Capítulo 30

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Passam-se algumas semanas desde a partida de Sr. Thomas. Eu me isolei no casarão, passando a maior do tempo fazendo o que gosto, lendo e cozinhando. O médico me visitava uma vez por semana para acompanhar o meu estado, já que vieram os constantes enjoos matinais, que estavam incontroláveis.

As roupas começavam a ficar apertadas, e a Sra. Elsie as ajustavam para mim. Eu temia que minha família aparecesse e questionassem a minha gravidez. E teriam algumas razões para isso, dada a superproteção de Sr. Thomas, que mesmo distante, enviava cartas pedindo notícias e conseguia, de alguma forma, cuidar da propriedade.

Para não me sentir sozinha, permiti que as criadas trouxessem seus filhos algumas vezes. Elas tiveram receios no início, e com a minha gravidez ficando mais evidentes, aceitaram a propostas, e as crianças brincavam pelo jardim e corriam pelo bosque. Acabei me apegando à Marie- Anne, filha de Rosie, uma das cozinheiras. A garotinha era muito esperta e sempre me surpreendia com suas astúcias. Desejei que meu filho, ou filha, fosse como ela.

Tivemos uma temporada de chuva novamente, o que me fazia passar mais tempo em casa e na cozinha, ou na biblioteca com as crianças.

Em um desses dias, Marie-Anne estava afoita para brincar na chuva e tentávamos acalmá-la. Com seus apenas seis anos, ela conseguiu se desviar da nossa atenção e saiu. Quando percebi sua ausência, corri pela casa em sua busca e a vi pela janela indo para o bosque. Sem pensar duas vezes, fui até ela, enfrentando a forte chuva.

A garota, com sua energia inesgotável, corria cada vez mais longe, ficando difícil alcançá-la. Quando finalmente consegui, eu a abracei e a levei de volta para casa. Rosie estava nos aguardando na porta, completamente constrangida e surpresa, olhando para trás de mim. Ela agarrou a filha e entrou, enquanto eu olhava para trás. 

Sr. Thomas.

Montado no cavalo, totalmente molhado, ele me encarava. Desceu e aproximou-se de mim. Ainda calado, cobriu minha cabeça com as suas duas mãos.

— Eu pedi para você se cuidar. — Disse, finalmente.

— O que faz aqui?

— Vim vê-la.

Engoli em seco. A presença dele ainda me afetava de uma maneira surpreendente.

Entramos e eu fui me trocar, tirando a roupa molhada. Enquanto isso, ele acendia a lareira da sala e pediu para prepararem um chá para mim. Eu o escutei enquanto chegava à escada. Sua voz era rouca e sensual, ao mesmo tempo. Me causavam sensações estranhas e curiosas.

Sentei-me no sofá e ele me cobriu com uma manta, entregando-me uma xícara de chá em seguida.

— O senhor também está encharcado... — Pontuei.

— Não se preocupe comigo. Estou habituado a me envolver com a chuva. Estou mais preocupado com a senhora e o seu estado. Como se sente?

— Estou bem.

— Muito bem, eu já volto. Não saia daqui. — Pediu ele. 

Ele subiu a escada e voltou pouco tempo depois, com roupas secas. Seus cabelos ainda estavam molhados, o que o deixava ainda mais atraente. Cada vez que eu o olhava, sentia vontade de me jogar em seus braços, sem pensar em mais nada. Apenas entregar-me a ele, com todo o desejo que pulsava em meu coração.

— O que faz aqui, Sr. Thomas? Pensei que demoraria.

— De fato, eu demoraria mais tempo para voltar, mas não conseguia ficar longe... Eu não conseguia me concentrar, até mesmo comer. Pedi que me liberassem por alguns dias para vê-la.

BelineWhere stories live. Discover now