𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 30

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒸𝒾𝑒𝓃

- Talvez eu devesse verificar se ela é realmente digna!

E foi apenas essa frase que fez eu querer tirar sua vida.

Estava visitando a minha mãe. Ela havia piorado desde a última vez e parecia que Beron não ligava para a saúde e bem estar da Senhora da Corte Outonal. Mas não dormia aqui na mansão mesmo ainda tendo um quarto separado para mim ainda em vez disso, consegui ficar em um apartamento não muito luxuoso mas dava para o gasto.

Me lembro do sorriso da minha mãe ao me ver. Era de alívio e felicidade. Me pergunto se meus irmãos tinham a decência de visitá-la.

Estava precisando esvaziar a mente. Mas mesmo assim não consegui parar de pensar em Lua. De o que ela estava me escondendo. Porém Helion tinha razão, não posso simplesmente sacudi-la e exigir que ela me conte o que está acontecendo, não, não vou fazer isso. Jamais faria o mesmo que Tamlin fez com Feyre, sei o que aquilo resultou e não quero o mesmo acontecendo de novo.

Estava literalmente jogando um jogo com minha mãe, quando senti Lua. Senti que ela estava aqui.

- Querido você está bem? - pergunta minha mãe.

Era uma puxada leve como uma caricia que me fez ficar atordoado por um tempo.

- Eu preciso ir. - me levantei bruscamente.

- Mas já? Fica mais um pouco pelo menos para terminar a partida. - diz com voz manhosa.

- Desculpe mãe. Eu realmente preciso ir.

Antes de sair, beijei o topo de sua cabeça e saí apressado.

Era um sentimento novo no qual eu precisava lidar mas era forte demais. Quando atravessei seguindo o laço parei um pouco longe e encarei a cena que rapidamente fez raiva correr em minhas veias. Vi Ramiel com aquele sorriso demoníaco e próximo de Lua e não pensei duas vezes antes de socar sua cara.

- Você jamais tocará um dedo nela.

Me aproximei e soquei seu rosto de novo, fazendo Ramiel não ter chance de se levantar. Sentia meu poder totalmente fora de controle e nunca estive nesse tipo de situação antes, mas eu realmente não ligava para aquela reação.

- Não vai estar com ela o tempo todo. - ele se levantou e passou a dar passos para trás.

Ramiel era o mais cruel e sádico dos sete irmãos. Isso que eu tinha mais ódio dele. Desde de criança não era normal, não sentia pena ou sentimentos normais como toda criança. Em vez disso, maltratava animais e assistia sem nenhuma expressão, lutas que aconteciam até a morte. Ele nunca foi normal.

Ramiel volta a falar.

- Beron irá saber sobre sua amiguinha...

Sentia meu peito queimar e uma gota de suor descer pelas minhas costas.

- Quem sabe ele tenha ideias melhores de matá-la na sua frente.

Não escutei mais nada, apenas concentrei aquela fúria para as minhas mãos e deixei que saísse tudo. Toda a minha raiva e remorso, deixei transparecer. As falas que me disseram no passado passaram a ecoar em minha mente. "Você sempre será um bastardo e inútil" disse Beron quando não consegui levantar uma simples espada quando tinha apenas sete anos. "Você não passa de um verme nesta corte!" disse Beron quando disse que não iria participar de uma de suas tortura aos prisioneiros. "Apenas não reaja, guarde isso pra si para machucar os outros" disse minha mãe quando briguei com Ramiel após o mesmo me humilhar em público. "Você nunca será digno de qualquer felicidade. Sabe por quê? Pois você é a vergonha da família e a única pessoa que irá te amar e sobreviverá será a nossa mãe" disse Ramiel um dia antes de Beron matar Jesminda na minha frente.

Eu estava farto de tudo que tive que ouvir calado durante anos. Cansado de tudo e todos me dizerem o que eu sou e quem sou. Posso não ser digno de nada nem mesmo de estar vivo mas nunca mais deixarei alguém me dizer isso.

Ramiel havia tentado desviar quando viu minha expressão de frieza mas não deu certo. Passei a atacá-lo consequentemente sem dar chances para o mesmo escapar deixando rastros de fogo nas árvores. Eu iria matá-lo, mas não senti nada ao pensar na possibilidade. Minhas mãos e a parte dos pulsos na parte interna passaram a se ferir, mas não parei pois não me importava com a dor afinal já aguentei coisas piores.

Ouvi pela primeira vez Ramiel pedir para que eu parasse mas eu não o escutava.

Até que vi algo incomum e senti um impulso estranho que percorreu todo o meu corpo. Era como se algo me soltasse e imediatamente luz saiu de minhas mãos liberando com mais força. Foi apenas um raio curto e rápido mas fez Ramiel parar de gritar de dor.

Meus olhos lacrimejavam e as pernas passaram a tremer, e eu parei. Minha respiração estava escassa e o coração acelerado.

Ramiel ainda estava vivo e quando recuperou a consciência e fez menção de se afastar dei um passo e aquela raiva havia voltado. Foi quando Lua entrou na minha frente, seus olhos estavam assustados e vi suas bochechas molhadas, o que significava que ela havia chorado. Vi também que ela estava tremendo.

- Por favor... Pare. - disse com a voz trêmula.

Foi quando minha ficha havia caído.

Lua era empata e durante todo esse tempo ela sentiu os sentimentos de perto, mas em forma de dor. Eu fiz ela sentir dor.

Abaixei as mãos e encarei o chão me sentindo um inútil por não conseguir protegê-la de novo. Logo senti aquelas mãos pequenas tocar meu rosto me forçando a encará-la.

- Vamos embora. - sua voz era doce e baixa.

Não me importava se Ramiel estava ferido ou não ou se em breve esse lugar estivesse rodeado de sentinelas. Pois havia destruído grande parte desse lugar. As árvores estavam em chamas e caídas, a grama também não estava diferente.

Mas a única coisa que eu me importava, o motivo de minha insônia e angustia mas ao mesmo tempo motivo de meus sorrisos recentes, minha real parceira. Me pergunto o quão sortudo eu era por ter ela aqui, ao meu lado e me olhando com aqueles lindos olhos azuis implorando silenciosamente para sair daqui. Apenas aceitei seu pedido e ela me abraçou me surpreendendo e retribui não ligando para minhas mãos machucadas, aproximei seu corpo ao meu e inspirei seu cheiro doce que podia reconhecer de qualquer lugar e assim atravessamos.

✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarWo Geschichten leben. Entdecke jetzt