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Ignorar o estrangeiro foi o desafio mais difícil que já tive que fazer na minha vida. E mesmo assim não o consegui cumprir.

No domingo, a seguir à festa, levantei-me de madrugada porque passei a noite a pensar sobre todos os acontecimentos daquela noite. Passei a manhã trancada no quarto a compôr uma nova música, o que até me ajudou a esquecer um pouco o assunto. Mas ele voltou. Voltou quando tive que me sentar frente a frente com Luke ao almoço. Os nossos olhares encontravam-se a toda a hora. Eu não largava os seus olhos azuis e ele não largava os meus cinzentos. O mais desconfortável para mim era que havia algo na minha mente que me fazia querer tocar-lhe de novo. Tocar...os seus lábios. Não. Isto não podia acontecer, isto era só a necessidade de dormir a falar.

À tarde, de volta ao meu quarto, um papel deslizou por baixo da minha porta.

Precisamos de falar.

Suspirei e peguei num papel, escrevendo:

Não temos nada para falar.

Passei-o por debaixo da porta, para receber outro logo a seguir.

É assim que vais encarar o que aconteceu???

Nova resposta minha:

Não aconteceu NADA.

Um último papel deslizou para dentro do meu quarto, apresentando a mensagem final.

Como queiras!

Isto estava a dar cabo de mim. Este assunto estava a entupir a minha cabeça com perguntas sem resposta. O melhor era definitivamente esquecer. Quanto mais depressa o fizesse, mais depressa as perguntas despareciam. Pelo menos, assim o esperava.

Quando me preparava para sair do quarto para ir jantar recebi uma chamada da minha "melhor amiga".

- Diz, Emma - disse eu, atendendo sem qualquer saudação.

- Temos que falar sobre o trabalho de Filosofia.

- O que tem o trabalho de Filosofia?

Eu sabia bem o que ela ia pedir, ou melhor ordenar, a seguir mas decidi perguntar na mesma.

- Eu ando super cansada e preciso de ir ao spa por isso não tenho tempo de o fazer. Tens que fazê-lo tu.

- Emma, estás cansada de quê? As aulas começaram há uma semana.

- Não tens nada a ver com isso, Carol. Se eu digo que estou cansada é porque estou mesmo e por isso fazes-me o trabalho. Estamos entendidas? - perguntou ela, irritada.

- Sim, sim. Para quando precisas dele?

- Quarta-feira.

- O quê? Não tenho tempo de o fazer até quarta.

- Quero lá saber. Arranja-te - disse ela, desligando-me a chamada na cara.

Os nervos subiram-me à cabeça e numa expressão de raiva, acabei por atirar o telemóvel à parede deixando-o caído no chão e saindo para jantar. Esta gaja era insuportável!

*

A manhã seguinte deu início a uma nova e cansativa semana de aulas. Todos pareciam já ter esquecido a semana anterior apesar de ela ainda estar tão presente na minha cabeça.

Não voltei para o meu lugar ao lado do Luke. Não voltei a entregar trabalhos, ou sequer falar com um professor, antes de Emma pois era tanto o medo que eu tinha dela. Também não voltei a dirigir a palavra ao Luke apesar de nenhum de nós conseguir descolar os olhos um do outro.

Emma passou toda a semana a tratar-me como se eu fosse sua empregada. Carol faz isto, Carol vai buscar aquilo. Eu tinha de obedecer às suas ordens, e ai de mim se as desrespeitasse. O trabalho de Filosofia dela foi feito e entregue a tempo mas antes disso tive que ficar segunda e terça acordada até à uma da manhã para o conseguir fazer.

Mas, de certa forma, a semana até estava a correr bem, dentro dos possíveis. Não tinha havido ameaças, não tinha havido humilhações. Já me podia considerar feliz.

Uma felicidade que durou pouco. Na sexta-feira à hora do almoço, estava eu sentada num dos bancos de pedra do pátio da escola, a jogar um jogo qualquer no meu telemóvel ( sim, ele sobreviveu à pancada na parede), quando vi Emma aproximar-se de mim completamente fora de si.

Sem me deixar fazer uma única pergunta, agarrou violentamente no meu cabelo e com ele, puxou-me até um canto, ignorando os meus pequenos gritos de dor.

- Caroline Smith, foi muito feio o que tu fizeste - disse ela, nunca largando o meu cabelo. - Só te vou avisar uma única vez. Eu não gostei nada da conversa que o teu amigo veio ter comigo. Se não queres que as coisas piorem para o teu lado, é melhor ficares quieta e calada. Para a próxima, pensa duas vezes antes de mandares alguém vir falar comigo sobre como te trato ou deixo de tratar, estamos entendidas?

Acenei furiosamente com a cabeça, cheia de medo. Ela largou finalmente o meu cabelo, atirando-me contra a parede e desaparecendo dali.

Caí no chão, deixando as lágrimas caírem, molhando toda a minha face assustada. Eu não percebia. Eu não tinha mandado ninguém ir falar com ela. Eu nem tinha nenhum amigo a quem pudesse mandar fazer isso. A pessoa mais próxima que tinha agora era Eve e ela não ia ter aquela conversa com Emma. De resto, não tinha mais nenhum amigo. Não sabia quem...

Luke.

Eu não acreditava no que ele tinha feito. Mas porque é que ele se foi meter? Não era nada com ele. Porque é que ele teimava em dificultar-me a vida?

Mas, desta vez, ele ia ouvir-me. Ele tinha de aprender que eu sou a dona da minha vida e ele não podia meter-se nela.

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N/A:

Olá minha gente mais linda!

Gostaram do capítulo? Espero que sim.

Quero desde já agradecer a todos vocês pelas 800 leituras da Exchange. Sinto-me mesmo feliz e isso deve-se a vocês, por ajudarem continuamente o crescimento desta história.

Continuem a votar e a deixar as vossas opiniões e sejam felizes.

Kisses

heart_in_love

Exchange • l.h. •Where stories live. Discover now