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Precisamos de falar. Amanhã, às 4 horas, no café ao lado da escola. Por favor.

Li e reli a mensagem uma centena de vezes e mesmo assim não estava segura se a devia mandar ou não. Eve tinha dito para esperar uns dias para a situação acalmar, mas eu não aguentava muito mais viver assim. Tinham-se passado apenas três dias desde a minha discussão com o Ashton, mas eu estava preocupada com ele e queria saber como ele estava, queria explicar-lhe tudo calmamente, queria pedir-lhe perdão. Eu e o Luke tínhamos cortado relações. Não havia discussões, mas também não havia qualquer outro tipo de conversa. Havia apenas olhares cruzados e as minhas lágrimas à noite pelo o sofrimento que causara e que me tinham causado.

Voltei a concentrar-me na mensagem e perguntei a mim própria se era mesmo aquilo que eu queria. Sim, era. Eu queria, mais que tudo naquele momento, falar com o Ashton, mesmo que fosse para o ouvir insultar-me e dizer como eu tinha sido uma desilusão para ele.

Carreguei em Enviar e a mensagem voou até ao telemóvel do Ashton. Esperei por uma resposta dele, mas ela nunca chegou. Só me restava esperar que ele aparecesse.

*

- Eu não sei o que fazer, sinceramente! - explodiu o professor de Física. - Vocês são um desastre, estas notas estão uma miséria. O que é que vocês querem fazer da vossa vida? Ficar a limpar ruas até ao fim dos vossos dias? Com estes resultados não vão chegar longe, deixem-me que vos diga. Acreditam que 70% da turma teve negativa?

Estava com os nervos à flor da pele. Cada palavra que o professor proferia deixava-me cada vez mais nervosa. Digamos que Física não era aquilo que eu gostava mais e era a disciplina em que tinha notas mais baixas. No último teste tinha conseguido um 17 com muito esforço, mas neste não sabia qual seria a minha sorte.

Quando o professor me entregou o meu teste, o meu coração parou.

14.

- Esperava mais, Menina Smith - murmurou ele.

Também eu!

Um 14. Eu tinha tido 14. Eu até estava com dificuldade em respirar. O teste não me tinha corrido assim tão mal. Porque é que tinha tido esta nota? Isto ia baixar tanto a minha média. E pior que tudo: os meus pais iam matar-me. Eles nunca aceitariam esta nota.

Ao meu lado, Luke começou a festejar animadamente e eu olhei de relance para o seu teste.

19,6.

Só podiam estar a gozar comigo! A sério! O que é que eu andava a fazer à minha vida?

- Humm... Carol, estás bem? - ouvi a sua voz grave perguntar.

Olhei-o furiosamente. Se eu não tivesse aprendido a gostar tanto dele, eu juro que o espancava. Felizmente, consegui controlar-me.

- Estou perfeita - menti, de certa forma para que ele não me voltasse a dirigir a palavra.

- Sabes que eu não acred...

- Luke! Eu estou bem. Eu não quero falar contigo - interrompi-o.

Ele calou-se e vi-o mordiscar o piercing nervosamente. Não era fácil para mim estar tão afastada dele. Eu não negava que gostava imenso dele e essa era a principal razão para a falta de contacto com ele me doer tanto. Mas eu tinha olhos na cara e sabia perfeitamente que também não estava a ser fácil para ele. Nestes últimos dias, o azul dos seus olhos escurecera tanto que às vezes quase parecia preto. Eu sentia em mim a revolta presente no corpo dele. Mesmo assim, eu ainda não estava preparada para falar com ele.

Quando tocou para a saída e já todos tinham abandonado a sala, ele puxou-me o braço e virou-me de frente para ele.

- Tu sabes como isto me está custar - disse ele, com os olhos ligeiramente molhados. - Eu até percebo que estejas magoada, apesar de não saber a razão, mas eu não suporto não falar contigo. Eu preciso de ti, dos teus lábios, da tua presença. Por favor, fala comigo.

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