Diciotto

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6 de dezembro de 2019, Paris, França

"Enrico tem origem italiana e significa “homem que governa o lar”. Enrico é uma variação italiana de Henrique que, por sua vez, deriva do germânico “Heimirich” (“heim” significa lar e “rich” quer dizer poder)."

Quando descobri que estava grávida pela segunda vez eu senti medo e um friozinho na barriga. Sempre amei aventuras e sabia que estava embarcando em uma que não tinha volta, e mesmo assim fui. Mesmo com medo, mesmo me sentindo incapaz, apenas fui.

Me deixei ser consumida por tudo que a maternidade me trouxe e, descobri dentro de mim, uma nova mulher.

Eu tinha acabado de dar entrada na maternidade de Paris em trabalho de parto. Entre as contrações sentia um frio na barriga tão bom que quase me fazia cócegas.

Como sempre, Marquinhos estava ao meu lado sendo minha força. Assim como no nascimento da Mahina.

- Eu sei que agora você está sentindo uma dor insuportável, mas peço que seja forte. - Ele disse em meu ouvido. - Só você tem a sorte de trazer nosso filho ao mundo e faz isso pela segunda vez. Esse é um dos motivos de eu te admirar tanto. Você é além de uma esposa e mãe maravilhosa, Angelina. Eu te amo de montão.

Meus olhos encheram de lágrimas e uma se arriscou ao cair, fazendo todas tomarem coragem e saírem, me fazendo cair no choro.

Talvez fosse pela gestação, talvez fosse por conta dos hormônios a flor da pele por causa do parto, mas eu estava mais emocionada que o normal. Senti uma dor inexplicável e que eu já conhecia. Sabia que aquela havia sido a hora em que Enrico tinha escolhido para vir ao mundo.

Dezembro. O mês que meus dois filhos escolheram para nascer. Em dezembro era inverno na Europa e naquele dia não seria diferente, fazia 3 graus em Paris. Da janela do hospital em que eu estava via todos vivendo suas vidas, inúmeras pessoas andavam para lá e para cá enquanto a neve caia sobre nós.

Paris era sempre linda, a cidade tinha uma magia inexplicável. Eu amava o fato de aquela cidade ter me escolhido para viver tantas maravilhas, lembraria de agradecer a minha mãe por isso quando chegar no céu, mas isso era um pensamento para outra hora.

- Vamos ver sua dilatação, Lina?

- Vamos doutora! Só quero ver meu filho!

A doutora fez o exame de toque e eu estava com 10 centímetros de dilatação. Senti uma lágrima escorrer em meu rosto. Uma lágrima de felicidade. Enrico nasceria em algumas horas.

O expulsivo ocorreu como o esperado, depois de alguns minutos fazendo força o choro do meu bebê tomou a sala, e eu e Marquinhos caímos no choro. Era sempre uma emoção ter um filho, mas quando era ao lado de Marquinhos tudo se tornava ainda mais mágico.

Assim que a doutora colocou o bebê em meus braços, beijei o topo de sua pequena cabeça, tive vontade de falar mil palavras mas, naquele momento, minha boca se calou para dar vez ao meu coração, e como ele estava gritando.

Assim que fui encaminhada para o quarto recebi a visita da minha melhor amiga, Fiorella sabia exatamente o momento de chegar e de sair e eu a admirava muito por isso. Ter ela perto de mim nos meus partos e nos momentos em que mais tive medo fez dela a pessoa mais especial para mim, não sabia viver sem a presença da minha melhor amiga e isso era um fato.

Baixei a cabeça para admirar Enrico que dormia com um ar sereno em meus braços. Eu nunca me cansaria de dizer que virar mãe mudou a minha vida por completo, eu nunca havia imaginado estar naquele lugar pela segunda vez — nem imaginei na primeira — e mesmo assim sentia que tinha nascido para tal coisa. Eu amava ser mãe, era real.

Maktub • Marquinhos ✅️Où les histoires vivent. Découvrez maintenant