Sei

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Florença continuava a mesma coisa. A cidade pela qual eu sempre fui apaixonada tinha sempre um ar de casa, mas ao mesmo tempo era o pior lugar para estar com o coração partido. Por onde quer que eu fosse veria algum casal apaixonado e em todas elas meu coração se contraía.

Era meu primeiro dia na universidade desde que eu havia voltado de Paris. Estava indo em direção a minha turma quando uma moça loira, de olhar marcante me parou.

- Oi, tudo bem? Eu sou nova aqui e queria saber onde fica a turma de moda.

- Oi! Eu não sei ao certo, sou da turma de jornalismo, acho que na recepção eles podem te informar melhor.

- Ah, tudo bem. Muito obrigada! A propósito, meu nome é Fiorella. Estou adorando a Itália, você é italiana?

- Meu nome é Angelina e sim sou italiana. E você?

- Sou brasileira. Bom, deixa eu ir para não me atrasar para o meu primeiro dia de aula! Muito obrigada, Angelina. Ciao!

Me despedi dela e fui até a minha sala que continuava a mesma. E encontrei minha amiga Vincenza.

🍦

Os primeiros dias em Florença passaram mais rápido do que eu esperava. Aos poucos eu ia me acostumando com Fiorella. Por mais que em algumas vezes me sentisse irritada por ela fazer tantas perguntas eu gostava de sua amizade.

Fiorella ou Fio como todos a chamavam, era todinha emoção, falava o que queria e sentia sem se importar com a opinião alheia - em alguns momentos eu admirava ela por isso -, enquanto eu era completa razão, sem pisando em ovos com as pessoas e muito desconfiada, sempre fui muito controladora. Queria que tudo acontecesse conforme meus planos e meu jeito e claro, quase sempre eu acabava me decepcionando.

- Linaaaa! - Escutei a voz de Fiorella tomar conta do longo corredor da faculdade.

- Oi Fio. - Disse me virando para ela.

- Que bom que te alcancei. - Ela disse ofegante. - Como é nosso último dia de aula o que você acha de sairmos para beber? Em duas semanas termino meu curso! - Me impressionei pela ideia ser tão boa.

- Por incrível que pareça eu adorei a ideia. Vamos sim! - Eu disse animada.

- Certo! Te pego às oito na sua casa?

- Certo. Obrigada pelo convite.

Soltei um beijo para ela e voltei a andar em direção a minha sala.

A hora marcada com Fiorella chegou mais rápido do que eu pensava e em pouco tempo já estávamos indo para o centro de Florença. Às sextas-feiras o centro da cidade ficava bem movimentado, principalmente no verão que era onde os turistas chegavam.

Descemos do uber um pouco distante do bar onde sempre íamos e fomos andando, pois sabíamos que pela redondeza não haveria nenhum lugar disponível para descermos. Andar um pouco mais do que o esperado não era nenhuma tortura, estávamos em Florença, tudo ali era encantador. Na verdade, a Itália por inteiro era assim.

Antes de irmos ao bar passamos em uma gelateria que sempre íamos com o pessoal da faculdade. Por algum motivo o pessoal da minha sala adorava Fiorella. No fundo eu também gostava dela. Éramos uma o complemento da outra. Razão e emoção. Yin-yang.

Terminamos de tomar nossos gelatos e fomos para o bar. Por mais que fosse um bar, o local era chique. A luz era baixa, o som era animado e estava lotado. Levamos um certo tempo para entrar e quando finalmente conseguimos uma mesa, já se passava das dez da noite.

- E aí, com o que vamos começar? - Fiorella me perguntou com tom animado.

- Vamos de tequila para aquecer? - Ela me olhou orgulhosa.

- Essa é a minha garota! - Se virou para o garçom e pediu duas doses que não demoraram para chegar.

- Encima. Abajo. En el centro. ¡En el interior! - Fizemos a brincadeira que os espanhóis da faculdade sempre faziam.

Continuamos ali, entre doses e risadas, sem ver o horários passar e nos divertindo. Querendo ou não, ali criamos uma amizade que nem imaginávamos. Um laço que iria muito além da faculdade e ambas gostavam disso.

Em certo momento, quando já estávamos bêbadas, Fiorella começou a falar de sua vida no Brasil e o que fizera vir para a Itália. Eu também resolvi falar sobre a minha vida, falei sobre a minha mãe, sobre o meu pai até que chegou em Marquinhos e cai em lágrimas.

- Quem nunca foi babaca em uma relação, que atire a primeira pedra!

Só essa frase foi possível entender dentre todas as coisas que Fiorella havia dito. Enxuguei as lágrimas, pedimos a última dose e voltamos para casa.

Ao chegar no meu apartamento só tive forças para trocar de roupa e deitar na cama. Certamente na manhã seguinte eu teria uma baita dor de cabeça e uma ressaca enjoada como companheiras. Mas não ligava para tal.

Adormeci sem perceber e acordei com meu relógio apitando e alguém batendo em minha porta.

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Oi pessoal! Chegamos ao sexto capítulo! Espero que estejam gostando. Não se esqueçam de favoritar e de seguir a Lina no Instagram @linafmoretti. O próximo capítulo sai assim que a meta de 10 comentários for batida. Beijos e até a próxima.

Maktub • Marquinhos ✅️Onde histórias criam vida. Descubra agora