Livro #1 da Série Old Money by P. S. Gardem
Talvez Frederick deveria ter lhe contado que não era apenas um inglês idoso e sim o Duque de Norfolk.
Talvez ele devesse ter contado que tinha um castelo.
Talvez devesse ter avisado Sylvie seria sua primei...
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"São as surpresas que movem nossas vidas e nos tiram da ociosidade de uma vida sem aventuras."
Eu estava cansada.
Ou melhor, exausta.
Eu gosto do vento constante de São Francisco, por mais que meu cabelo nem sempre fique arrumado, mas as ladeiras são um ponto muito negativo. Meu Deus, as ladeiras! Por que essa cidade é tão estranha?
Troquei a minha bolsa para o outro ombro e continuei a subida assassina, sentindo a sacola de plástico criando fissuras vermelhas nos meus dedos. Mas eu sabia que a culpa era completamente minha. Eu poderia mudar de emprego. Talvez para um lugar mais perto de casa ou que me pagasse o suficiente para que eu pudesse andar pela cidade com conforto. Por que continuar a trabalhar em um lugar fadado ao fracasso?
Mas, todos os meses eu continuava no mesmo lugar. Talvez Vovó estivesse certa e eu fosse passiva demais.
Só sairia do meu trabalho na Editora Writing Lifes quando fosse obrigada. Literalmente, já que a Editora fecharia as portas em menos de um ano.
Trabalhar em uma editora de livros digitais era bem mais difícil do que eu pensei que seria. Eram originais demais para serem corrigidas e muitos relatórios infindáveis. Eu estava fazendo tantas revisões ultimamente que parecia que as letras dançavam na frente dos meus olhos, quando eu passava muito tempo na frente do computador. Mas esse era o trabalho que pagava as minhas contas.
Posso dizer que eu esperei mais de uma graduação em história, é claro. Mas eu estava disposta a pegar o que estava ao alcance das minhas mãos. O que não era muito.
Tinha sido difícil terminar a faculdade, principalmente quando minha avó decidiu se mudar com seu novo namorado para o Panamá, quando eu estava no segundo ano. E ela nem mesmo sabia falar espanhol!
Mesmo que eu sentisse bastante sua falta eu também queria que ela fosse feliz, e se sua felicidade estava em correr pelo mundo, então que fosse.
A minha felicidade está em manter os pés no chão e ter as contas do mês pagas em dia. Obrigada!
Quando cheguei em casa, larguei a bolsa no sofá e levei as sacolas de compras para o lado da kitnet onde ficava a cozinha. Ponderei por três segundos se era melhor guardar as compras e me livrar dessa tarefa ou seguir direto para o que eu ainda tinha que fazer hoje e depois voltar para guardar. Virei para minha mesa, sem remorso algum, tirei meu pen-drive, e pluguei no computador.
As tarefas domésticas poderiam esperar.
Três horas depois eu já tinha tomado três xicaras de café e parecia cada vez mais longe de terminar de editar esse livro.
E, sentindo o momento perfeito, meu celular começou a tocar, me assustando e tirando a minha concentração. Atendi, porque sabia que só uma pessoa poderia me ligar à 01:00AM.
