𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 60

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒶

Quando seus olhos sem vida focaram em mim, Renzel segurou meu braço e me jogou longe. Choquei contra alguém e meu corpo gritou quando senti o impacto.

Só percebi quem era pelo sussurro das sombras. Azriel pareceu que tinha acabado de chegar no acampamento quando eu estava em cima de suas asas. Mas não tive muito tempo para sequer me levantar, pois Renzel já estava atrás de nós e me puxou pelo tornozelo com força que senti que ele iria torcê-lo apenas com uma mão.

Foi tudo rápido demais. 

Azriel rapidamente passou a atacá-lo, mas Renzel estava impossível, como se aquele Rirts tivesse acrescentado poder ao illyriano, uma vez que conseguiu facilmente deixar Azriel no chão mesmo me segurando.

Eu estava sendo arrastada e sentia minhas costas doerem ao sentir os pedregulhos furar minha pele. Concentrei meu poder e joguei em sua mão que pareceu afetá-lo pois o mesmo me soltou. Toda aquela cena foi suficiente para chamar a atenção de todo o acampamento. Renzel olhava para a mão que agora parecia queimada e depois me encarou com ódio.

Quando ele passou a vir na minha direção formei meu chicote e passei a atacá-lo. Eu não queria matar ele, apenas precisava que Renzel ficasse parado ou até mesmo inconsciente, porém isso não estava sendo possível no momento. Ele parecia um pouco imune ao meu poder, entretanto quando vi um feixe escuro passou diante de meus olhos, demorei para associar que era Rhys. Os outros Grãos-Senhores também estavam ao meu lado.

- Mantenham ele parado. - digo percebendo o olhar de cada um deles para mim. Mas ignorei, não tinha tempo para me lamentar e dizer que aquilo não era obra minha.

Assim foi feito, cada um criou cordas e maneiras de mantê-lo no mesmo lugar. Renzel parecia um animal indomável com os olhos totalmente sem vida.

Tive que ser muito rápida. Consegui estar montada em seus ombros enquanto ele tentava se soltar dos Grãos-Senhores.

O que eu iria fazer nunca tinha testado nenhuma vez, porém sabia como fazer. Pressionei minhas mãos nas suas têmporas e uma onda fria percorreu em cada veia de meus braços enquanto as tatuagens cintilavam cegando qualquer um.

Fechei os olhos para me concentrar nos sentimentos de Renzel. Senti ódio e remorso, porém sequências de imagem passaram na minha cabeça. Suas lembranças.

Uma mulher loira sorria e brincava com ele, depois outra imagem quando a mesma mulher havia morrido na frente dele, mais outra, ele viu o pai arrancar as asas de sua irmã porém aparentemente ele não fez da maneira correta que levou a garota à morte. Mas uma me chamou atenção, Renzel matava e esfaqueava o próprio pai, ele deveria estar em sua adolescência pela aparência sangrenta.

Eu sentia cada sentimento e seus traumas como se fossem meus. Mas aí encontrei algo diferente, vi uma banheira de sangue e passei a ir até ela. Até que quando encarei quem estava ali, tentei sair o mais rápido da mente de Renzel. Era eu, sem a cor clara do meu cabelo, sem nenhuma tatuagem e a pele escura estava manchada do meu próprio sangue.

Queria correr dali mas aquele corpo que deveria estar morto, conseguiu me segurar e colocar minha cabeça dentro da banheira, ela estava querendo me afogar no meu próprio sangue. Eu me mexia desesperada até conseguir jogar aquela pessoa longe. Com isso, a banheira desapareceu e qualquer névoa nas lembranças de Renzel havia desaparecido. Então consegui voltar ao meu presente.

Renzel pareceu acordar de um pesadelo e desabou. Eu obviamente cai no chão também, mas não consegui sequer assimilar as coisas à minha frente, pois meu peito doía demais por ter entrado nos sentimentos de Renzel.

𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarWhere stories live. Discover now