𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 41

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒶

Eu estava cansada daquele quarto e Cronos também não saia do seu. Coloquei um espião em sua porta - um canário de mármore, eu o usava para espiar meus pais quando pequena.

Cronos não saia do quarto, nenhum dos empregados entravam e ninguém saia. Achei estranho então resolvi agir. Então fui bater na sua porta.

Mas, nada. Abri a porta.

Os primeiros a entrarem foram os vagalumes. O quarto estava vazio, não vi Cronos. Mas aonde ele poderia ter ido sem que o canário me avisasse? De repente senti uma presença atrás de mim.

- Não deveria estar aqui, Lua. - diz baixo e rouco.

Eu me assusto e me afasto de imediato o encarando. Ele estava com os cabelos bagunçados e com um cheiro de vinho que eu reconhecia muito bem.

- Por que está aqui, Lua? - dei alguns passos para trás por precaução.

- Você não saia do quarto. Vim ver se ainda estava vivo. - ele riu.

- Apenas isso? - arqueou a sobrancelha. Ele caminhou calmamente até uma escrivaninha. - Bem, eu estava resolvendo algumas coisas.

- Anda resolvendo muitas coisas nesse quarto, não acha? - era realmente estranho Cronos passar boa parte dos dias aqui. Quero saber o que ele tanto faz aqui.

- Por que está tão curiosa sobre mim? - ele passou o dedo na escrivaninha, tirando a poeira esfregando seus dedos. - Acha que eu não percebi o canário que colocou em minha porta? - Cronos se virou e passou a andar até mim.

- E você não acha que eu não deveria fazer isso? Cronos você é literalmente a pessoa mais misteriosa nessa Corte. Então me diga o que esconde? - fui direta cruzando os braços ficando cara a cara com ele.

- Eu, esconder? - ele riu. - Se tiver algo a me perguntar ou algo que queira que eu faça, é só me pedir. - Cronos passou seus dedos em meu cabelos e parando em meu queixo o segurando forte me fazendo encará-lo. - Prometo que irei cumprir suas satisfações. - sussurrou olhando no fundo dos meus olhos.

Aquilo me fez mal de certa forma. Meus olhos lacrimejavam e minhas mãos tremiam.

- E juro que também cumprirei as minhas.

Nesse momento eu não tinha voz mas algo dentro da minha cabeça gritava, dizendo para que eu saísse daqui. Uma lembrança rápida passou perante meus olhos e senti repulsa e... dor.

Com a barreira, o afastei. Ele não disse nada apenas sua luxúria dizia por si mesmo. Sai dali o mais rápido possível, antes que desabasse na frente de Cronos.

Fechei a porta do meu quarto atrás de mim e me deixei chorar. E de novo, Bjorn estava me perturbando sem eu querer. Mais uma lembrança de abuso tinha me acertado em cheio. Mais lágrimas escorriam por minhas bochechas. Mais dor estava presente no meu corpo.

Me levantei pois estava sentada no chão com as costas na porta e fui em direção ao banheiro. Liguei a banheira e me esfreguei, esfreguei até arder. Até sangrar.

Esfreguei cada cicatriz, cada parte que aquele monstro havia me tocado. Tudo na tentativa de me sentir limpa.

Mas eu sabia que não adiantaria. Sabia que desde aquela noite que continuaria suja o resto dos meus dias...

(...)

Amanhã seria o dia do festival e havia recebido o convite ontem depois do banho. Mas hoje de manhã para tentar né distrair, fui à cidade, à biblioteca que, aliás, era magnífica, porém não tinha livros tão recentes e a maioria eu já tinha lido. O que me fez lembrar de outra coisa, Vyridian e Phythian estavam interligados de certa forma. Queria saber o motivo, porém não sabia como iria descobrir isso. Ninguém daqui nunca ouviu falar de Vyridian, ninguém aqui ao menos imaginava que humanos poderiam em algum lugar, ter poderes. Precisava conversar com Amren sobre isso, acho que ela pode me ajudar em relação a isso.

𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarOù les histoires vivent. Découvrez maintenant