Capítulo- 04

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Lídia...

O chão se abriu por completo, fui puxada para baixo com tanta força que já começava a perder a noção das coisas. De uma coisa eu tinha certeza: tudo aquilo era real. As dores que eu sentia enquanto meu corpo batia nas paredes de metal frio e os gritos de Gisele, que se misturavam com os meus, além dos uivos dos betas, me faziam ter a infeliz certeza da minha realidade.

Achei que aquilo não teria fim. Sentia que estava descendo por um tobogã. Meu corpo parou quando se chocou brutalmente com o chão. Ainda sentia o gosto ruim de sangue descendo pela minha garganta quando ouvi alguém falar:

___ Será que ela é humana? Não dá para saber, a menos que ela faça algo que prove o contrário.

— Olha, mamãe, ela parece uma  princesa.

De forma lenta, ergui a cabeça até encontrar uma multidão de humanos fantasiados de lobos e outras dezenas de espécies me encarando, como se eu tivesse acabado de chegar de outro planeta. Com certeza, eram os mesmos que vi através do celular de Dalton.

Ouvi o elevador se abrir.

— Que bom que chegaram para a festa, bando de traidores - Henry falou, aproximando-se de mim ao lado de Dalton, que trazia em suas mãos grandes armas - Ah, bruxinha ruiva, desculpe por não tê-la trazido junto no elevador. É que mais lindo que o som de seu sorriso é o barulho de seus ossos se quebrando. - Um sorriso satisfeito surgiu no canto de sua boca quando ele percebeu que meu tornozelo estava quebrado e que eu não poderia me curar com facilidade como os lobos - A diversão está só começando.

Um grito escapou de mim quando Henry chutou com força minha barriga.

Com os olhos cheios de lágrimas pela dor e pela raiva, olhei para o lado e vi que estava sozinha com os humanos. Ninguém da minha família estava ali comigo. Leonard deixou claro que tinha planos diferentes para cada um de nós, e para isso, contava com a ajuda de seus comparsas.

— Monstro!

— Você é um infeliz! Como se atreve a bater em uma menina? - Um humano cheio de rugas por conta de sua idade avançada e com uma máscara de lobo no rosto tentou se aproximar de mim, mas Dalton, sem pensar duas vezes, apertou o gatilho da arma que segurava, matando o humano com um tiro no peito.

Fechei os olhos com força quando senti o sangue do pobre humano pingar em meu rosto. Dentro de mim, o sentimento de culpa me consumia. Não conseguia pensar em nada. Era como se Dalton tivesse acabado de atirar em uma criança, pois, mesmo com muitas rugas pelo corpo alertando que a velhice chegou, os humanos eram como crianças se comparados com os milênios de cada criatura sobrenatural.

— O primeiro idiota do dia a morrer. Quem vai ser o próximo? - Dalton mirou a arma para o resto do grupo de humanos apavorados pela cena.

Seus rostos aflitos, com medo de serem os próximos a levar um tiro, me fizeram reagir.

— Você vai morrer. Vai pagar por isso. - Guiada pela ira, suportei toda a dor latejante que sentia em meu tornozelo e fiquei de pé - Solte a arma, humano, e lute como um homem.

Sentia muita dor, mas não pensava em recuar.

— Achei linda essa sua cena de bravura, Lídia. Fiquei até emocionado - A voz de Leonard ecoou por cada canto daquele lugar - Mas que tal jogarmos um jogo?

Olhei para os lados para procurá-lo, mas não o encontrei.

— Regras do jogo.

Os rostos aflitos dos humanos, segurando com as mãos trêmulas os cartazes a nosso favor, tornaram-se grandes borrões à medida que eu olhava rapidamente para cada canto, tentando encontrar o rosto de Leonard.

Lobos- A Batalha Final| Livro 03| ConcluídoKde žijí příběhy. Začni objevovat