Undici

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A cada dia que se passava eu me acostumava mais com a ideia de ser mãe. Ficava ansiosa pelas ultrassons, explodia de alegria ao sentir os chutinhos e não conseguia passar por uma loja de bebê sem dar uma olhadinha nas roupinhas e acessórios.

Que a maternidade já tinha me mudado não era segredo, mas eu não sabia era que ainda tinha muita coisa para rolar. Eu estava de quase sete meses de gestação e ainda não tínhamos um nome para nossa filha. Isso realmente estava me perseguindo e eu não parava de pensar em como era uma péssima mãe por não saber como minha filha chamaria.

Como sempre, eu e Fiorella fazíamos nossa ligação de todos os dias. Ela estava prestes a dar a luz a Helena, sua primeira filha com o goleiro Alisson Becker. Quando descobri que eu e minha melhor amiga estávamos grávidas na mesma época, me senti acolhida, tinha alguém que me entendia como ninguém para falar sobre tudo com a certeza que nunca seria julgada. Aquilo era reconfortante.

- Oi Fiofio! Como você está? - Eu disse animada.

- Estou exausta! Os 9 meses chegaram acabando comigo. Felizmente está no final. Inclusive, para quando é sua passagem pra cá? Preciso de você em Florença o quanto antes, Helena não sai daqui sem a dinda. - A loira brincou.

- Hoje a noite embarco. Não vejo a hora de estar aí com você, preciso falar sobre a minha frustração de não achar um nome para minha filha.

- Calma que já já aparece, acho que a minha afilhada quer um nome tão único que precisa fazer mistério até o dia de seu nascimento.

- Que isso não seja verdade, caso contrário irei surtar antes de dezembro. - Nós duas rimos. - Vou desligar, Fio. Preciso terminar de arrumar as malas e amanhã cedo eu e a neném estaremos em Florença pra acompanhar o nascimento da nossa italiana favorita!

- Não vejo a hora de ter vocês aqui. Amo vocês duas.

- Nós também amamos vocês duas. - Soltei um beijo e desliguei.

As coincidências que rodeavam a minha vida e de Fiorella eram realmente impressionantes. Nós nunca havíamos de fato planejado nada em nossas vidas, arrisco dizer que eu planejava bem mais que ela, que era totalmente do time "deixa a vida me levar". Por um lado eu até admirava a tranquilidade em que ela tratava da vida e de suas dificuldades, enquanto eu ficava uma pilha de nervos ao primeiro sinal de que as coisas não estavam indo como eu esperava.

Terminei de fechar a minha mala, tomei um banho relaxante e deitei para esperar o horário de ir para a estação de trem. Eu estava acostumada a fazer aquela viagem sempre, por isso não estava preocupada com o horário ou coisa do gênero.

- Amor, qualquer coisa que acontecer me liga. Estarei com o ouvido grudado no telefone. - Marquinhos disse enquanto eu pegava as minhas coisas para sair.

- Mais uma vez digo pra você ficar tranquilo, já já eu e nossa garota estaremos de volta e nem vai dar tempo de você sentir saudade.

- Impossível. Quando se trata de vocês duas, uma hora longe já faz meu coração apertar de saudade. Voltem logo, por favor.

- Te amamos papai. - Dei um beijo nele antes de entrar no Uber para ir em direção a estação de trem.

- E eu amo vocês. - Me deu mais um beijo e fez um breve carinho na minha barriga.

Nos despedimos e fomos em direção a estação de trem. Em algumas horas eu estaria com a minha melhor amiga, sentia um leve frio na barriga, como se fosse a primeira vez que eu fosse vê-la.

🍦

Florença costumava me trazer boas lembranças e sensações, mas ao mesmo tempo me trazia a lembrança de que fora ali que eu havia dado o último adeus a minha mãe. Entretanto isso não tirava a beleza daquela cidade aos meus olhos.

A estação estava lotada como sempre, fui andando em direção a saída quando vi os fios loiros, os olhos azuis e a barriga nada discreta de Fiorella um pouco a frente de onde eu estava. Tal cena fora como um colírio aos meus olhos, apressei o passo para chegar mais rápido a ela e dar-lhe o abraço que a tanto tempo eu estava guardando.

- Eu estava com tanta saudade, Fio. - Eu disse com lágrimas nos olhos.

- Eu também estava, Linoca. Você não sabe a falta que faz. Florença é um tanto quanto triste sem você pra alegrar as ruas com suas loucuras.

- A última que fiz estreia no mundo em dezembro.

- A minha estreia em alguns dias. - Nós duas sorrimos. - Vamos? Deixei um táxi nos esperando.

- Vamos!

Decidimos que iríamos aproveitar — com cautela — o meu primeiro dia em Florença. Fomos até a minha gelateria preferida e depois visitamos a Ponte Vecchio e o Piazza del Duomo. Definitivamente eu não me cansava de ir a esses pontos turísticos de Firenze. Depois do passeio voltamos para a casa de Fiorella e não demoramos muito a dormir.

A manhã chegou, revelando que o primeiro de outubro também havia chegado. Minha amiga amanheceu com algumas dores e logo "liguei" meu modo alerta. Algo me dizia que algumas horas mais tarde ela daria a luz a sua primogênita Helena e assim foi.

Quando me dei conta já estava na sala de espera da maternidade roendo as unhas e rezando para que Alisson chegasse logo ao hospital e em algum tempo ele chegou, ainda vestido seu uniforme de treino mas isso não seria problema. Adentrou hospital a dentro e ainda assim eu não me sentia aliviada. Queria estar lá, sabia que Fiorella precisava de mim naquele momento tão especial e assim foi.

- Senhora Angelina?

- Sou eu! - Meu coração quase parou quando uma enfermeira me chamou, pensei mil coisas mas fui em su direção.

- A gestante Fiorella Gelli está pedindo que você esteja com ela na hora do parto. Você se importaria em entrar?

- Em hipótese alguma! Pode me mostrar a sala que irei agora.

A moça apenas assentiu e me levou até onde estava Fiorella.

- Estou aqui, Fio. Traz nossa garotinha linda para esse mundão que tem um monte de gente querendo amar ela. - Falei em seu ouvido como forma de apoio.

Em algum tempo o choro de Helena tomou conta da sala e uma boa dose de alívio tomou meu corpo e junto com ela uma dose de emoção também veio e não pude conter o choro.

- Parabéns, Fio! Mil vezes parabéns! Helena é perfeita e eu amo vocês duas.

- Eu te amo, Lina.

Sai da sala pois Fiorella seria encaminhada para o quarto e enquanto caminhava pelo corredor escutei uma enfermeira falar um nome que me tocou de uma forma diferente e inexplicável. Mahina. Aquilo soou como um som dos anjos e na hora sabia que aquele seria o nome da minha filha.

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O próximo capítulo sai assim que a meta de 10 comentários bater.
Insta da Lina: @linafmoretti.
Beijos e até a próxima.

Maktub • Marquinhos ✅️Where stories live. Discover now