4. A impotência de uma humana perante deus

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A água cada vez mais fria me fazia tremer e nem percebi que já estava em meu pescoço, esperei que estive completamente emersa e comecei a me mover lentamente sentindo minhas pernas fazerem um trabalho mais pesado sempre ficando com a cabeça na superfície assim eu poderia respirar sem me desesperar, a água começou a subir mais rápido e eu não via o céu sobre o véu do oceano, meu coração acelerou e por um minuto recordei do meu pai e de seus ensinamentos.

"Sempre use os elementos ao seu favor"

Enquanto me debatia minha mente começou a trabalhar e assim passei um longo tempo sobrevivendo naquela água fria.

...

Meus braços não se mexiam mais e nem minhas pernas eu não tinha mais condição de me manter intacta nesse mar, foi então que resolvi usar a condição ao meu favor e assim passei a boiar, eu não poderia dormir, não poderia relaxar, mas de qualquer forma sobreviveria.

...

Meus lábios estão frios minha boca sedenta e meus olhos pesados, não consigo mais, não sentia sequer a água em contato com meu corpo, aos poucos comecei a colapsar e como se o mar me sugasse eu afundei, aos poucos sentindo meu ar ir acabando e meus olhos se fechando, eu estava morrendo.

A água baixou tão rápido que o baque do meu corpo com o chão me fez ter a certeza de que pelo menos meu ombro desloquei, porém não senti dor, comecei a tossir e a tremer sem parar, eu estava tão desesperada que não consegui me movimentar muito mal mantinha meus olhos abertos estava mais do que claro que eu morreria de frio, escutei passos em minha direita e vi os sapatos verdes bem lustrados e limpos, antes que virasse as costas e fosse embora.

— De-de-deus des-des-desgra-ça-çado. — Murmurei sentindo a sala se fechar e novamente a água começar a subir, dessa vez não teria como, a água já havia tomado metade do meu corpo e agora eu respirava com dificuldade engolindo água no processo.


Por Poseidon,

Essa raça não merece compaixão, virtude ou qualquer outra fração de bondade aquela garota mesmo caída ainda ousou me desafiar, porém devo dizer que passar dezesseis horas em uma das águas mais frias do mundo faz dessa humana resistente. Observei mais uma vez seu corpo em contato com a água e dessa vez ela morreria não teria a menor chance de sobreviver, batidas soaram a porta de minha sala e mandei que entrasse.

— Senhor seu irmão Zeus o aguarda no Olimpo.

Pelo visto essa humana foi salva pelo contratempo, olhei para Grisha que se exasperava internamente.

— Leve a humana para a cela, alimentem-na corretamente e não toquem em um fio de cabelo dela.

A deusa que me serve fez uma curta reverência e foi até a porta.

— E Grisha — chamei-a fazendo parar — Prepare meu banho para quando retornar e aguarde por mim.

Espero que Zeus tenha um bom motivo para me requisitar, detesto ser incomodado quando estou trabalhando.

Por Hermes,

Não imaginei que Poseidon fosse chegar a tanto e agora estou curioso para saber o que essa mortal fez para irrita-lo ao ponto de puni-la pessoalmente. Poseidon nunca se indispõe, quando é afrontado apenas enfia o tridente no corpo do ser a uma distância considerável para que não o toque ou simplesmente o atira, mas ao olhar para aquela garota ofegante percebi que foi pessoal.
Notei a tal deusa que servia a Poseidon se aproximar da porta e fui até ela.

A arrogância de um Deus | Poseidon (concluída)Where stories live. Discover now