26. A proposta de um deus

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Tive meu ombro tocado deixando de lado meus pensamentos e ao virar meu rosto dei de cara com seu belo sorriso, pelo visto hoje é o dia dos encontros sejam eles desastrosos ou não.

— Sn que bom vê-la  — O olhar parecia expressar bem mais do que ele dizia.

— Digo-lhe o mesmo, imagino que tenha vindo ao Olimpo a trabalho. — Ele me olhou de cima abaixo antes de se aproximar.

— Permita-me. — Thor estendeu a mão para que eu entregasse meus livros e não recusei, nem mesmo na terra alguma vez me trataram assim. — Está livre por hora? — Perguntou e só então notei que apesar de sério ele estava a observar meu livro, o folheando então toquei em seu braço.

— Por-favor não leia ainda. — Senti a vergonha me alcançar, eu havia escrito um pouco sobre ele no livro e não sei se ele precisa saber que o acho bonito e interessante.

— Devo dizer que estou entediado Sn, mas nada justifica minha falta de modos. — Tive de sorrir. 

— Se está tão entediado por que não luta um pouco? — Comentei me lembrando da luta que assisti, Thor revirou os olhos antes de me oferecer seu braço livre ao qual aceitei.

— Digamos que não há um oponente digno. — Bati meu indicador sobre os lábios ponderando sobre suas palavras.

— Bom que tal Hércules? — Ele me olhou arqueando uma de suas sobrancelhas. — Quer dizer ele é um deus, então creio que seria uma luta interessante. — Comentei o levando a rir.

— De fato seria interessante, mas além dele não está aqui a fortitude dos deuses não gosta muito de lutar por diversão o que é uma pena.

O silêncio perpetuou por nós por apenas alguns segundos enquanto andávamos até o jardim central, em uma das mesas meus livros foram deixados e Thor se sentou na cadeira aguardando pela minha presença e ao me aproximar, senti que poderia lhe fazer perguntas.

— Deus Thor, o quê você realmente quer comigo?  — Ele me olhou conforme me sentei na cadeira, sua mão alcançou a minha segurando e deixando um carinho no dorso.

— Não há espelhos nos palácios do Olimpo?  — Implicou. 

— Falo sério de...

— Só Thor está bom e respondendo sua pergunta, nem mesmo eu compreendo de onde veem tanto interesse, mas gosto do que recebo e no momento isso é o bastante. Agora me diga, terminou o que veio fazer aqui?

Em momento algum recolhi minha mão, pelo contrário eu estou gostando de verdade desse tratamento. Não posso lhe revelar que estou aqui por que Poseidon resolveu por algum milagre me ouvir, então continuei me afundando em mentiras:

— Digamos que sim, não há muito o que fazer. — Ele me olhou, levando minha mão até seus lábios encostando nos nós dos meus dedos. 

— E aproveitando que já estou aqui, que tal passar um tempo no meu reino? Conhecer outras culturas e aproveitar de uma maneira mais intensa.

Nesse momento seus olhos correram por meu corpo e por meu rosto constrangido e antes que eu pudesse responder fomos interrompidos.

— Aceitam vinho? — Uma das ninfas perguntou e negamos.

— E frutas, pães ou bolos? — Mais duas ninfas apareceram e novamente negamos, me virei para ele disposta a responder e dessa vez a presença da deusa do amor se espalhou pelo jardim, como se um aroma doce e entorpecente aflorasse no local.

— Que surpresa vê-lo por aqui. — Aphrodite se aproximou com um sorriso nos lábios.

— Digo-lhe o mesmo. — Apesar de estar gravado na testa do deus que ele não queria conversa com ela, Thor manteve a costumeira educação.

— Sn querida creio que não devas estar aqui. — A prepotência em sua voz chega a ser absurda, Aphrodite alisou o meio de seus seios antes de o olhar, revirei os olhos observando o deus do Trovão fazer o mesmo, que situação deplorável.

— Ela é minha convidada Aphrodite, então seja rápida, está atrapalhando a nossa conversa. — Thor fez um carinho em meu pulso enquanto Aphrodite trincou os dentes.

— Precisamos acertar alguns acordos a respeito dos nossos reinos. — Parece que suas palavras foram ditas sem jeito ao dar-se conta de que não conseguiria o que tanto quer, Thor sorriu e se levantou ficando próximo da deusa e observei:

— Querida Aphrodite... É para isso que temos uma reunião agora se não se importa estou ocupado. — O olhar dele permanecia o mesmo e ela se virou de costas saindo, mas fomos perfeitamente capazes de a escutar sussurrar:

— Francamente com tantas oportunidades prefere uma meretriz vagabunda... — Senti meu rosto queimar de raiva e respirei fundo, mantive meu semblante erguido e a seriedade, não vou entrar na pilha dela, pois se bobiar quer um motivo para poder me atacar e dizer que merecei. Thor desviou o olhar em minha direção por um instante antes de olhar para a deusa.

— Vou te ensinar uma lição Sn, jamais abaixe a cabeça mesmo que seja para uma deusa.

— E o que você espera que eu faça?Se sou a única h... —Travei minha boca, por um minuto quase me coloquei em risco, respirei fundo antes de o olhar. — Se sou a única honrosa aqui? Essa deusa me julga por ser ela a não se colocar em seu lugar. — Tentei desviar o assunto e ele riu.

— Esse tipo de assunto me cansa. Não ligo para o que ou quem você é, mas se deixou esse balão inflado com raiva já vale a pena. — Pressionei os meus lábios para conter a vontade de rir enquanto ele se aproximava do meu ouvido. — Que tal irmos de uma vez, aqui não é lugar pra uma mulher como você. — Eu não queria ir, mas não aguento mais essa situação é como se cada vez que eu respirasse, andasse ou até mesmo tentasse conhecer o Olimpo os outros deuses desejavam me matar, Thor me estendeu mão e aceitei sem pensar, ele pegou os outros livros e assim seguimos pelo jardim atraindo mais  atenção e nesse momento só consigo imaginar o que Poseidon fará quando descobrir que além de desobedesçe-lo não estou mais no Olimpo.










A arrogância de um Deus | Poseidon (concluída)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora