𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 16

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒶

Saí do escritório correndo e logo que a porta foi aberta vi Lucien discutir com Estela. Mas quando ele me viu, se calou e se aproximou de mim ignorando totalmente Estela.

- Oi. - disse aliviado.

- Oi, o que está fazendo aqui? - perguntei.

- É... te ver. Rhys me contou o que aconteceu e vim saber como estava. Fiquei preocupado.

- Ah...Eu estou melhor que antes. - menti, eu estou surtando por dentro depois do que acabou de acontecer.

- Tem certeza?

Ele perguntou olhando atrás de mim, para Helion que olhava tudo curioso e com divertimento no rosto. Ele queria falar comigo a sós pelo o que entendi.

- Vem, tenho que falar com você. - digo.

O guiei até o meu quarto. Decorei o caminho para não me perder mais tarde.

Eu não parava de pensar na escultura, no mapa e na pequena ilha aparecendo nela.

Entramos no quarto e fechei a porta me sentando na cama.

- E então o que quer falar comigo? - ele perguntou.

- É sobre o que aconteceu, eu precisava falar com alguém.

Lucien se sentou ao meu lado e me encarou. Eu realmente precisava esvaziar pelo menos um pouco. Muita coisa estava acontecendo em pouco tempo.

- Enquanto eu estava lá, eu fiquei com raiva e ódio. E passou pela minha cabeça, matar o Azriel. - apertei o lençol com força. - Acho que se Morrigan não tivesse me impedido, acho que eu teria... - tampo o rosto com as mãos.

Finalmente havia falado isso a alguém. Eu me lembrava da sensação de antes, era como se eu não me controlasse mais em vez disso meu próprio poder me controlava.

E uma dor de cabeça começou apenas ao lembrar.

- Lua... - o interrompi.

- Eu falei para Feyre que iria dar errado. - eu tentava segurar o choro. - Eu sabia que eu iria explodir e talvez não pudesse me controlar. Mas ela não me ouviu e eu acabei aceitando sua proposta e...

Com um movimento rápido, Lucien afundou meu rosto no seu peito e me apertou em seus braços. Não consegui segurar mais e pela primeira vez deixei alguém me ver chorar. Meu corpo tremia e apertava a roupa de Lucien com força.

Mas não era só por esse motivo de eu estar chorando, portanto obviamente tinha medo de que acontecesse de novo e me lembrei de quando me disseram para não usar os poderes da lua quando eu apenas era uma criança, me lembrei de minha mãe me pedir isso com lágrimas nos olhos e agora eu entendia o medo e receio das pessoas por mim. 

Porém o outro motivo era tudo o que eu tinha visto agora a pouco, a escultura, os pergaminhos, o mapa, Vyridian. Tudo. Mas ainda não queria contar sobre isso para o ruivo. Enquanto eu não tiver certeza que a Corte Lunar precisa de mim, eu vou omitir isso dele, por enquanto.

Ficamos ali, abraçados.

Eu senti aquele calor de novo, da vez em que eu era ainda apenas uma raposa. Sentir seu cheiro era como um calmante, era bom.

Lucien fazia movimentos de vai e vem em minhas costas me arrancando alguns soluços. Quando finalmente parei de soluçar me afastei e reparei que havia molhado sua roupa.

- Desculpa por isso. - funguei.

- Não precisa se desculpar. - ele aproximou sua mão e começou a secar meu rosto com o polegar. - Lua, você não iria matar ele porque você não é assim.

Colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha e desceu a mão até encontrar com a minha apertando.

- E não foi sua culpa, você não tem total controle sobre seus poderes, algo assim era provável de acontecer eles sabiam disso.

- E se na próxima vez eu não conseguir parar? Se não tiver ninguém pra me parar? - encarei o olho avermelhado.

- Não se preocupe, eu vou estar lá pra te parar. - arqueei a sobrancelha.

- Você vai ruivinho? - Lucien revira os olhos.

- É sério. Quando não tiver sob o controle, quando achar que pode destruir tudo. - ele segurou meu rosto com as duas mãos. - Eu vou estar lá para te ajudar e te trazer de volta. É uma promessa.

Ele dizia de uma maneira séria que não me fez questionar. Apenas agora reparei que seus traços são bonitos, maxilar marcado, lábios como se fossem desenhados a lápis, eram perfeitos. A cicatriz na extensão do rosto não escondia o fato dele ser bonito. Suas mãos em minha mão eram grossas e calejadas, mas não deixavam de ser delicadas quando entrava em contato com a minha pele.

Estávamos nos encarando por tempo demais, mas por algum motivo não desviei do seu olhar quando senti minha respiração pesar e meus lábios secarem.

Até que um brilho laranja surgiu no meio de nós dois e nos afastamos. Logo uma carta apareceu e caiu nas mãos de Lucien.

- O que é isso? - perguntei curiosa.

- Minha família. - respondeu respirando fundo.

- Melhor que pombo correio. - digo.

Lucien abriu a carta e passou a ler.

Até que me alertei quando eu senti ele angustiado quando terminou a carta.

- O que houve?

- Minha mãe ela... Ela está doente, não sabem ainda o que é mas aparentemente é grave. - Lucien massageou as têmporas.

- Deveria ir vê-la. - ele me encarou.

- Não sei se deveria. Faz muito tempo que não falo com ela, nem sequer com meus irmãos e meu pai.

- É claro que deve. Ela é sua mãe e talvez ela queira te ver, não sei. Ver como o ruivo dela está. - dei de ombros e riu ele pelo nariz. - Faz isso por ela, pelo o que eu entendi não em uma boa relação com seu pai e irmão, mas faz por ela. Acho que qualquer mãe gostaria de apertar as bochechas do filho de novo.

Dessa vez ele riu alto. Aquele sorriso era lindo e fiz uma nota mental disso.

- Olha se quiser, eu posso ir com você. - ele me encarou.

- Faria isso por mim?

- E por que não? - rebati.

Lucien passou a me encarar como se não acreditasse.

- Você é muito gentil, que chega a ser engraçado. - deu um meio sorriso.

- Eu tento. - dei de ombros. - Então quando vamos? - me levanto ficando na frente dele.

- Nossa, que animação!

- Quero conhecer Prythian e me distrair Tenho certeza que sua família não fica aqui na Corte Diurna e muito menos na Noturna. Então para onde vamos?

- Para Corte Outonal.

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𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarWhere stories live. Discover now