𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 64

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒶

O clarão que me cobriu havia desaparecido e com ele veio uma brisa chocar meu rosto, abri os olhos e me vi em um campo de tulipas amarelas e brancas. Aquele cheiro de recém desabrochadas era familiar. Tinha o mesmo cheiro que Vyridian, minha antiga casa.

Olhei em volta admirada com aquilo. As árvores eram grandes que poderiam chegar as nuvem, havia barulhos e grunhidos de animais da floresta. Se ouvia várias cantigas de pássaros diferentes ao colorirem o céu azul.

Um paraíso, era onde me encontrava.

Inspirar aquele ar era um aroma novo assim como aquele lugar, novo.

- Lua.

Eu conhecia aquela voz, mas quando me virei, custei acreditar. Eram meus pais, aqueles que vi morrer na minha frente no dia do meu casamento.

Eles tinham os mesmos rostos que eu me lembrava. As mesmas rugas e o mesmo sorriso que estava direcionado para mim.

Não aguentei e corri até eles e me afundei em seus braços.

- Ah, meu bem. - minha mãe me abraçava tão forte que me fez chorar mais ainda contra seu peito.

- Senti tanta falta de vocês. - digo em meio a soluços consecutivos.

- Nós também. - meu pai acariciava meu cabelo.

Por um instante esqueci que estava morta. Por um instante esqueci o que meus pais haviam feito para que isso virasse a minha morte.

Mas não consegui conter aquela alegria em vê-los mesmo decepcionada.

Quando mais nova era dependente deles, era a princesinha deles e quando fui tirada a força daquele conforto foi como se tirasse um pedacinho de mim e isso eu não podia esconder. Eu senti falta deles a cada dia que passei sozinha naquela cela imunda.

- É verdade?

Foi o que eu consegui perguntar mesmo não sabendo se eles sabiam ou não do que eu estava falando.

- É. Infelizmente, é Lua. - meu pai respondeu e pude jurar perceber minha mãe estremecer a minha volta. - Éramos ignorantes e achamos que não teria consequência. Mas tivemos, muitas consequências.

- Nos perdoe, filha. Você não merecia passar por aquilo, quem deveria estar em seu lugar éramos nós. - ela se afastou para me olhar.

Realmente, eu não precisava passar por aquilo. Eu não deveria estar aqui, mas aconteceu. Me lembrei do que os ovos me disseram antes, que meu caminho já estava traçado e que isso aconteceria de qualquer forma.

Porém foram 3 anos de tortura psicológica e sexual. E eu tinha apenas 16 anos.

- Se eu pudesse... - começou meu pai.

- Mas não pôde. - simplesmente respondi.

Eles apenas se arrependeram a poucos segundos da morte, apenas ali eles pediram perdão a ela. Mas sei que não foi por realmente se sentirem culpados, mas porque quem estava no poder era Lilith.

- Nos perdoa? - minha mãe perguntou apertando um pouco a minha mão.

- Não é a mim que devem pedir o perdão, e sabem disso.

Eles se entreolharam culpados e nervosos. Mas meu pai se pronunciou primeiro.

- Nós vamos.

- Então acho que já deveriam ir.

𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarWhere stories live. Discover now