Lobos- A Batalha Final| Livro 03| Concluído

Capítulo 35

Aurora…

— O que é isso, Aurora? — Pérola, que estava ao volante, perguntou ao me ver jogar Briana no banco de trás.

O veículo era espaçoso o bastante para acomodar ela, Gisele, Lídia, Laura, eu, Abner, Gael e mais três pessoas.

— Adivinha quem trancou nossos lobos no escritório e decidiu se despir na frente deles? — Indaguei, fechando a porta do carro ao entrar e me sentar ao lado dela.

Pérola acelerou assim que as criaturas começaram a nos seguir.

— Você está brincando? — Gisele, Pérola e Lídia exclamaram em uníssono, lançando olhares furiosos para a garota ensanguentada e com os olhos arregalados no último assento.

— Excelente ideia, Briana. — Laura lançou um olhar rápido e fez uma careta de desgosto ao ver o sangue que cobria o corpo da garota suja de terra, que eu havia arrastado até ali.

— Vamos eliminar essa aproveitadora? — Lídia questionou, cerrando os punhos.

— Ainda não. — Respondi.

Eu tinha planos interessantes para o futuro de Briana.

— Peço essa honra, prima. — Pérola falou, dividindo sua atenção entre mim e a estrada.

— Eu também quero. — Gisele se manifestou.

— Todas teremos nossa chance, meninas. — Assegurei.

Avistei Dante, os betas, Eros, James, o criado de Briana e o delegado, que agora eram nossos prisioneiros, embarcando em um segundo carro e nos seguindo rapidamente.

Nossos guardas e os cavalos foram os únicos que conseguimos enviar para o local seguro antes da fuga. A batalha ainda não havia começado e eu não queria perder ninguém; cada vida era preciosa para mim.

Lucian estava sozinho em um terceiro carro. Nos encontraríamos mais à frente e, juntos, despistaríamos o falso Noah montado em um cavalo zumbi e suas criaturas ávidas por infectar alguém. Ele queria nos desestabilizar, sabendo que a família era nosso bem mais valioso. Eliminar qualquer um dos nossos seria uma grande vantagem para sombra, mas isso não aconteceria.

— Apertem os cintos. — Pérola acelerou ainda mais, enquanto algumas criaturas se chocavam contra os carros e eram esmagadas logo em seguida.

Aquelas criaturas possuíam DNA de vários seres sobrenaturais. Embora morressem quando atropeladas, elas ressuscitavam e retomavam a perseguição.

“Não morrem facilmente.”

“Anotado.”

— Eles são muitos; posso usar magia para atrasá-los. — Sugeriu Lídia.

— Isso exigiria abrir as janelas. Eles são rápidos, e o risco é alto — Ponderou Gisele.

— É exatamente isso que eles querem, um erro nosso. — Alertou Laura.

— Não vou arriscar a vida de ninguém; ainda não é hora da batalha. Hoje, o plano é apenas fugir. — Declarei.

Não colocaria minha família em combate ainda; seria imprudente enfrentar essas criaturas sem saber como eliminá-las permanentemente.

Primeiro, conheça seu inimigo, depois vá à guerra.

— Aparecer nua diante de lobos comprometidos parece uma tática radical demais para um suicídio. — Comentou Gael, em sua forma felina, para Briana, que apenas o encarou com ódio.

Ele ajeitava o banco do carro com suas patinhas, preparando-se para deitar.

— Se jogar da ponte resultaria em uma morte mais rápida — observou Abner — Ainda bem que não sou você; esse corte no seu pescoço é insignificante comparado ao que está por vir. — Disse ele, limpando os chifres com lenços perfumados e falando despreocupadamente.

Gael e Abner zombavam de Briana para passar o tempo.

As criaturas continuavam em nossa perseguição.

A estrada escura, iluminada apenas pelos faróis, tornava-se um borrão.

Lucian me esperava em uma curva.

— Agora! — Disse, olhando para minhas primas e Lídia, que uniram as mãos para abrir um portal.

Um pouco mais atrás, criamos uma ilusão com magia para que as criaturas não nos vissem quando abri a janela e saltei, caindo sobre o teto do carro onde Lucian estava.

— Minha rainha. — Disse Lucian, beijando minha mão assim que entrei no carro pela janela e me sentei ao seu lado.

Retribuí com um beijo em seus lábios.

O carro dirigido por Pérola e o outro, por Dante, entraram no portal e desapareceram.

Senti um alívio ao perceber que estariam seguros.

Os carros ilusórios que criamos com magia, fazendo as criaturas acreditar que ainda nos perseguiam, capotaram na estrada e explodiram.

“Isso.”

“Uma morte forjada funcionou.”

Lucian acelerou.

A atenção do falso Noah e suas criaturas estava agora totalmente voltada para mim e meu lobisomem.

Lucian dirigia rapidamente em direção ao rio.

As criaturas tentavam de tudo para entrar no carro, mas sem sucesso.

Ao longe, na estrada abaixo da nossa, avistei o rio; faltava pouco para nosso plano ser completamente bem-sucedido.

Ao meu lado, Noah e seu cavalo zumbi surgiram e colidiram contra o carro, o momento perfeito para Lucian fingir perder o controle e deixar o carro capotar.

Tudo virou um borrão enquanto o carro girava e se chocava contra o solo áspero da ribanceira.

As portas foram arrancadas e, em seguida, os bancos vazios, desprendidos pelo impacto, foram lançados longe.

Olhei para meu lobo quando restava pouco para o carro, destroçado pelo “acidente”, cair no grande rio.

— Para sempre minha.

— Para sempre meu.

Falamos juntos quando a água gelada e abundante nos envolveu.

Ainda consegui ver, de relance, Noah e suas criaturas observando satisfeitos, do topo da ribanceira, o “acidente” que supostamente tirou nossas vidas.

O carro começou a afundar. Lucian soltou primeiro meu cinto de segurança e depois o dele; logo, os dois, juntos, começamos a nadar para longe dali, tomando cuidado para não sermos vistos.

…

Saímos da água rindo como dois loucos.

Usei meu dom para nos curar; foram muitos ferimentos e ossos quebrados na “brincadeira”.

— Foi incrível. — Dissemos juntos, éramos um par perfeito até para os desastres.

— Vamos encontrar nossa família. — Lucian se levantou.

Concordei e tentei me levantar, mas ele me impediu.

— O que está fazendo? — Perguntei, curiosa.

Ele se transformou em seu lobo amaldiçoado e me pegou no colo.

— Não quero que fique cansada. — Disse ele, antes de adentrar a floresta.

Eu não sentia medo da escuridão que nos cercava, pois estava nos braços do ser mais temido de todos, e ele era meu.

…