𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 74

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒶

Acordo com a pior dor que meu corpo já sentiu em anos. As juntas travadas como se não tivesse me exercitado há muito tempo. Meus seios doíam tanto como se estivesse carregando pedras. O gosto seco de minha garganta só não tornava mais irritante e incômodo do que a luz que quase cegava meus olhos. Contudo sentia meu estômago estranho, porém não de maneira dolorosa e agonizante mas como novo.

Olhei para os lados me recordando das cenas do parto e era possível ouvir o eco dos meus gritos que rondavam o quarto, só a brisa da manhã e o cheiro do mar fazia aquilo ser suportável.

Percebo que estou vestindo roupas diferentes, um vestido confortável e solto. Me sento na cama e a tontura me bateu.

Por quanto tempo eu dormi?

Coloco meus pés no piso frio sentindo um leve choque se espalhar pelo meu corpo. Tentei chamar alguém mas era como se a voz me faltasse, não emitia frases apenas ruídos. Então tive que andar cambaleando até a porta, mas não foi preciso eu abri-lá, alguém fez isso antes que eu pudesse tocar na maçaneta.

E lá estava o meu ruivo, com o seu olhar mais fundo e com seus traços mais marcantes do que da última vez que me lembro. O olho de ouro ainda rangia quando se focava em mim enquanto usava seus trajes formais e formosos que faziam jus a sua beleza.

O coração acelerado de nós dois era o único som que se ouvia pois ficamos um bom tempo sem dizer nenhuma letra sequer. Seus olhos brilhavam em emoção, mas ao mesmo tempo emitindo saudade e genuinamente algo terno, como se estivesse esperando por isso.

Senti uma carícia no laço sinalizando que o mesmo estava bem.

Sem perceber, uma lágrima solitária desceu por minhas bochechas. Lucien soltou sua respiração e veio a passos calmos até me adornar com seus braços quentes. E era como se estivesse passado anos fora de casa, na chuva e no frio intenso. Mas agora estando ali, sentindo seu cheiro, seu calor, sabia que estaria em casa onde Lucien estivesse.

Suas mãos acariciavam as minhas costas trazendo uma sensação de alívio em meu corpo enquanto afundava meu rosto em seu peito escutando assim, seu coração acelerado que aos poucos, durante aqueles minutos abraçados, foi se acalmando e tomando um ritmo controlado.

Até que meu soluço rompeu o silêncio.

Lucien se afasta um pouco para encarar meu rosto molhado e seca a minha pele com leveza nos dedos e se demora quando limpa a bochecha. Sua íris estava concentrada na minha enquanto o olho de ouro emite outro um rangido, sinalizando que também estava focado em meus olhos. Ele parecia procurar alguma coisa e quando parece receber a resposta, sorri mostrando as covinhas nas bochechas e me abraça novamente.

- Bom dia, meu amor.

Por um breve momento entendi que havia adormecido por bastante tempo, conclui sentindo seus sentimentos agora calmos como um rio cristalino.

A última lembrança que eu me lembro, era de nossa pequena chorando e de Lucien a carregar com o olhar totalmente maravilhado para a coisa pequenina em seus braços. Essa é a única cena que me lembro antes da escuridão voltar a me encontrar novamente.

Com suas mãos certificando que eu não passava de um sonho seu, pergunto contra o seu peito, mas suficientemente alto para que o mesmo entendesse apesar da voz sair um um pouco rouca e rangida.

- Quanto tempo?

Ele se afastou sem me soltar e sorriu. Franzi o cenho para aquilo.

- Você realmente gosta do número três, porque foram três dias.

𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarWhere stories live. Discover now