Capítulo 30

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Aurora…

Quando chegamos à delegacia, encontramos a porta da frente destruída e nenhum sinal de vida. Papéis e móveis estavam espalhados por todos os lados.

As dores em meu corpo eram insuportáveis, e eu me sentia doente. O desejo por sangue consumia meus pensamentos, era tudo o que eu queria e, ao mesmo tempo, o que mais temia.

No fundo, eu já sabia o que aquilo significava: estava perdendo o controle sobre mim mesma.

— Se ele tivesse ido quando eu o chamei, não teria passado por essas horas de terror. — Gisele comentou, referindo-se ao momento em que convidou o delegado para se juntar a nós, e ele recusou.

A desordem no local evidenciava momentos de desespero e aflição.

— Será que tem alguém vivo aqui? — perguntou Eros.

— É provável que não. — Respondeu Romeu.

Os dois se afastaram para procurar sobreviventes.

Eu estava fria, indiferente ao que havia acontecido e se havia alguém vivo.

Pela primeira vez, senti medo de mim mesma.

— Aurora. — Gisele tocou meu ombro.

Olhei-a de soslaio e quase cedi ao impulso de atacá-la. Seus batimentos cardíacos me faziam ansiar pelo sangue em suas artérias.

— Gisele, não me toque, por favor. — Apertei os punhos.

Não queria ferir ninguém, mas era tudo o que meu ser desejava.

— O que você…

— Vou buscar os arquivos que procuro, estão no segundo andar. — Interrompi-a friamente.

— Aurora, pessoas podem ter morrido aqui, e se houver algum sobrevivente, ele pode precisar de nossa ajuda. — Gisele falou com cautela, observando-me pensativa.

— Uma pena que não fui eu quem os matou; adoraria sentir o gosto do sangue e ouvir seus gritos. — Meus olhos devem ter se arregalado e mudado de cor, pois Gisele recuou.

Senti uma pontada de dor na alma, mas a ignorei e subi as escadas.

Mate todos, tríbida.”

“Você pode.”

Uma voz maldita ecoava em minha cabeça.

— Cala a boca. — A raiva crescia descontroladamente dentro de mim.

Alguém me ajude, por favor.”

“Estou com medo.”

“E sozinha.”

Minha alma suplicava.

Cheguei à sala onde os arquivos eram guardados e rapidamente encontrei o que buscava.

Um ruído vindo de um dos armários chamou minha atenção. Aproximei-me e o abri.

O recepcionista da delegacia, com cabelos lisos trançados, caiu no chão e gritou em desespero.

Cobri sua boca e, ao me reconhecer, ele se acalmou.

— A criatura invadiu aqui e matou todos, por favor, me ajude. — Ele falou assustado, com o coração acelerado.

Lágrimas brotaram em seus olhos.

— Deveria temer mais coisas além da criatura. — Inclinei a cabeça, apreciando o som do sangue circulando pelo corpo dele.

Lobos- A Batalha Final| Livro 03| ConcluídoWhere stories live. Discover now