Capítulo 34 - Cartas e Desabafos

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POV PANSY

- E então, Pansy, vai me contar ou não? - Ele insistiu.

A verdade é que, olhando dentro de seus lindos olhos negros, fico sem ação. Não sei se digo logo a ele tudo que está entalado em minha garganta ou se engulo tudo isso, deito a cabeça no travesseiro e tento dormir.

Talvez contar fosse uma boa opção. Dizer a ele que meus pais me expulsaram de casa por estar grávida, dizer que tenho a necessidade de ter alguém como ele ao meu lado, dizer que... Mas eu não posso simplesmente dizer. Ainda há muitas coisas nessa história que eu não estou preparada para trazer à tona.

- Pansy - Ele pega minhas mãos e fixa ainda mais os lindos olhos em mim -, sei que você não gosta muito de falar o que se passa dentro de você, eu sei disso. Mas, me diga: alguma vez eu contei algum segredo seu?

- Não.

- Então, confie em mim.

Ele se aproxima mais. Conforme seu perfume toma conta do ambiente sinto-me embriagada por ele. Mas eu não posso permitir isso.

- Pansy, por favor?

Minha visão começa a ficar levemente embaçada, o que não me agrada nem um pouco. Sinto como se eu fosse explodir, como uma bomba cheia de sentimentos soturnos, cálidos, repugnantes e soturnos. Tudo como se fosse uma espécie de complô para me fazer ficar mais confusa. E juntando tudo isso a uma pessoa tão maravilhosa como Blás, não resisto e caio em lágrimas.

Sinto seus braços me envolverem rapidamente, o que me faz chorar ainda mais. Ele afaga meus cabelos, beija minha testa, pressiona-me contra ele. E tudo o que consigo fazer é chorar. Engolindo o nó em minha garganta, forço-me a dizer:

- Eu não sei mais o que fazer.

- Você pode confiar em mim.

Mais uma vez ele fixa os olhos nos meus, mas deixando suas mãos em meus ombros.

- Me promete que não vai me odiar, que não vai me abandonar...

- Prometo. - Ele me interrompe.

- Você é tudo que eu tenho.

Percebo a surpresa nascer em seus olhos, depois um sorriso se esboça no canto de seus lábios.

- Blás, eu não quero continuar sendo o "elo fraco da corrente", como minha mãe costuma dizer. Eu queria poder ter a força que ela e meu pai têm, queria poder colocar meu egoísmo à frente de tudo mas...

- Mas você não é como eles, Pansy. Você realmente chama aquilo de força?

Abaixo a cabeça e encaro minhas mãos, mas ele logo trata de levantar meu rosto.

- Para de me julgar e de julgar minha família e me deixe terminar. - Digo baixinho.

- Pois bem, termine.

Respiro fundo enquanto tomo coragem para continuar. Eu não posso realmente contar tudo, mas posso dizer uma boa parte.

- Desde criança eu fui rejeitada pela minha família por ser fruto de uma gravidez indesejada, eu cresci num ambiente em que ninguém se amava, a família do meu pai vivia em pé de guerra com a da minha mãe, minha tia era ninfomaníaca e tinha relações sexuais até mesmo com trouxas, o marido dela era psicopata, minha duas avós tinham sérios problemas de memória e nunca se lembravam de mim, meus primos eram todos homens e um pouco mais velhos e sempre tentavam tirar uma casquinha de mim e não adianta fazer essa cara de quem não entendeu porque eu sei que você entendeu.

Parei um pouco para tomar fôlego. Respirar por dois realmente é difícil.

- Eu não sabia de tudo isso.

Meu Amado MonitorWhere stories live. Discover now