Capítulo 51

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Olhei as horas no relógio que estava sobre o criado-mudo e constatei que eram exatamente 2:45 da manhã

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Olhei as horas no relógio que estava sobre o criado-mudo e constatei que eram exatamente 2:45 da manhã. Eu havia acabado de amamentar Beatriz e, agora, ela estava dormindo novamente. Sua gripe estava melhorando, mas, em contrapartida, eu estava começando a ficar cansada.

Então, sonolenta, resolvi descer para a cozinha a fim de preparar um chá antes de tentar dormir novamente. Se querem saber, já faz, pelo menos, 1 ano que não durmo direito. Em partes, por causa da Bia, que ainda não estabilizou o sono. Mas, a bem da verdade, parece que já me acostumei a dormir pouco.

Ao chegar à cozinha, acendi a luz em meio a um bocejo que foi interrompido assim que vi Raul em pé em frente à pia. É impossível descrever o tamanho do susto que eu levei. Só não gritei mais alto porque tampei a boca.

— Raul do céu, que susto! — exclamei rindo.

Ele se virou, pois estava de costas para mim, e também riu abafado:

— Desculpa. Eu não queria te assustar.

— O que você estava fazendo aí no escuro?

— Eu vim tomar um remédio e não quis acender a luz para não acordar ninguém.

Ri internamente. Ele, sempre muito preocupado com os outros.

Caminhei até o armário e apanhei uma pequena chaleira; enchi de água e coloquei sobre o fogo. Então me escorei ao lado do fogão e perguntei:

— Tá tudo bem?

— Sim, só um pouco de dor de cabeça.

— Qual remédio você tomou?

— Dipirona mesmo.

— Quer chá? — perguntei tirando duas xícaras do armário.

— Acho que vou querer um pouco. Inclusive, me desculpe por ter mexido na sua cozinha, mas é que eu precisava de um pouco de água para tomar o remédio.

Olhei-o com um olhar brincalhão enquanto levava as xícaras até a bancada, o que o fez sorrir um sorriso que insistia em me derrubar.

— Sinta-se em casa, Raul. Pode mexer na geladeira, colocar os pés em cima do sofá... Eu não ligo.

Ele sorriu outra vez e disse, enquanto eu tirava a chaleira de cima do fogão e voltava à bancada:

— Não sei se consigo ficar tão à vontade.

Abri a caixinha que abrigava os diversos sachês de chá e virei para ele, dizendo:

— Escolhe um.

Assim ele o fez.

— Vamos ter que trabalhar a sua timidez, Raul — falei escolhendo meu chá.

Mesmo sem olhá-lo, ouvi-o rindo baixo. Então, quando levantei o olhar, ele disse:

O Malabarista - ConcluídaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora