Livro #1 da Série Old Money by P. S. Gardem
Talvez Frederick deveria ter lhe contado que não era apenas um inglês idoso e sim o Duque de Norfolk.
Talvez ele devesse ter contado que tinha um castelo.
Talvez devesse ter avisado Sylvie seria sua primei...
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"Mesmo os velhos tendem a pensar que o tempo é infinito e que, sempre há tempo para curar as feridas. Mas não controlamos o dano que fazemos ao coração do outro."
— Eu sou...
— Eu sei quem é você.
Eu estava receosa, é claro, mas quem podia me culpar?
Tarde demais percebi que minha resposta poderia soar um pouco grosseira, então tentei consertar.
— Digo, eu sei quem você é porque conheço seu primo. Vocês são parecidos. Quer dizer não tão parecidos, acho que você é maior que ele, sabe com mais altura, mas é claro que você é maior que ele afinal você é um soldado e deve fazer aqueles exercícios malucos de correr na chuva e tudo mais. Vocês fazem esse tipo de exercícios? Não precisa responder, não é da minha conta.
Perdi o fôlego falando tanto em tão pouco tempo e imaginei quão vermelha eu estava. Falavam tanto de David, que era quase como se ele fosse uma espécie de divindade mítica.
Uma divindade que eu não achei que fosse aparecer aqui.
— Nós fazemos exercícios na chuva. Muitas vezes. — ele disse e no final sussurrou: — Muitos de nós morrem de pneumonia.
— Sério? — eu perguntei, séria e preocupada, com os arregalados.
— Não. — ele respondeu sorrindo.
Ficamos em silêncio, por um instante.
— Sabe de uma coisa? É melhor eu chamar seus primos. Acho que eles estão em algum lugar por aqui.
Mandei May, que estava muito convenientemente por perto, para chamar os outros.
Sr. Flinch trouxe uma bandeja com chá e bolos. E nós ficamos sentados. Era muito estranho estar ali, com David.
Quantas vezes Freddie havia mencionado David? Sempre com pesar e saudade. Eu o encarei, tentando achar algo do que Freddie tinha falando. E eu podia ver a determinação, nas linhas da testa queimada pelo sol. Ele era um soldado e seu braço enfaixado mostrava que ele estava machucado. Talvez um tiro, um ferimento de batalha?
Mais uma vez, tarde demais, percebi que estava encarando demais seu ferimento.
— Uma bala de raspão. — ele disse, seguindo meu olhar. — Para a minha sorte, eu sou canhoto.
Tentei rir da sua piada, mas eu estava nervosa e, para completar ainda tinha sido pega de surpresa.
— Desculpe. — eu disse, sentindo minhas bochechas queimando. — Eu não quis...
— Não tem problema, de verdade. — ele disse. — Não é grande coisa. Logo vou trocar o curativo e nada vai ficar para trás além de uma pequena cicatriz.
Ele era tão... pacífico. Era a única forma de descrevê-lo. Eu não conseguia achar nenhum outro adjetivo.
Freddie havia me contado toda a vida de David; a faculdade, a infância rebelde e a decepção quando ele havia decidido largar tudo e se alistar no exército.
