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OUTER BANKS, o paraíso na terra. Pelo menos é o que dizem na Internet. Nasci nessa ilha, mas fui embora com alguns meses, voltei quando eu tinha uns seis anos, foi só para resolver algumas coisas da família da minha mãe, mas isso já faz muito tempo.
Estou sendo obrigada a vir morar aqui. Não tenho outra opção a não ser morar com minha avó. Minha mãe morreu quando eu tinha treze anos, e segundo ela, meu pai era um turista que ela conheceu pela ilha e engravidou. Ou seja, fico indo e vindo de lares temporários desde essa idade, mas aos quinze resolvi me virar por conta própria e fugir. Agora, preciso ficar seis meses nessa ilha da Carolina do Norte, só até eu fazer dezoito anos. Mal cheguei e já estou rezando para que esses seis meses passem logo.

Chego na frente da casa de minha avó e desço do carro que ela mandou para me buscar na balsa. Eu só tinha uma mochila nas costas e uma bolsa pendurada no ombro, sem mala, afinal eu não tinha muita coisa, pelo contrário.
Ao levantar a cabeça e conseguir ter a vista completa da mansão, sussuro para mim mesma.
- Puta merda !

Eu já tinha vindo aqui outra vez, mas não me lembro de muita coisa que aconteceu, por exemplo, essa mansão

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Eu já tinha vindo aqui outra vez, mas não me lembro de muita coisa que aconteceu, por exemplo, essa mansão. A porta é aberta por uma senhora de cabelo grisalho, com um vestido longo, florido e vários assessórios pelo corpo.
- Minha querida ! - Luiza, minha avó, exclama. Ela parecia estar feliz com a minha chegada, então coloquei meu sorriso mais falso nos lábios e me aproximei dela.

- Oi. - é a única coisa que falo. Merda. A senhora me puxa para um abraço e não tenho como fugir. Não que eu não goste de abraços, pelo contrário, mas eu nem conheço essa mulher e ela parece ser super íntima comigo.

- Celina, você vai amar a ilha ! Eu tenho certeza ! - Luiza fala, confiante do que está dizendo. - Aqui tem pessoas maravilhosas e lugares melhores ainda ! - exclama.

- É. Talvez. - forço um sorriso, desanimada. A mulher percebe e muda de assunto.

- As ondas aqui são muito boas, você ainda surfa, não é ? - Ela pergunta, colocando uma das mãos em minhas costas e indicando que eu entrasse para dentro da mansão.

- Sim, eu surfo.

- Ah, que maravilha ! - Ela sorri de orelha a orelha. Me guia até a cozinha e consigo ouvir algumas conversas vindo do local, o que eu estranho, já que minha avó mora sozinha.
- Meninas !

- Olá senhora Grey ! - Uma garota loira, mais ou menos da minha idade sorri para minha avó e logo depois vira seu olhar para mim. - Você deve ser a famosa Celina ! Prazer, sou Sarah. Sarah Cameron. - A loira vem em minha direção e me abraça. Ela parece ser o tipo de garota que está feliz o tempo todo.

- Ah... prazer. - Falo durante o abraço, sem reação com o ato.

- Ouvimos muito sobre você, é um prazer te conhecer pessoalmente ! - Uma morena, com os cabelos cacheados e um semblante um pouco desconfiado, estende a mão para mim. - Kiara Carrera. - retribuo o aperto de mãos e sorrio fraco a ela.

- De onde você veio ? - Sarah pergunta, interessada no assunto.

- Califórnia. - respondo de imediato.

- Nossa, que incrível! - ela exclama. Afirmo com a cabeça, apenas concordando. Isso era constrangedor, minha avó chamou duas garotas para conversar comigo. Me sinto antissocial.

- Er- an... eu estou cansada, vó. Quero deitar um pouco. - Essa foi a melhor forma para escapar dessa situação.

