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JJ MAYBANK

É estranho pensar que sua própria casa está bem longe de ser um lar. A pessoa que deveria te amar a cima de tudo e todos, te trata como um lixo e faz questão de dizer isso, com todas as letras possíveis.
Isso é o que passa pela minha cabeça quase todos os dias, mas agora, parado em frente a porta de minha própria casa, os pensamentos negativos ficam mais fortes do que nunca. Eu sei o que vai acontecer no momento em que eu entrar nesse lugar, mas quando vejo, já estou com a mão na maçaneta, girando ela.
O cheiro forte de bebida e drogas invade meu nariz, uma ânsia de vômito sobe pela minha garganta e um nó se forma no meu estômago. A luz estava apagada, mas a luz do sol entrava pelas janelas, deixando o ambiente um pouco mais claro.
Enxergo Luke abrindo a geladeira e pegando uma garrafa de cerveja. Ele se vira para mim e me olha, sem demostrar nada.
- Por que você aparece aqui uma vez por mês? - ele perguntou, abrindo a garrafa.

- Porque um mês é o tempo suficiente para as feridas se curarem e você poder fazer novas. - respondo sem nenhum ressentimento.

- Se você não fosse um merdinha, isso não aconteceria. - Ele dá ombros. Arfo, casado de toda essa porra.

Vou até meu quarto e coloco algumas roupas dentro da mochila que trouxe. Pego outras das minhas coisas que estou conseguindo tirar dessa casa aos poucos.
Caminho na direção da minha cômoda e olho para um porta retrato que deixava em cima dela. Era uma foto da minha mãe grávida. Ela tinha os cabelos loiros, assim como eu, os olhos claros e um sorriso extremamente brilhante. Eu não conhecia ela, e meu pai nunca me contou nada a seu respeito.
Big Jonh costumáva me contar algumas histórias e falava como ela me queria. Talvez isso que tenha motivado grande parte da minha vida, saber que alguém desejava a minha existência.
Ele dizia que ela faria de tudo por mim, mesmo sendo minha culpa ela ter morrido, de acordo com Big Jonh, minha mãe faria isso mil vezes. E jamais se arrependeria por dar a vida por mim.

- Ela era linda, né ? - Ouço a voz de Luke. Ele bebe sua cerveja escorado no batente da porta.

- Era. - sinto meus olhos se encherem de lágrimas.

Ele se aproxima de mim e observa a foto, assim como eu.

- Se não fosse você, ela ainda estaria viva. - sua fala não demostra nenhum arrependimento em nenhuma das palavras ditas.

Em um ato involuntário, seguro a gola da camisa de Luke e jogo o homem contra a parede. Ele segura meus braços e tenta se soltar, mas em algum momento, consegui forças que não sabia que tinha, porque não importava o quanto ele tentasse se soltar de meus braços, não conseguiria. O ódio tinha subido pela minha cabeça. Eu estava chorando. Eu estava chorando de raiva.

- CALA A PORRA DA SUA BOCA ! - Grito, dando um soco no rosto do homem, com toda a força que eu tinha. Ele cambaleia para trás e cai de costas no chão.

Vou para cima dele e soco seu rosto. As palavras de meu pai se repetiam pelo ar, como eu eco.

"Se não fosse você, ela ainda estaria viva. " "Se não fosse você, ela ainda estaria viva. " "Se não fosse você, ela ainda estaria viva. "

Eu odiava ele. Eu odiava Luke como nunca odiei um ser humano. Eu odiava ele por tudo o que ele já me fez passar. Eu odiava ele por tudo. Tudo.

Quando percebo que o homem está quase desmaiando, olho para minhas mãos e vejo que elas estão machucadas e sangrando. Saio de cima dele e o olho uma última vez.

- Você é desprezível. - falo, om raiva.

Vou até a cômoda e pego o porta retrato. Coloco dentro da minha mochila e saio da casa o mais rápido possível.

