Capítulo 40 - O Baile

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"Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria."

Legião Urbana - Monte Castelo

Ao cabo da semana de provas, fui fazer compras com as meninas. Confesso que um tempo cercada apenas por pessoas do sexo feminino me fez extremamente bem. Até convidamos Emília para ir conosco. No meio do caminho perguntei a ela com quem iria ao baile, e ela disse que estaria acompanhada de Spencer Price - Sonserina. Cheguei a imaginar que, talvez, ela pudesse ir com Blásio, como amigos, mas acabei me enganando.

Cada uma de nós escolheu um vestido de uma cor, fizemos o máximo de esforço para não repetir os tons. Gina comprou um azul turquesa, Luna escolheu um dourado que a descrevia perfeitamente, Parvati optou por um preto de seda japonesa, Emília ficou indecisa entre um verde e um branco, mas acabou ficando com o verde porque a fazia lembrar-se de Pansy. E eu, bom, eu escolhi um prata. O porquê nem eu mesma sei, mas era tão lindo, tão magnífico que não resisti e o escolhi.

Pensando a respeito do que levou Emília a escolher seu vestido, conversei com as garotas e concordamos em cada uma usar algo que lembrasse Pansy. Fomos até o dormitório da Sonserina e Emília deu para cada uma de nós algo que fosse de Pansy - um colar, uma pulseira, um par de brincos, um par de sapatos, enfeites de cabelo. Feito isso, passamos horas e horas falando sobre o baile que estava por vir.

Todas nós fizemos o possível para não permitir que Emília se abatesse ou se sentisse excluída - afinal, nenhuma de nós era exatamente o tipo de garota com a qual ela se imaginava. Acostumada com garotas Sonserinas, ricas, sangue-puro, no começo ela ficou um tanto quanto tímida, mas depois ganhou segurança suficiente para chegar ao ponto de fazer algumas brincadeiras.

Quando Luna, Parvati e Gina foram embora para o salão principal, optei por ficar um pouco mais. Algumas perguntas começaram a se formar em minha cabeça, perguntas que apenas Emília é capaz de responder.

- Posso te perguntar uma coisa? - Busco o olhar dela.

- Sim. - Ela dá de ombros.

Antes de qualquer coisa, escolho bem as palavras. Afinal, nosso nível de intimidade não está muito alto.

- Bom, hum... Você e o Blásio...? - Sem conseguir encontrar minha língua, deixo a frase no ar.

Seus olhos se dirigem a mim, arregalados. Ela rapidamente diz:

- Nós não temos nada, Hermione. Eu era a melhor amiga de Pansy. Ele, o amor da vida dela. Não há condições de ter algo entre nós dois.

Algo começou a crescer dentro de mim, algo chamado "curiosidade". Mexi e remexi meu cérebro até encontrar exatamente o que eu queria dizer.

- Emília, o futuro é algo tão inimaginável e, ao mesmo tempo, tão magnífico que não podemos dizer que não há como algo não acontecer ou acontecer. - Respiro fundo, aproveitando para dar uma pequena brecha para que ela absorva. - Temos que seguir em frente, tudo acontece com um propósito. Eu sei que você pensa assim, sei que Blásio pensa assim e sei que Pansy também pensava dessa forma. Mais do que isso, sei que tudo o que ela mais quer, aonde quer que ela esteja, é nos ver felizes.

Algo brilhou rapidamente em seu olhar, mas logo se foi. Ela balançou freneticamente a cabeça em sinal de negação, os cabelos negros bagunçando-se.

- Seria errado. Eu e ele seria muito errado, a coisa mais errada que poderíamos fazer. Sem contar que nós nem ao menos nos suportamos!

Isso me fez sorrir, lembrando-me um casal em particular.

Meu Amado MonitorWhere stories live. Discover now