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Eu não consigo respirar. Não consigo me mexer. Não consigo fazer absolutamente nada. Estou aqui, sentado em uma das cadeiras da sala de espera do hospital. A senhora Grey está aqui, junto a Kiara que está do meu lado, com as penas em cima da cadeira, chorando. Pope grita com a recepcionista, tentando obter alguma notícia de Lina. Jonh b está escorado na parede, com seu rosto enxarcado de lágrimas. E Sarah chora, silenciosamente, para tentar não deixar o Jonh ainda pior.

As minhas costas ardem ao sentir o peso que estou carregando. Se eu tivesse atendido aquele telefonema, nada disso teria acontecido, mas invés disso, eu dormi. E agora estamos aqui, a horas esperando algum médico sair daquela porta imensa e dar alguma notícia - mesmo que eu não esteja pronto para escutar.

Jonh b se levanta e vem até mim, ficando parado na minha frente. Encaro o moreno - eu sabia exatamente o que ele estava pensando.

- Por que você ficou daquela forma quando viu o que tinha acontecido com a Lina ? - Ele perguntou, um pouco alterado.

- Você queria que eu tivesse ficado como? - Me levanto, ficando cara a cara com ele.

- Não sei. Eu não esperava.

- Como você teria reagido se fosse a Sarah no lugar da Lina ? - Pergunto, já irritado.

- O que você está tentando insinuar, JJ ? Que eu me importaria mais se fosse com a Sarah ? - Ele me enfrenta.

- Não disse isso. - Deixo claro.

- E o que você e a Hope tem a ver comigo e com a Sarah ? Eu e ela namoramos e vocês... - Jonh b paraliza, como se arrumasse palavras para usar. Não falo nada, estou em silêncio.

A ficha de Jonh b começa a cair e vejo o seu semblante mudar. Volto a me sentar, sentindo lágrimas virem para o meu rosto. Jogo minha cabeça para trás, completamente perdido.

- Você e a Hope... - A voz de Jonh fica fraca, ele parece estar sentindo pena de mim. Eu estou sentindo pena de mim. E odeio isso.

- Quando... quando éramos pequenos. - Começo. - Eu tive uma leve paixão por ela quando a conheci. - Sorrio bobo ao lembrar de nós. - Hoje em dia ela não se lembra, mas eu fiquei mal quando ela foi embora e eu nem a conhecia direito. - Passo minhas mãos pelo rosto, limpando minha lágrimas que só aumentavam.
- Daí eu conheci ela de novo. Uma versão quebrada e machucada que, com o tempo, eu fui me apaixonando. - Choro mais e mais. - E agora... Agora eu vou perder a garota que eu amo... eu vou perder ela, Jonh !

Os braços de meu melhor amigo me puxam para perto e ele me abraça. Choro em seu ombro, sem me importar com quem estava ouvindo a agonia em minha voz.

- Ela vai ficar bem. - Ele sussura. - Ela precisa ficar bem.

Precisa.

A imensa porta do hospital é aberta e um médico vem até a área onde estávamos.
- Familiares da senhorita Celina Grey. - Ele chama, parecendo apreensivo.

Fomos até ele, rapidamente. Meu coração estava saindo pela boca e meu medo aumentava a cada segundo.

- Como ela está, doutor? - Sarah perguntou, nervosa.

— Não podemos dizer muitas coisas até agora, mas o caso da Senhorita Grey é complicado. - Informou ele. — Ela saiu da cirurgia e já está no quarto de repouso. Ela pode acordar no final do dia, pode acordar depois de um mês... ou não acordar. Não sabemos. Sinto muito.

— Como vocês não sabem ? - Kiara começa a chorar mais uma vez. — Como vocês não sabem? - Ela nega com a cabeça baixa, sussurado e sendo abraçada por Sarah logo em seguida.

— Não temos como saber, senhorita. - O médico fala, calmo. — Mas vocês podem entrar lá, um de cada vez. Qualquer coisa é só me chamar. - Ele deixa um sorriso fraco no ar e se afasta, indo falar com outra família.

   Passo minhas mãos pela cabeça, tentando evitar que eu caia no chão, desesperado.

— JJ. - Jonh b me chama. Encaro o moreno, que estava com lágrimas nos olhos.

— Vai lá, querido. - Luiza sorri para mim, simpática, mas abatida.

— Vocês... Tem certeza ? - Pergunto.

— Vai logo ! - Jonh, ordena. — Ela precisa de você, cara. - Sinto um alívio imenso entrar do meu peito quando ouço aquelas palavras vindas de Jonh b.
Faço um toque de mãos com o moreno e saio rapidamente em direção ao quarto de Lina. Me viro e sussuro um "obrigado" para Jonh b.

   Ficar olhando assim para o hospital, de certa forma, era extremamente assustador. Suas paredes brancas e o ambiente silencioso, com pessoas tristes por todo o lado, causava arrepior para qualquer um.

   Coloco a não na maçaneta da porta e tento acalmar minha respiração — o que, obviamente, não dá certo.
  Entro no local e sinto uma faca vir na direção do meu peito e atingir meu coração. Lina estava deitada sobre a maca, com uma extensa faixa que cobria a maior parte da sua barriga junto com a camisola de hospital "dobrada" para cima. Um tubo estava em sua boca, auxiliando ela a respirar, com os milhares de fios ligados à uma máquina que mostrava seus batimentos cardíacos e sua pressão.
   Fico encarando aquela máquina, com os meus olhos diretamente nela. No momento, essa máquina é o meu maior medo e minha maior segurança, porque enquanto ela estiver apitando de cinco em cinco segundos, quer dizer que Lina continua viva. E só preciso disso.

   Lentamente, me aproximo da cama, vendo a morena ali, machucada e completamente indefesa. Me sento na poltrona ao seu lado e seguro suas mãos, que tinha alguns roxos por conta das diversas vezes que os médicos injetaram agulhas nela.

   Com o polegar, acaricio a região e fico observando ela, mas não aguento por muito tempo. Começo a sentir meu rosto ser invadido por muitas lágrimas e faço esforço para não chorar, mas é impossível.

— Você já foi embora uma vez, Grey. Vi uma amiga que brincava comigo no parque, ir embora, mas agora, não posso ver a minha namorada me deixar. Eu não vou conseguir... - Aperto meus olhos, com força, tentando sumir daquele pesadelo.
Isso não pode ser um ciclo, Lina. Não podemos ser um talvez... Isso não pode ser eterno, princesa kook... Não podemos permitir que esse seja o nosso eterno talvez.

Sussurrei, amedrontado de uma forma surreal, a qual nunca estive antes.

O ɴᴏssᴏ 𝒆𝒕𝒆𝒓𝒏𝒐 ᴛᴀʟᴠᴇᴢ; 𝙹𝙹 𝙼𝚊𝚢𝚋𝚊𝚗𝚔 🦋Where stories live. Discover now