Como último pedido, a mãe de Lina implorou que ela passasse uma temporada em Paris e assim ela fez, só não imaginava que iria encontrar algo muito além de lembranças doloridas.
*Inspirado em Amor & Gelato*
Era mais um dia normal em minha vida. Acordei como de costume e quando levantei notei que minha cama estava encharcada de água. Eu já estava de 9 meses, mas não imaginei que fosse líquido amniótico. Achei que tinha feito xixi nas calças.
Fui até o banheiro, tomei um banho e troquei de roupa, afinal não podia ficar molhada. Quando desci a escada mais uma vez senti o líquido escorrer pelas minhas pernas e ali eu comecei a entrar em alerta.
- Amor, eu acordei com a minha cama encharcada. Não entendi nada.
- Mahina está nascendo! Vamos para o hospital.
- Calma, Marquinhos. Se for realmente isso a bolsa só estourou. Fique tranquilo. - Eu disse e sentei para tomar café.
Meu namorado ainda me olhava apreensivo e eu não entendia o que o deixava tão nervoso. Em outras situações eu estaria tão desesperada quanto ele, mas eu estava tranquila. Só queria tomar um café da manhã reforçado.
- Vamos pro hospital amor! Por favor. Não sei fazer um parto em casa!
- Calma amor, eu tô tomando café. Depois pensamos nisso, agora senta aí e se acalma! - Eu apontei para a cadeira que estava em minha frente.
Assim que terminamos de comer eu decidi ligar para minha médica. Ainda no meio da gestação eu decidi que teria um parto cesária, eu preferia, sabia que não aguentaria passar horas e horas em trabalho de parto e queria estar bem para aproveitar as primeiras horas da minha filha.
- Olá doutora. Hoje acordei diferente. Minha cama estava encharcada de água. Creio que seja líquido amniótico.
- E você fala nessa calma? Está sentindo algo?
- Não. Na verdade estou tranquila.
- Isso é importante. Como você está sem dor ou algo do tipo, fique em casa. Se quiser fazer algum exercício para agilizar as coisas, fique a vontade. Assim que você iniciar com as contrações vá para o hospital.
- Tudo bem. Obrigada doutora. - Desliguei e Marquinhos me olhava suplicando por uma resposta.
- O que ela disse?
- Como eu já havia imaginado, ainda é cedo demais para irmos ao hospital. Temos que esperar eu ter contração. - Deitei no sofá e Marquinhos veio junto.
- Você já ligou para Fiorella?
- Sim. Ela deve chegar aqui em algum tempo. - A campainha tocou e Marquinhos fora abrir a porta.
Me senti como uma vidente quando vi um carrinho de bebê aparecer na porta da sala. Fiorella havia chegado e tinha trazido esforços.
- Fio! - Eu disse levantando para abraçar ela.
- Estava com tanta saudade, amiga. Como está você e Mahi? - Ela acariciou minha barriga.
- Estamos bem. Hoje acordei com a bolsa amniótica estourada! A médica disse que assim que eu começar a sentir contrações já posso ir para o hospital.
- Que maravilha. Helena veio lá de Florença para ver a melhor amiga nascer. Tem até look especial!
Helena vestia um vestido rosa escrito "migliore amico" e Fiorella segurava outro lilás com a mesma frase. Meus olhos marejarem ao ver aquela cena. Helena era fruto de uma recaída com seu ex, Alisson, que na época jogava em Roma. A garota se parecia quase que totalmente com Fiorella e desde que ela havia nascido, minha amiga tinha dado lugar a uma versão de si mesma que eu admirava mais que tudo.
Repentinamente senti um pontada no pé da minha barriga me fazendo colocar a mão nela e me apoiar na parede que estava próxima a nós. Não demorou muito para Marquinhos me colocar sentada e segura no sofá.
- Agora vamos para o hospital?
- Calma Marquinhos! - Eu e Fiorella dissemos em coro.
- Amor, por favor desce as malas dela enquanto eu ligo para a minha médica.
- Você tem certeza que vai ficar sozinha?
- Eu fico aqui com ela, Marqui. Fique tranquilo. - Minha amiga me olhou com os olhos brilhando. - Agora você vai conhecer o amor de sua vida. - Beijou o topo de minha cabeça e eu sorri sonhando com tal momento.
Peguei meu telefone e liguei para minha médica. Eu não havia discado seu número e já estava ansiosa para escutar sua voz.
- Oi doutora. Tenho atualizações. Comecei a sentir contrações.
- Chegou a hora, Lina! Vamos para o hospital.
Ouvir aquela palavra acelerou meu coração. Eu que até então estava tranquila, já estava contando os segundos para segurar minha filha e viver uma vida inteira com ela.
- Filha, eu desejo que você tenha uma ótima hora. Mahina vai ser a alegria de nossas vidas, e eu não tenho dúvidas.
Minha sogra disse quando estávamos saindo e eu já estava chorando, a mais velha beijou a minha testa e continuamos indo em direção ao hospital. Helena havia ficado com a mãe de Marquinhos, já que eu fazia questão de ter minha melhor amiga comigo no meu parto.
Assim que entramos no hospital eu comecei a chorar compulsivamente. Ainda não acreditava que seria mãe e nessa hora deixei que o medo me visitasse.
- O que foi Lina? - Fiorella agachou em minha frente enquanto Marquinhos fazia meu cadastro no hospital.
- Estou com medo, Fio. Muito medo.
- Medo de que?
- Medo de acontecer a mesma coisa que aconteceu com a minha mãe. Medo de não ser capaz de criar Mahina do jeito que ela merece. Medo de falhar. Não sei se estou pronta para ser mãe. Não sei nem por onde começar.
- E você acha que no dia que Helena nasceu eu sabia? Pois saiba que não. Eu senti muito medo também. Mas fique tranquila que quando você ver Mahi, tudo vai fazer sentido. - Confirmei com a cabeça e ela começou a afagar meus cabelos.
Fui encaminhada para a sala de cirurgia e não demorou muito para que o choro de Mahina tomasse conta da sala. A enfermeira trouxe ela até mim e aquele era o nosso momento. Senti que naquela hora tudo parou para que eu conhecesse minha filha. Olhando aquele rostinho sereno que se acalmou ao ouvir minha voz, eu dei lugar a Angelina mãe.
- Que você tenha vindo ao mundo com gentileza, filha. Que sua vida seja espelho de alegria para outras pessoas e que você seja minha companheira para sempre. Eu te amo Mahina Fontana Aoás. - Desejei e depositei um beijo em sua testa.
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O próximo capítulo sai assim que a meta de 10 comentários bater. Até a próxima. Insta da Lina: @linafmoretti.
