Capítulo 49

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Lorena se afastou de Raul depois de longos minutos abraçada a ele e secou o restante de suas lágrimas com as costas das mãos, enquanto tinha os pensamentos e sentimentos distantes.

— Desculpa por isso — a loira se expressou de um jeito tímido.

— Está tudo bem. Não precisa se preocupar.

Raul sorriu complacente e lançou um olhar amigável para Lorena.

— Às vezes — continuou o jovem rapaz —, a gente só precisa colocar para fora o que está nos incomodando.

— Mas é que hoje é o seu dia, Raul. Era para ser um momento de confraternização pelo seu retorno, mas, ao contrário disso, aqui estou eu querendo roubar a cena com o meu chororô.

Apesar de ainda levemente embargada, a voz de Lorena soou engraçada, de maneira que Raul não conseguiu resistir ao riso abafado.

— Eu senti falta do seu senso de humor — Raul mais bem pensou alto do que falou, o que lhe causou uma leve vermelhidão nas orelhas.

Lorena, por sua vez, viu naquelas palavras do jovem rapaz a oportunidade para exteriorizar ela também os seus pensamentos:

— E eu senti saudades de você.

O silêncio denso pareceu falar por si só durante os segundos subsequentes. Com os olhares fixos um no outro, Raul e Lorena se desligaram da realidade ao redor. Se de repente o planeta saísse de órbita e tudo parasse de fazer sentido, nenhum dos dois perceberia.

Permaneceram neste mesmo estado por um tempo que não foi possível calcular. Até que, julgando já estar na hora de despertar, Raul olhou para as suas próprias mãos, tímido. Quanto à Lorena, ela não teve forças para despertar tão rápido. Ao contrário disso, tendo perdido o controle dos seus pensamentos, confessou de repente:

— Eu te amo, Raul.

O jovem rapaz ergueu o olhar, atônito, e fitou Lorena, que parecia já ter retomado o controle de seus pensamentos.

— Eu não sei se é cedo demais para isso ou — continuou a loira, oscilando entre os olhos de Raul e suas mãos — se já é tarde. Na verdade, não sei se existe tempo certo para isso. Mas o fato é que... Eu tive muito medo de perder você, Raul. E por um longo tempo, eu pensei que não teria nunca mais a oportunidade de te dizer que...

Lorena fez uma curta pausa para ordenar os pensamentos, mas logo retomou, dessa vez, sem desviar o olhar do jovem rapaz:

— Você é a melhor pessoa que eu já conheci em toda a minha vida. E não sei se sou eu que sou muito fraca ou você que é apaixonante demais para se resistir, mas...

A loira sorriu com os olhos, cúmplice, e abriu os braços, como quem se rende, para completar:

— O que posso fazer? Eu me apaixonei e não consigo mais esconder isso.

Um silêncio se seguiu às palavras de Lorena, mas não foi um silêncio incômodo. Na realidade, aquela breve pausa serviu para que a confissão da loira encontrasse espaço no coração de Raul que, a bem da verdade, estava sem palavras.

— Eu... — O jovem rapaz começou a falar, mas se deteve por um instante para sorrir fraco. — Eu não sei o que dizer. Quero dizer, foi bom você ter dito isso, porque... Bem, se dependesse de mim, eu não sei quando teria a coragem para dizer. Mas...

Raul esfregou as mãos e coçou os cabelos. A hesitação o corroía violentamente.

— Eu também sinto algo por você, Lorena. Eu apenas não sei como descrever, sabe? É a primeira vez que eu me sinto dessa forma, então me desculpa se eu não souber como me expressar.

O Malabarista - ConcluídaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora