Capítulo 22

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Lyra…

— Enviou a carta? — Lizzie perguntou, observando pela janela nossos irmãos e os outros garotos que jogavam lacrosse no castelo.

Era uma gritaria só, principalmente das garotas tentando chamar a atenção dos filhos dos alfas para se tornarem importantes — todas sem personalidade própria.

— Sim. Acredito que ainda hoje o dragão mágico que mamãe criou para nos enviar notícias levará nossa carta a ela.

Após a derrota de Mabel, o castelo se encheu de vida; aquela mulher nunca fez bem a ninguém, não é à toa que vivia isolada na floresta antes de conhecer tio Dante.

— Estou com medo. — Lizzie falou.

Estava concentrada no desenho, mas ergui a cabeça para olhar minha irmã mais nova. Era a primeira vez que a ouvia falar assim.

— Do que você está com medo? — Deixei meu caderno sobre a cama e caminhei até a garotinha de cabelos brancos na altura do pescoço.

— Eu tive um sonho estranho.

Virei-a para mim e só então percebi que ela chorava.

— Como foi? — Limpei as lágrimas que escorriam de seus olhos dourados.

— Uma criatura me pegou, tinha um cheiro horrível. Ela me arrastou pela floresta e disse que não descansaria até me matar porque sou filha da lenda e herdeira de uma habilidade que ela deseja.

— Habilidade que ela deseja?

— A criatura tinha uma voz muito grave, mas entendi claramente quando disse que queria meu dom de causar dor. — Lizzie suspirou, exausta.

Meu coração se apertou.

— Lembra de mais alguma coisa? — Perguntei.

Ela assentiu e falou com a voz embargada:

— Eu estava prestes a ser morta por esse monstro quando papai apareceu, furioso, transformado no lobo amaldiçoado, e estraçalhou a criatura sem esforço ao perceber que ela me feriu. A criatura parecia ter um medo descomunal dele.

— Viu só, nada vai acontecer. — Falei, tentando tranquilizá-la.

Lyra. — Ela sussurrou meu nome.

Encarei-a.

— Mamãe não estava com ele.

— Não estava? — Franzi o cenho.

Lizzie negou com a cabeça.

— Havia uma mulher diferente; papai não a via, ninguém via, só eu. Ela não parava de dizer que mamãe está doente.

— Mamãe tem o dom da cura; ela não pode estar doente. Foi só um pesadelo. — Falei, tentando acreditar em minhas próprias palavras.

— Não sei se foi só um pesadelo.

No fundo, mesmo desejando que fosse apenas um pesadelo, temia que algo ruim acontecesse, algo que eu não pudesse evitar.

— Aposto que sim. — Sorri levemente. Lizzie certamente percebeu que eu tentava distraí-la para que não pensasse mais nisso, pois eu não sorria sem motivo. Mesmo assim, continuei no papel; não queria ver minha irmã aflita— Vamos até a cozinha. Alma fez uma torta de limão, e eu sei que você adora.

Ela assentiu e eu a peguei pela mão para irmos juntas até Alma.

Lizzie permaneceu em silêncio enquanto caminhávamos até a cozinha. O castelo, apesar de ter se tornado um lugar melhor, ainda era sombrio e estranhamente frio. Nas paredes de pedra bruta, centenas de fadas estavam desenhadas em cada centímetro.

Lobos- A Batalha Final| Livro 03| ConcluídoWhere stories live. Discover now