Capítulo 18

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Caminhávamos olhando adiante, alguns de nós colocaram as mãos nos ouvidos ao nos aproximarmos da velha capela abandonada no cemitério.

Os gritos, as conversas e as lamentações intensificavam-se naquele lugar.

Lucian apressou o grupo, e os cavalos aceleraram, transformando a paisagem circundante em um borrão.

Ao nos aproximarmos dos portões da Cidade dos Corvos, fomos novamente envolvidos pelo odor de carne em decomposição. Noah avançou e posicionou-se à nossa frente.

— Meu rei e rainha — disse ele —, peço que passem a noite em minha fazenda. — Ele observou o entorno, onde pessoas corriam, carregando velas e correntes pesadas para dentro de suas casas e recolhendo seus animais nos currais — Os sinos estão prestes a soar, e em breve a noite trará seus perigos. Não questiono a capacidade de nenhum de vocês, mas sem conhecer o inimigo, será impossível saber como derrotá-lo.

Ele estava certo.

— Ele tem razão, Supremo — Eros interveio — Devemos passar a noite observando como essa entidade age para entendermos com o que estamos lidando.

Lucian olhou para os betas e para Aurora, concordando com a cabeça à sugestão de Noah.

O sino soou uma vez, fazendo-me perceber que havíamos passado o dia viajando, sendo a maior parte dele atravessando aquele cemitério, onde cada passo era mais angustiante que o anterior.

— Vamos, rápido! — Exclamou Laura, a mãe de Lucian.

O sino soou novamente.

Meu coração quase saltou pela boca ao testemunhar o desespero daquelas pessoas.

Vacas, ovelhas e porcos eram apressadamente arrastados por seus donos.

Os sinos soavam incessantemente, como se nos apressassem.

Os cavalos retomaram a corrida, agora pela cidade, com seus habitantes aterrorizados pelo som dos sinos que ressoavam sem parar. Noah liderava com seu filho, mostrando o caminho até sua fazenda. Logo atravessamos os grandes portões de ferro, que foram fechados pelos criados de Noah assim que todos estávamos seguros dentro de sua propriedade.

Os cavalos estavam exaustos. A maioria de nós estava apavorada, mas Lucian… ele parecia não sentir medo algum. Era como se a criatura que assombrava a cidade não o intimidasse. Suspeitei que, se não fosse pelo seu interesse em manter vivos todos os que o acompanhavam, ele teria esperado a criatura do lado de fora dos portões, que eram trancados com grandes cadeados e correntes pesadas, mesmo sem saber o que era essa coisa.

Não me surpreendi, afinal, estávamos falando de Lucian; nada poderia ser pior que ele.

...

A fazenda de Noah era vasta, cercada por altos portões de ferro. Os currais abrigavam vacas e bezerros robustos, enquanto cavalos bem cuidados eram conduzidos por criados para locais seguros. Uma extensa plantação de maçãs e um milharal se estendiam aos fundos e, ao lado da grande casa.

— Sejam bem-vindos. — Disse Noah.

Seu filho, mudo até então, correu para dentro da casa, onde uma senhora o acolheu e o abraçou com força, celebrando sua recuperação.

Ao entrarmos na espaçosa casa de cores branca e laranja, as portas e janelas foram trancadas com pesadas correntes e barras de ferro, assim como nos portões.

— Vocês estão mesmo apavorados. — Observou Aurora, atenta a cada movimento dos criados de Noah.

Uma mulher passou por Lucian e, ao encarar seus olhos dourados, levou um susto, como se estivesse diante do próprio diabo.

Lobos- A Batalha Final| Livro 03| ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora