Capítulo 6 - Homens...

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Estou em meu quarto agora. Sozinha. A solidão foi minha única companheira nas últimas horas, dispensei até mesmo a companhia de meu mais novo amigo: Malfoy. Gina não quis falar comigo depois da fotografia, Luna muito menos. Harry pareceu querer conversar, mas Ron deu a entender que não queria.

Agora uma pergunta começa a martelar em minha cabeça: Quem tirou a foto? Que eu saiba, apenas Malfoy, Córmaco e eu estávamos lá. Não poderia ter sido nenhum de nós, então quem? Também não vimos ninguém suspeito nos corredores. Então como? Quem? E por quê?

Olho para a cadeira em meu quarto e desejo outra coisa. Imediatamente transformo-a em uma cadeira de balanço - vale a pena frequentar aulas de Transfiguração. Levo-a até a varanda e sento-me. Olho fixamente para o horizonte, onde o sol se mistura às colinas e árvores. Ele está alaranjado, e contagia o céu com ssua esplendorosa cor. As nuvens estão finas e em um leve tom de rosa. O vento toca meu rosto suavemente, como se quisesse me acalmar.

Não acalma. O simples fato de Ron estar bravo comigo me deixa tensa. Não consigo imaginar minha vida sem ele, meus dias sem ele. Ron é o amor da minha vida e nada faz sentido sem sua presença. Eu não existo longe dele. Meu coração diminui com o passar das horas, clamando por seus beijos. Lágrimas grotescas me vencem e correm rapidamente por meu rosto. Um grito aterrorizante ameaça sair por minha boca, mas eu o prendo.

O som do piano de Malfoy só piora meu estado emocional. Ele toca uma música trouxa que eu conheço muito bem: When you're gone, da Avril Lavigne. Para desandar tudo, ela descreve exatamente o que estou sentindo. A cada acorde eu me sinto mais sozinha, mais triste. Abraço minhas pernas e escondo o rosto nos joelhos. Cravo as unhas em mim mesma numa tentativa frustrada de diminuir o vazio. Ouvir aquela música não está me ajudando nem um pouco... Sinto minhas costas pesadas, as pernas incapacitadas e o coração despedaçado.

O sol foi desaparecendo e a lua foi se apresentando. Percebi que um não existe sem o outro, mas nunca estão no céu ao mesmo tempo, não de forma visível.

Estou com um colar no pescoço. Puxo-o e observo-o. Ron que me deu em meu aniversário de 18 anos. É um coração que abre e tem uma foto nossa dentro. Choro ainda mais. Cada lembrança faz-me perder o rumo.

Não sei por que já estou desesperada. Ron ainda não disse se continuaremos a namorar ou não.

Mas isso me preocupa ainda mais. Ron não é de pensar, ele fala logo e pronto. E dessa vez ele pediu um tempo...

Nada está fazendo sentindo desde o dia que voltamos para Hogwarts. Todos estamos malucos, desajuizados. Algo mudou muito em todos nós. E não voltaremos ao normal até descobrir o motivo de tais mudanças. O problema é que quando descobrirmos, talvez não iremos querer voltar a ser quem éramos.

Um pássaro pousa na sacada. Observo-o. Ele cantarola um pouco e logo vai embora. Ele cantarola um pouco e logo vai embora... E logo vai embora...Isso martela em minha cabeça durante algum tempo. Será que meu namoro com Ron "cantarola um pouco e logo vai embora"? Não entendo absolutamente nada do que está acontecendo. Eu amo Ron e tenho certeza de que ele também em ama. Mas por que está acontecendo isso tudo? O que eu fiz para merecer tal sofrimento?

Duas chamas estão acesas em meu coração: a do amor e a da tristeza. Ambas enfrentam-se de segundo em segundo. Não basta estarem ocupando meu coração, elas precisam me fazer sofrer. E riem disso.

Ouço a porta se abrir. Sei que é Malfoy. Enxugo as lágrimas rapidamente, mesmo sabendo que isso não espantará o inchaço sob meus olhos. Sinto-o perto de mim mesmo sem olhá-lo. Sua mão pousa em meu ombro e ele pergunta:

- Está melhor?

Abaixo a cabeça. Ele sabe que não.

- Desculpe.

Meu Amado MonitorWhere stories live. Discover now