Lobos- A Batalha Final| Livro 03| Concluído

Capítulo 07

Lyra...

— Vocês ouviram o que eu ouvi ontem à noite? — Falei ao avistar os meninos parados no final das escadas e Lizzie sentada no corrimão — Ou melhor, Vocês entenderam o que eu entendi de tudo aquilo?

Era bem cedo da manhã, os raios de sol já penetravam os grandes vitrais do palácio, e os pássaros cantavam animados na floresta ao redor.

— Mabel, aproveitando a oportunidade para se livrar de você e Lizzie? — Questionou Miguel.

— Exatamente.

— A gente tem que ser mais esperto que ela, com toda a certeza ela ainda não desistiu de fazer isso. — Disse Túlio.

— Ela não quer se livrar só de nós duas, Lyra. — Disse Lizzie enquanto girava sem medo de cair no corrimão — Ela quer se livrar de nós cinco e depois da mamãe, assim como fez com tio Dante. Ela quer poder ficar com o papai e assumir o lugar de luna suprema ao lado dele.

— Não acho que seja isso. Não quero acreditar nessa hipótese. — Disse Theo.

— Não é uma hipótese, passo tempo suficiente observando cada um daqui para saber suas intenções e, além disso — ela parou de girar e virou o rosto em nossa direção — senhorita Treva me disse que viu ela beijando uma foto do papai e cortando com ódio a mamãe do lado dele.

— Quem é senhorita Treva, Lizzie? — Perguntei, ninguém com aquele nome me vinha à mente.

— Minha gata de estimação que encontrei perdida no mundo dos humanos — nesse instante, um gato de pelos negros e olhos avermelhados pulou ao seu lado no corrimão — papai disse que eu poderia ficar com ela.

A olhávamos com atenção.

— Ela disse para sermos mais espertos e astutos que a mulher cobra, porque ela vai lutar no silêncio para se passar por boa moça quando o mundo começar a desabar no palácio. — Lizzie continuou.

— Você entende o que ela fala? Ela não é literalmente um animal? — Perguntou Miguel.

Lizzie o encarou e falou:

— Você é literalmente um animal, irmão?

— Não.

— Senhorita Treva também não, só é tímida para falar com qualquer um. — Ela sorriu enquanto acariciava os pelos do felino que nos olhava com cautela e, estando louca ou não, eu via simpatia em seus olhos.

— Bem, de qualquer forma o gato...

— Gata.

— Sim, que seja. A gata — Dizia Túlio — tem razão. Não podemos nos acomodar com o perigo ao lado.

— Algo me diz que não temos muito tempo, então vamos elaborar um plano. — Disse Theo com os olhos atentos à senhorita Treva; dentre nós, ele era o mais desconfiado.

— Está certo, mas não aqui no palácio — Miguel olhou para os lados e focou a audição em algum lugar — Vamos conversar em outro lugar.

Dois guardas passaram por nós e fizeram uma reverência antes de se dirigirem ao escritório de nosso pai.

Eles pareciam aflitos.

Nos entreolhamos, já prevendo problemas.

☆☆☆

Quando todos no palácio pensaram que suas vidas ganhariam alguns dias de paz graças à morte de um dos inimigos, algo aconteceu. Celina, a simpática companheira de James, um dos fiéis amigos de Lucian, havia sido atacada por alguém que usava uma máscara de corvo. A mulher quase perdeu a vida tentando salvar sua filha Denise, que estava na floresta quando tudo aconteceu. Em meio aos delírios causados pelo trauma de ver aquele ser de perto, Celina não parava de repetir: "Vocês têm que ir para onde os corvos habitam", "Os corvos", "Eles estão chegando", "Têm que ir rápido".