Capítulo 5

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 Desde o último baile, eu penso em Thomas. Não nego que tenha curiosidades sobre ele, sobre a vida dele. Por mais que ele tenha sido um pouco hostil, sinto que há algo nele que vale a pena a ser aproveitado. Ali e acolá, surgem informações sobre ele, mas nada que eu considere interessante. A sua vida ainda é um mistério para mim.

Charlotte e eu temos nos vistos na última semana. Combinamos um passeio pelo jardim central, com nossas mães, irmãos e Benjamim. Torcia o tempo todo para que Thomas também aparecesse, mas não era certeza. Mesmo assim, escolhi o melhor vestido de passeio e Amélia me ajudou com o penteado. Eu estava tão ansiosa para o passeio que mal conseguia controlar a respiração. Isso me fez questionar sobre os meus sentimentos em relação a Thomas.

De braços dados com a minha mãe, encontramos Charlotte e sua família em frente a catedral. Juntos, fomos para o jardim central de Beaconsfield. As folhas secas que o vento varria para longe, se despedia do outono, e já esperávamos pelo inverno.

Arthur e Benjamin nos encontraram próximo ao lago, onde várias famílias também se reunião para aproveitar a tarde na cidade. O assunto favorito nesses passeios, era sobre os futuros bailes que estavam sendo planejados por famílias importantes, ou para sobre a vida alheia, para quem estivesse sem assunto. E era possível também ser cortejada durante o passeio, coisa que aconteceu sempre comigo muito antes da minha apresentação.

— Thomas não virá? — Perguntei ao Arthur.

— Não sei. Ele precisava resolver um assunto. Talvez ele nos encontre. — Respondeu.

— Ele é um cavalheiro peculiar, eu diria. Tem opiniões fortes e é muito direto.

— Mas confie em mim, Beline, o coração daquele homem é muito maior do que mar que navegamos por tanto tempo.

— Você tem grande estima por ele, eu admiro isso, Arthur.

— Ele tem me ajudado em algumas questões pessoais. É um bom ouvinte, e bom amigo.

— Ótimo. Você sempre estará em boas mãos.

— É., mas não sei se ele voltará para o mar conosco, ou se ficará em Beaconsfield. Seja qual for a sua decisão, espero que ele seja feliz. — Arthur hesita em continuar.

— Por que ele anda indeciso?

— Quando vamos para o mar e assumimos uma missão, uma batalha, não sabemos quando ou se vamos voltar para casa. E quando voltamos, apenas queremos ficar em paz e encontrar nossos familiares, rostos conhecidos. Para Thomas, foi diferente.

— O que quer dizer?

— Quando ele partiu, tinha uma noiva. Ele pretendia voltar e se casar com ela. Mas, as coisas não foram assim.

— E por que ele partiu?

— Para conquistar o respeito do pai e do sogro. É uma história delicada.

— E esta noiva... O que aconteceu com ela?

— Não estava mais esperando por ele...

Tentei disfarçar minha reação de surpresa, pois por mais que eu estivesse curiosa sobre Thomas, não queria e não poderia passar a impressão errada para Arthur.

— Lamento por ele... — Eu disse.

— Ele superará, eu espero.

Benjamin se aproximou e pediu para passear ao seu lado com a permissão da minha mãe, que cede sem questionar ou criar qualquer dificuldade.

— Quando vocês pretendem voltar para o posto? — perguntei.

— Em algumas semanas.

— Está ansioso?

BelineWhere stories live. Discover now