CELINA GREY

Depois de sair do castelo, meus pensamentos estavam acelerados. Mil coisas passavam pela minha cabeça. Voltei para a mansão, mesmo não querendo, eu não tinha muitas outras opções.
Eu tinha perdoado Jonh b. E, realmente não sentia nenhuma raiva ou dor ao pensar nele, mas agora, ele é só mais um ser humano qualquer no mundo, nada a mais para mim.
Perdoar é bem diferente de confiar ou considerar a pessoa. Eu só perdoei.

Enxergo Luiza ao entrar na mansão. Ela me olha, não fala nada e nem vem na minha direção. Apenas me olha. Ela estava machucada. Seu olhar transmitia muita dor. Mesmo assim, isso não é desculpa para eu ignorar tudo o que ela fez para minha mãe e para mim.

Ignoro isso e vou para o meu quarto. Me jogo na minha cama e fico olhando para o teto, tentando assimilar tudo o que estava acontecendo comigo. Tento acalmar minha respiração e relaxar, fechando meus olhos e ouvindo o som dos meus próprios suspiros.

Um barulho contra o vidro da minha janela chama a minha atenção. Abro os olhos assustada e vou até a sacada, tendo uma surpresa. JJ estava jogando pedrinhas na minha janela.

- Assaltante ? - pergunto, zoando.

- A única coisa que eu vim roubar é o seu coração. - ele entra na brincadeira, mesmo parecendo estar abatido. Sorrio, revirando os meus olhos e rindo abafado.
Volto a olhar para ele e vejo seu semblante se fechando.
- Eu preciso de ajuda. - Ele sussurou, dificultando que eu ouvisse.

- Sobe. - falo, apontando para a escada de "construção" que tinha ao lado da minha sacada.

O Maybank escala a escada e entra para dentro do meu quarto. Consigo ter a visão de suas mãos sangrando. Ele olha para elas, triste.
- Está doendo muito ? - pergunto, fraco. Ele afirma.

- Bastante. - Sua fala praticamente não sai. Consigo sentir seu medo.

Seguro o pulso do garoto e levo ele até a cama, vou até o banheiro e pego o kit de primeiros socorros. Parece que já fiz isso tantas vezes nele... e ele está sempre mais machucado por dentro do que por fora.

Começo a limpar os ferimentos e, logo depois faço os curativos. JJ não tira os olhos de mim em nenhum momento. Ele me filtra com seus olhos azuis e tento fingir que não estou vendo o que ele faz, mas quando meu olhar se cruza com o dele, uma corrente elétrica passa pelos nossos corpos, impedindo que eu possa desviar o olhar.
Não podíamos fazer aquilo. De novo não. Por que eu sinto tanta vontade de beijar ele? Que porra!

As mãos de JJ se levantam e vão para a minha cintura, me puxando mais para perto. Sem tempo a perder, seus lábios já estão colados aos meus. Nossas línguas - como da última vez - fazem um ótimo trabalho juntas.

Ele continuava sentado na cama, comigo de pé, no meio de suas pernas. Era tão bom beijar ele! Completamente diferente de todos os outros caras que eu já beijei na minha vida.

Isso estava começando a se tornar preocupante. Que merda JJ Maybank fez comigo para eu não querer parar de beijá-lo ?

Ca-ra-lho.

Separo nossos lábios após o fim do beijo e seu olhar continua sustentando o meu. Nossas respirações tentam manter o ritmo, mas era quase impossível.

- Não podemos fazer isso. Nos odiamos, lembra ? - desvio meu olhar, mas não me mexo.

- Me esqueço disso quando te beijo. - ele fala, com suas mãos segurando minha cintura com força. Sorrio boba e ele faz o mesmo. Droga.

Que merda acontecendo comigo ?

O ɴᴏssᴏ 𝒆𝒕𝒆𝒓𝒏𝒐 ᴛᴀʟᴠᴇᴢ; 𝙹𝙹 𝙼𝚊𝚢𝚋𝚊𝚗𝚔 🦋Where stories live. Discover now