Capítulo 02

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Lídia...

— O que acha que há nesse túnel? — Perguntei ao lobo atrás de mim.

Felipe afirmava não estar com medo de entrar ali sozinho, mas eu não estava convencida disso; apesar da situação irônica, sendo ele um supremo beta, eu me divertia com aquilo.

Sei lá, mas pelo cheiro acho que algo morreu. — Disse ele, com seu corpo curvado e suas enormes patas cobrindo os olhos.

— Vamos até lá. — Fiz menção de caminhar, mas senti o lobo segurar minha perna com suas patas pesadas e fofinhas.

Ir até lá? Quer dizer entrar lá dentro?

— Sim. — Encarei aquela montanha de pelos. — Precisamos descobrir o que há lá dentro.

— Mas... — Uma de suas orelhas se ergueu. — Não está ouvindo os gritos?

— Eu não ouço nada, a não ser os mosquitos. — Respondi. Realmente não ouvia nada.

Antes que Felipe pudesse dizer alguma coisa, um rosnado surgiu de dentro do túnel. Todos os potes de vidro com líquidos de cores diferentes, cobertos por uma fumaça tão branca quanto um véu, se explodiram. Parecia que a coisa que rosnou estava dentro de uma gaiola, pois o barulho de ferros tremendo violentamente era o mais alto ali.

Isso não me trazia boas lembranças.

Aquele rosnado era bem familiar, assim como o barulho insistente de ferros tremendo a ponto de ceder.

Lídia, qual era o nome do monstro do abismo que deveria estar morto? — Felipe perguntou. Pelo que via, aquilo não trazia recordações só para mim.

Eu adoraria estar errada.

— É...

Parei de falar quando ouvi alguém puxar uma alavanca e acender todas as luzes; logo o túnel estava bem iluminado e só aí percebi que estávamos no centro de uma grande sala cheia de gaiolas, que, para meu desespero, estavam abertas.

— O nome é Dassa. — Alguém respondeu.

Não via ninguém. Foi então que vi Felipe olhar fixamente para o teto, segui seu olhar e gritei bem alto quando vi a aberração que me respondeu. Era Vanessa com sua real aparência, seus olhos vermelhos como sangue estavam arregalados olhando para mim; ela estava com os cascos enfiados no teto, de ponta cabeça, seu cabelo negro cobria umas coisas afiadas que ficavam em sua cabeça. No centro de seu rosto, a cicatriz que Lucian a causou se enchia de moscas.

Seu corpo parecia estar apodrecendo.

Fique atrás de mim. — Felipe ficou à minha frente.

— Ainda não é hora para se alterar, lobisomem. — Disse Vanessa.

Um portal se abriu e duas criaturas, metade cavalo e metade homem, arrastavam as criaturas criadas com DNA de sobrenaturais para dentro; não consegui ver como eram suas aparências, pois seus rostos estavam cobertos com um capuz negro, que deixava claro que agora eles pertenciam à  sombra, aquela era sua marca.

— Até breve, diga à minha amiga Aurora que estou com saudades. — Vanessa girou nos ares e caiu de pé na entrada do portal; logo ela e seus servos sumiram como fumaça.

A energia negativa que emanava daquilo me deixava fraca.

O som ensurdecedor de algo se chocando com o chão me fez despertar. Não deu tempo de me virar e ver do que se tratava, pois só senti Felipe me cobrir com seu corpo; logo estávamos rolando pelo chão, mas paramos graças a uma pilha de mesas e cadeiras quebradas. Eu não havia me machucado, mas o lobo de Felipe ganhou alguns ferimentos pelo corpo que, tão rápido, se curaram.

Lobos- A Batalha Final| Livro 03| ConcluídoWhere stories live. Discover now