Capítulo 08- Temos um visitante

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— Mesmo odiando dizer isso, o conselho está certo— Disse Miguel quando contei sobre a ideia do conselho querer juntar todas as crianças do reino no castelo das fadas- No reino, há muitos que não conseguem se defender dos valentões da escola; imagina de um servo de sombra ou a própria. Realmente, estando todos juntos, os mais fortes poderão defender os mais fracos.

— E até ajudar a treiná-los, caso necessário. — Foi a vez de Túlio falar.

— Senhorita Treva disse que o castelo ao norte é assombrado e que bruxas já foram queimadas vivas lá há muitos séculos atrás. — Disse Lizzie, observando a gatinha de estimação tentar fugir de Gael a todo custo, com arranhões e até mordidas.

Era uma cena épica. Gael estava fascinado pela felina e disse que tinha certeza de que ela não era só um gato qualquer, ela era como ele.

Eu não duvidava, mas não iria obrigá-la a se revelar se não quisesse, pelo menos não se necessário.

— Não dê ouvidos a alguém que vivia entre os humanos. — Theo, o único que ainda não aceitava senhorita Treva, interveio.

— Fica na sua, ela é muito sábia.

— Não é não...

— Ei! Vamos parar com a discussão e focar no assunto. — Lucian chamou a atenção dos dois.

Sorri quando vi meus filhotes se desafiarem com olhares. Aquela cena era mais fofa do que aterrorizante para mim.

— Eu concordo com a opinião de Miguel e se realmente tivermos que ir para o castelo ao norte, não iremos nos opor. — Disse Lyra.

— Não sei se deixar as crianças afastadas de casa é uma boa ideia. Já me basta a saudade que tenho do meu menino Dante, agora terei que suportar mais essa? — Disse Alma com a voz embargada.

Ouvi uma risada abafada, mas não olhei de quem pertencia.

Meu coração também estava aflito, como o de todos ali. Não queria que meus filhos se afastassem de mim, mas se isso for a única forma de salvá-los de sombra, então eu terei que aceitar.

Uma mãe faz qualquer coisa para salvar seu filho.

— Não fique assim, Alma. Você poderá nos visitar. — Disse Lizzie.

— Não, não pode. Isso só irá me atrapalhar! — Mabel, que até então estava quieta, sentada em uma das cadeiras da mesa, falou de imediato, fazendo todos a olharem.

Sem esforço, minha mente entendeu de quem pertencia aquela risada. Mabel não gostava quando o nome de Dante era mencionado, mas ali se tornaria algo impossível de não fazer, já que somos a família dele.

— Atrapalhar como, Mabel? — Lucian a olhou como quem diz "ainda temos uma conversa pendente".

— Bem, Lucian. O castelo será coberto por barreiras de magia, depois que já estivermos lá, ninguém entra — seus olhos vagaram até Alma e Laura — e ninguém sai até todo o perigo do lado de fora ter acabado.

— Isso é seguro? — Laura perguntou.

— Aqui fora nada é seguro. Mas lá dentro as crianças estarão em boas mãos. — Mabel respondeu e colocou sua língua de serpente para fora.

Meus filhos se entreolharam como se estivessem planejando algo somente com o olhar.

Tinha algo em Mabel que estava me incomodando. Se Abner, Gael e os bruxos da minha família não fossem junto a eles para esse lugar, eu não permitiria que meus filhotes ficassem em seus cuidados.

Balancei a cabeça antes que qualquer pensamento negativo surgisse.

— Bem, eu tenho um compromisso agora.  — Disse eu, pegando meu casaco de pele que estava jogado sobre a mesa onde nos reunimos para o chá da tarde.

Lobos- A Batalha Final| Livro 03| ConcluídoWhere stories live. Discover now