Capítulo 27

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Quando chegamos ao quarto dos Supremos, Laura bateu à porta uma vez e logo ouvimos a voz de Lucian nos mandando entrar.

— Como estão nossos novos integrantes do reino? — Perguntou Aurora ao nos ver. Ela estava de pé ao lado de Lucian, que observava alguns arquivos sobre a mesa.

— Estão se enturmando. — Respondi, engolindo em seco e afastando a ideia de ter visto um fantasma e o ter ouvido falar coisas mais assustadoras do que sua própria presença.

— O que estão lendo? — Laura se aproximou da mesa.

— Algo curioso sobre esta cidade. — Respondeu Lucian.

— E o que é? — Indaguei, movida pela curiosidade.

— Eu acredito que essa criatura não atormenta esta cidade há milênios; não há nenhum registro de aparições sobre ela e muito menos menção a um rei sem rosto. É como se eles não existissem há tanto tempo assim, como nos contaram — Aurora começou a explicar — e pelo que observei hoje, analisando os cadáveres das vítimas mortas por ela, essa entidade faz parte de um ritual para se estabelecer neste mundo de forma permanente. Os corpos estavam desprovidos de partes vitais e específicas; todos eles tiveram pulmões, coração e olhos arrancados.

— No livro de magia proibida, banido pelo Conselho, havia algo semelhante. Pelo visto, alguém se lembrou da existência desse feitiço. — Comentei, rememorando as histórias que ouvia na escola.

— Essa história me é familiar.— Observou Laura.

— Tem razão, mãe — concordou Lucian — e já chegamos a uma conclusão.

— Qual? — Perguntei.

— Suspeitamos que o tal rei possa ser Vanessa — Aurora espalhou algumas folhas com trechos circulados em vermelho sobre a mesa — aqui diz que esta cidade foi abandonada e condenada a viver nas sombras quando uma bruxa assassinou sua própria família e deu à luz três filhas do cunhado. Essa é a história de  Sombra, que minha mãe me contou quando fui assassinada no dia em que me casei com Lucian.

— O tal rei não se revelou desde que chegamos aqui, pois não quer que ninguém conheça seu rosto, mas ele irá a uma grande festa onde corpos serão lançados na fogueira para aplacar o tal deus corvo, que, na verdade, também pode ser Sombra. — Explicou Lucian.

— O delegado e Noah nos informaram que essa festa é uma tradição aqui, mas não encontramos nada registrado sobre isso nos arquivos desde a fundação da cidade. — Acrescentou Aurora.

Os Supremos eram uma dupla excepcional em todas as questões, inclusive em juntar as peças de um quebra-cabeça.

— O milênio se completou, Sombra não conseguiu de forma alguma capturar os gêmeos para o sacrifício, mas, de repente, somos atraídos para uma cidade de fanáticos. Corpos serão lançados em uma grande fogueira e há uma criatura que surge sempre às seis horas da tarde. Sombra está atacando em silêncio, e a tal festa é, na verdade, o dia da grande guerra comigo, como estava previsto. — Aurora tocou levemente na mesa, como se tivesse conectado os pontos.

— Alguém já se perguntou como são as criaturas que deram certo, criadas por Sombra e pelo governo quando estavam do mesmo lado? — Lucian levantou-se da cadeira e caminhou até a grande janela, de onde se podia ver claramente os novos integrantes do reino reunidos para o jantar na varanda — aqui estão todos eles, seres manipuláveis criados a partir do DNA de sobrenaturais.

— Mas Sombra ainda não se firmou neste mundo; o número de mortos não é suficiente. Ela está contando com a ajuda de alguém para conseguir o que deseja.

Lobos- A Batalha Final| Livro 03| ConcluídoWhere stories live. Discover now