:

— É menina ou menino?

Enquanto guardava as sacolas, o jovem rapaz havia reparado que Lorena tinha uma mão sobre a barriga, como se quisesse acariciá-la, mas estava hesitante. Então ele notou que o semblante dela tornou-se sério, o que causou-lhe estranheza, porque, apesar da pouca convivência, ele já havia notado que Lorena era sempre muito sorridente.

O Malabarista - ConcluídaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora