Capítulo 13

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Após uma conversa franca com Louis, resolvemos partir para Londres com Olívia, que pareceu estar mais nervosa do que eu. Por outro lado, Louis se mantivera calmo, mas aposto que estava uma pilha de nervos por dentro. Confessar ao meu irmão os meus sentimentos por Sr. Thomas tirou um peso enorme em mim. Eu deveria ter feito isso há mais tempo.

— O que faremos quando o encontrarmos, Louis? O que planeja? — Olívia perguntou-lhe.

— Terei uma palavra com o cavalheiro e verificar o mesmo tem sentimentos pela minha irmã. Se for de igual correspondido, as consequências podem ser infinitas, mas espero que o resultado seja um bom casamento.

— Ele não está nos esperando, Louis. — Sinalizei.

— Não se preocupe, irmã. Há um evento social somente para cavalheiros, e ele certamente estará presente. Usarei a oportunidade para falar com ele. Todavia, se tudo der certo, você e ele conversarão, passarão alguns instantes a sós. Precisarão disso para se resolverem.

— Sei que tem boas intenções, Louis, mas ainda julgo que não é uma ideia. E se ele rejeitar meus sentimentos? Jamais superarei tamanha vergonha, assim como não terei coragem de olhar para ele novamente.

— Não seja tão pessimista, Beline. Já observamos como ele olha para você, e não é o olhar de quem rejeitaria seus sentimentos. — Comentou Olívia, que segurava a mão de Louis enquanto sorria para ele. — Dará tudo certo. Confie no seu irmão.

Respirei fundo. Tão fundo que todo ar que entrava ardia em meu peito, de tanto nervosismo. Eu não fazia a menor ideia do que podia acontecer e tive medo de Sr. Thomas me odiar, embora não fosse motivo para isso.

Londres já era charmosa em todas as estações do ano, mas nada supera quando a primavera floresce na capital. As ruas tomadas por carruagens e belos cavalos. Mulheres e homens elegantes passeiam de um lado para outro. As lojas abrem suas portas exibindo os mais variados aromas.

Ficamos hospedados no casarão de veraneio que usamos todos os anos quando queremos escapar do tédio de Beaconsfield, ou do intenso inverso. Olívia e Louis descansam no quarto por uma hora, enquanto olhei pela janela a vida londrina agitada. O céu nublado, com raios de sol penetrando nas nuvens e o ar fresco, é um convite forte para explorar a cidade, mas prometi a Louis que ficaria no casarão até ele resolver minha questão amorosa.

Já passavam das seis da tarde. Louis saiu há algum tempo e Olívia bordava no canto da sala em silêncio. A cada minuto que se passava pareciam uma eternidade para mim.

— Sente-se, cunhada. Logo seu irmão estará de volta e com boas notícias, eu espero. — Pede ela.

— Acha mesmo que foi uma boa ideia virmos aqui?

— O que pode acontecer? No máximo, o Sr. Thomas corresponde ou não aos seus sentimentos. Se não, a vida segue e você parte para outra. Não ficará nesse "se" eternamente. Sanará a sua dúvida.

— Sei, Olívia. Mas se ele não corresponde aos meus sentimentos, como olharei para ele novamente? Como o encararei? Oh, céus, eu não quero mais pensar nisso. Deveríamos voltar para casa.

— Quando conheci Louis, eu me apaixonei por ele imediatamente. Ele não... se interessou por mim de imediato, e eu vivia em aflição. Os sentimentos dele vieram lentamente, e hoje somos inseparáveis. Tudo acontece por alguma razão, querida.

— Você foi agraciada com o amor do meu irmão, e posso dizer que ele é outro homem desde que a conheceu. Sou feliz com vocês dois juntos. Entretanto. Sr. Thomas é bem diferente de Louis, convenhamos.

— Sei, e percebi isso desde o primeiro momento. — Ela me encara — Mas o jeito que Sr. Thomas olha para ver... eu a invejo, Beline.

— Como ele me olha?

— Não sei explicar, é algo que vem da alma, de dentro. É como se ele se entregasse por inteiro apenas pelo olhar. E me surpreende que você não tenha percebido.

— Devo ser muito distraída para isso, ou você pode ter se enganado.

— Eu nunca me engano com algo assim, cunhada.

Louis retornou do evento já era tarde da noite. Eu estava sentada em frente a lareira lendo um livro, tentando não pensar em mais nada.

— Ainda está acordada?

— Eu quis esperá-lo. Olívia já foi para o quarto. — Deixei meu livro de lado — Você o encontrou?

— Sim, eu o encontrei.

— E como foi?

Ele suspira e se senta ao meu lado, tirando o casaco.

— O Sr. Thomas estava bastante abatido. Tive receios em abordá-lo e esperei o melhor momento. Acabou que ele mesmo veio até a mim.

— Por que ele estava abatido?

— A Sra. Lancaster acaba de falecer. Ele estava desolado. Tentei confortá-lo e tive pena do pobre homem. Sr. Thomas se culpa por ter se ausentado por tanto tempo. A mãe adoeceu enquanto o esperava.

— Santo Deus... Lamento tanto! Espero que ele fique bem.

— Com tudo, minha irmã, eu não disse nada. Achei melhor. Mas...

— Mas o quê? Diga.

— Eu disse-lhe que você também está em Londres, e fomos convidados para encontrá-lo amanhã em sua residência. Devo informar que a família Lancaster é uma das que mais possuem propriedades em Londres.

— Eles são tão ricos assim?

— Você não faz ideia!

— Eu não... imaginava. Ele parece tão... despreocupado.

— Eu soube que é uma família complexa, possuem propriedades e uma enorme riqueza, além de contatos importantes. É uma linhagem pura, se assim posso dizer.

— Onde você quer chegar?

— Que o Sr. Lancaster, o pai de Sr. Thomas, costuma ser rígido.

— Em outras palavras, preciso merecer a aprovação dele para me casar com Sr. Thomas. É isso?

— Penso que sim, minha irmã. Mas farei o necessário para que tudo ocorra bem.

— Ainda penso que nos precipitamos vindo aqui.

Irmã, posso não ser como nosso pai sempre foi para nós. Acredito que ele também intercederia por você, ou pelo menos cogitaria a hipótese de aceitar aquele que você escolhesse, desde que acreditasse que o resultado fosse um bom casamento para você. Suponho que Sr. Thomas seria aceito por ele, sem qualquer objeção.

Por mais que eu tentasse argumentar, Louis continuaria acreditando que sua decisão ainda era a certa. Eu ainda estava bastante receosa com tudo, e não sabia como abordaria Sr.Thomas relatando meus sentimentos que ele cativava.

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