Capítulo 14

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Lyra…

Quando o sol despontou na manhã seguinte, chegamos ao castelo das fadas. O ônibus avançava lentamente pela estrada envolta em névoa, e o calor aconchegante do veículo impedia que sentíssemos o frio cortante do exterior, mas era claro que o ambiente lá fora era gélido, trazendo uma sensação de tristeza e alerta, como se a qualquer momento um predador pudesse surgir.

" Ao chegar naquele castelo, não confie em ninguém que já esteja lá."

As palavras de Dimas ressoaram em minha mente como um aviso quando o ônibus estacionou diante do grande portão de ferro do castelo.

Descíamos em fila os pequenos degraus do ônibus; eu era a última. A brisa calma e fria colidiu com minha pele. Ao final dos degraus, os guardas nos aguardavam, alinhados um ao lado do outro, desde os portões até o castelo.

Dimas não estava ali. Perguntei-me onde ele poderia estar.

"Será que está voando por aí?"

Iniciamos a caminhada pela extensa ponte de paralelepípedo que conduzia à entrada do castelo, construído com pedras rústicas, onde Mabel já nos esperava no topo da escadaria.

Ela parecia diferente.

A floresta ao redor do castelo sussurrava em desespero, implorando para que déssemos meia-volta e partíssemos.

— Sejam bem-vindos ao castelo das fadas, pequenas criaturas. — Disse Mabel, assim que paramos ao pé da escada onde ela se encontrava.

Ninguém proferiu uma palavra. Um silêncio sepulcral tomou conta do lugar.

Pássaros sobrevoavam o castelo em completo silêncio; apenas o som de suas asas podia ser ouvido.

A floresta estava desprovida de qualquer matiz verdejante, exibindo apenas árvores com folhas secas que caíam a cada sopro do vento.

Não se ouvia o som de animais; parecia que eles haviam se distanciado bastante dali.

Não havia sol.

Somente um céu nublado, cinzento, frio e sem vida.

Era como se cada canto daquele lugar estivesse aprisionado em uma tristeza que o consumia lentamente há milênios.

— Antes que prossigam para seus aposentos, comunicarei as regras. — Ela prosseguiu — A primeira é que, ao cair do crepúsculo, todos devem estar em seus aposentos e não sair por nenhum motivo durante a noite; a segunda é não atacar nossos convidados…

"Convidados?"

"Eu ouvi bem?"

— Quais convidados? — Miguel interrompeu, expressando a dúvida que todos compartilhavam — Neste castelo, somente nossa presença foi autorizada por meu pai.

— Houve algumas mudanças. No mundo humano, guerras por poder eclodem novamente, assim como aqui. Então, para agradecer pela ajuda que eles nos deram ao protestar a nosso favor, decidi que as crianças humanas também poderão ficar aqui com vocês. Afinal, vocês são o futuro para que todas as raças continuem existindo.

— Você perdeu o juízo? Este lugar está repleto de jovens que ainda não têm total controle de seus poderes. Está querendo transformar este lugar em um mar de sangue e morte? — Conrado, a quem eu ainda não me acostumara a chamar de tio, opinou.

— Como rainha, tenho todo o direito de impor mudanças e regras. — Mabel disse, alisando o vestido preto que vestia.

— Rainha? Só há uma rainha, e é minha mãe. — A desafiei — E você quebrou uma regra do acordo que meu pai fez com o mundo humano. Isso terá graves consequências para você.

Lobos- A Batalha Final| Livro 03| ConcluídoWhere stories live. Discover now