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- Desculpa?! - os meus pais disseram ao mesmo tempo.

Eu olhei de relance para o Luke e depois disse:

- É isso mesmo que vocês ouviram. Eu tive 14 no teste de Física.

- E podemos saber porque é que tiraste essa miséria de nota? - perguntou o meu pai, visivelmente chateado.

- Porque o teste não me correu tão bem como os outros.

- Não te correu tão bem? Isso não é correr menos bem, isso é falta de estudo, Caroline. São as saídas com a Emma, o chegar a casa mais tarde e muito provavelmente distrações enquanto estudas no teu quarto - o meu pai berrou.

- Estás a ser injusto. Tu sabes que eu me farto de estudar para ter as notas que tenho - contrapus, indignada.

- Estou a ser injusto, Caroline? Eu só quero que tenhas um bom futuro e tu estás a estragá-lo com essas maniazinhas de uma típica adolescente.

- Porque se calhar é isso que eu sou! - gritei, para logo a seguir receber um estalo da minha mãe.

- Marie! - Luke gritou.

- Não te metas neste assunto, Luke - ameaçou ela. - E tu, minha menina, tens que aprender a não gritar connosco. Não é essa a educação que nós te damos.

Coloquei a mão na minha face que ardia intensamente e as minhas lágrimas precipitaram-se a cair.

- A partir de agora não há mais saídas e vens para casa assim que as aulas acabarem. Vamos ver pelo teu horário. Para não falar que vamos vigiar muito mais o teu estudo - enumerou o meu pai.

Eu sentia uma raiva enorme dentro de mim. Só queria sair dali a correr e fugir para outra parte do mundo onde não fosse constantemente criticada.

- É tudo? - perguntei, furiosa.

- Por agora,... - o meu pai começou a dizer, mas eu virei costas e fui para o meu quarto sem sequer ouvir o que ele disse a seguir.

Sentei-me no chão e encostei-me à minha cama. As lágrimas caíam incontrolavelmente e ensopavam a minha roupa, mas eu não estava minimamente preocupada com isso. A minha bochecha ainda doía da força do impacto da mão da minha mãe. Não tinha sido a primeira vez que eles me tinham batido e não seria a última.

Memórias do passado voavam furiosamente dentro da minha mente e a minha cabeça começou a andar à roda.

Fechei os olhos e assim os mantive durante alguns minutos até as tonturas pararem.

Permaneci na mesma posição, sentada no chão à frente da cama, durante duas horas. Tinha perdido toda a vontade de me mexer.

- Carol!! - chamou o Luke, entrando de rompante no quarto. - Tu estás bem?

Ele apressou-se até mim e abraçou-me com força. Deitei a minha cabeça no seu peito e as lágrimas caíram ainda mais intensamente.

- Tem calma, eu estou aqui - ele murmurou e passou a sua mão suavemente pela minha cabeça.

- Luke... - chamei-o, soluçando.

- Diz.

- V-vai para o teu quarto. Os meus p-pais podem aprecer...

- Shh - ele interrompeu-me. - Não te preocupes. Eles já estão a dormir. E tu devias fazer o mesmo.

Dizendo isto, ele separou-se de mim e desfez a cama. Depois, puxou-me pela mão e indicou-me que me deitasse. Nem me importei de ainda estar a usar a roupa que vestira durante o dia. Já estávamos em Novembro e o tempo estava gelado.

Exchange • l.h. •Where stories live. Discover now