- Nós já vamos indo, senhora Grey. - Kiara fala para Luiza. - Se quiser sair algum dia, sua avó tem nosso número. - Ela sorri fraco, tão constrangida quanto eu.

- Valeu. - sorrio sem mostrar os dentes.
Vejo as garotas indo embora e Luiza fechando a porta. O barulho de seus passos rápidos ecoam pela casa.

- O que foi aquilo, Lina ? - A mulher parecia irritada. Ótimo. Já vamos brigar.

- Estou cansada. - falo, simples.

- Kiara e Sarah são garotas ótimas, Celina. Elas estão dispostas a te conhecer e te apresentar para os amigos delas, mas você não pode tratá-las assim !

- Eu nunca pedi para você fazer amigos por mim ! Não pedi para vir morar na merda dessa ilha ! - falo no mesmo tom que ela.

- Sua mãe morreu a anos !

Ok. Ela tocou na ferida.

- Lina, eu não quis dizer isso... é só que você precisa morar com alguém, querida... - suspiro, sentindo meus olhos começarem a marejar.

- Só... me deixa, tá? - Falo, largando minha mochila no chão e saindo da casa, com minha bolsa no ombro.

Eu sei me virar sozinha. Não preciso que mais alguém entre na minha vida para me fazer de idiota outra vez.
Minha avó sabe exatamente o quanto dói a perda de minha mãe, mas ela não hesitou em jogar na minha cara, mesmo que tenha sido sem querer.
Mal cheguei na porra dessa ilha e minha vida já está ficando mais fudida do que antes !
Eu só preciso de café agora. Qualquer café. Cafeína. Depois alguns quilômetros, enxergo um restaurante que provavelmente tem um copo de café.

- Oi... an... um copo de café, por favor. - peço ao garçom. Ele era bonito. Bem bonito.

- Nunca te vi aqui na ilha. É nova ? - o moreno perguntou, simpático, enquanto preparava o café.

- É. Infelizmente. - arfo, estressada.

- Ah. Seja bem vinda... - ele para, esperando que eu complete.

- Celina. - sorrio fraco.

- Pope Heyward. - ele me entrega o copo de café e dou o dinheiro a ele. - Espero te ver mais vezes ! - Sorrio para ele. - Hoje a noite terá uma festa na praia, aparece lá. - diz ele.

- Talvez. - maneio a cabeça, sorrindo simpática.

Saio do restaurante e volto a caminhar pela ilha. Parece ser um lugar agradável. As pessoas parecem que estão me julgando o tempo todo, mas finjo que não vejo.
Vão ser apenas seis meses, acho que consigo viver. Tem praia... então tem surf, ou seja, um ponto positivo.
Saio dos meus pensamentos quando meu corpo bate contra o de outra pessoa. O café em minhas mãos vira sobre nossos corpos.
- AH. CARALHO ! - Agora eu sei que era um homem pela voz, mas estou concentrada de mais em minha barriga queimada.

- QUE PORRA ! - Resmungo, furiosa.
- Eu odeio a porra dessa ilha, eu odeio todo mundo ! - Grito, irritada.

- Se você estivesse prestando atenção por onde anda ! - A voz arrogante do garoto me irrita ainda mais.

- Quer saber de uma coisa... - levanto minha cabeça para cima, cruzando nossos olhares pela primeira vez. Seus olhos eram azuis e seu cabelo loiro. Ele era muito lindo. Paralizo, sem saber o que dizer.

- Se apaixonou, foi ? - ele cruza os braços, zoando.

- Ah ! Vai a merda ! - Saio, apontando o dedo do meio em sua direção, enquanto ele me fuzila com o olhar e devolve o dedo para mim.

Começamos bem.

O ɴᴏssᴏ 𝒆𝒕𝒆𝒓𝒏𝒐 ᴛᴀʟᴠᴇᴢ; 𝙹𝙹 𝙼𝚊𝚢𝚋𝚊𝚗𝚔 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora