Maktub • Marquinhos ✅️

Tre

- Bom dia, Lina. Hoje eu irei trabalhar, mas é só por um período. Você quer ir ao shopping ou prefere ficar aqui? - Oliver me encheu de pensamentos logo pela manhã quando eu sequer lembrava que estava na França.

- Va bene, posso andare al centro commerciale sì. Voglio davvero fare un po' di shopping. - Eu disse.

- Oi? Repete na minha língua, por favor?

- Oh, me desculpe! Eu disse que tudo bem, posso ir ao shopping, quero mesmo fazer algumas compras.

- Ah certo! Em uma hora saímos, melhor se apressar.

Confirmei com a cabeça e quando ouvi a porta bater me afundei nos travesseiros. Não demorei muito a levantar, fui logo escolhendo a roupa para aquele dia.

Assim que desci Oliver me esperava na varanda de casa. A casa dele tinha vista para um bosque lindo. As árvores e flores deixavam o local com cheiro de floresta, era agradável. A estrada também era linda, cercada por vegetação por todos os lados e em alguns momentos víamos casas. Ali era como um interior em meio a uma cidade grande.

Saímos de casa e em algum tempo estávamos no shopping.

- Volto antes das 18. Se precisar ou tiver alguma dúvida me ligue, estarei com o telefone em mãos a todo instante.

- Tudo bem. Mas creio que não vá ser necessário, acho que um shopping não é um bicho de 7 cabeças! - Disse fazendo-lhe rir. - Quando estiver voltando me avise que te espero aqui nessa porta.

- Boas compras! Au revoir.

- Grazie. Arrivederci! - Respondi.

Ok. Agora era a minha hora. Pensei enquanto analisava a fachada do shopping, percebi que talvez ele não fosse tão grande quanto os que eu já tinha visto, mas esperava que tivesse o que eu procurava.

Andei por alguns corredores e a cada passo me encantava por alguma coisa. Analisei vitrines, entrei em lojas, experimentei e algumas levei. O estilo dos franceses era completamente diferente dos italianos. Enquanto na Itália as pessoas não iam a esquina sem uma peça da Gucci ali as pessoas estavam sempre na moda, independente se fosse de marca de luxo ou não.

Andando por mais algum tempo vi um rosto conhecido saindo de uma certa loja. Analisei por alguns segundos e lembrei. Era Marquinhos. Aquele rosto jamais seria esquecido por mim. Me aproximei para ver se ele ainda se lembrara de mim.

- Ciao! Marquinhos não é? - Eu disse me aproximando.

- Oi Angelina! Isso mesmo. Você lembrou!

- Seria difícil esquecer e por favor me chame só de Lina. - Ele assentiu antes de eu continuar. - Inclusive o jantar foi ótimo. Estava tudo uma delícia! Agora creio que vocês devam conhecer a culinária italiana. Algum dia posso cozinhar para vocês!

- Ah eu ficaria extremamente grato! As vezes que estive na Itália tive a melhor experiência com comida em toda a minha vida. Posso dizer que a Itália é o país da moda e das deliciosas comidas, assim como a França é dos doces.

- Com certeza! A Itália é incredibile!

- Acho fofo como você mistura francês e italiano. Não são todos que dominam as duas línguas viu?

- Ainda não me acostumei a só falar em francês. Italiano para mim é o mais fácil e o motivo eu nem preciso explicar.

- Já para mim o francês é obviamente mais fácil. - Eu sorri para ele.

Um silêncio que durou longos segundos se instaurou entre nós até que eu decidi olhar o relógio e uma mensagem do meu pai acendeu a tela. Ele já estava a caminho para me buscar. O dia realmente havia passado rápido.

- Ops! Meu pai já está vindo me buscar para voltarmos para casa. Foi bom te ver, Marquinhos! Espero que a linda Paris seja tão pequena a ponto de nos encontrarmos sempre. - Sorri. - Espero te encontrar em breve e que possamos criar uma bela amizade.

- Com certeza, eu também espero. E também espero que a cidade do amor seja tão pequena a ponto de nos encontrarmos na primeira praça que você ver. - Nós rimos. - Até mais, Lina. Foi bom te ver.

- A più tardi, Marquinhos! - O abracei e sai em direção a entrada principal.

Ele era realmente muito simpático e bonito. Era uma pessoa fácil de se conviver pelo seu jeito brincalhão e acolhedor ao mesmo tempo. A risada era certa e ao lado de Marquinhos você sequer via o tempo passar, ele era entretenimento puro e colírio aos meus olhos.

Andei depressa para não deixar meu pai esperando, mas olhei para trás na esperança de vê-lo me observando. Ele não estava. Uma parte de mim agradeceu mas outra se entristeceu. Ao mesmo tempo que eu não sentia nada por ele meus olhos pediam Marquinhos a todo segundo. O que eu estava sentindo? Essa era a minha maior dúvida naquele momento.

Acordei de meus pensamentos ao ver o carro de Oliver entrando no estacionamento do shopping. Dei alguns passos para que ele me visse e em poucos minutos já estávamos indo de volta para casa e comentando sobre o dia que eu tive. Meus pés latejavam de tanto andar, meus braços estavam marcados por conta da sacola e o sono tomara conta de mim. Naquele momento eu só queria um banho relaxante e a minha cama.

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