Capítulo 12

2.6K 216 21
                                    

 Os três horários de aula se arrastaram como se o tempo tivesse parado. Eu já estava sentindo o meu corpo tremer com tanto frio e meus pensamentos eram somente sobre os acontecimentos na sala de aula. Em toda a vida eu nunca havia sido humilhado dessa forma. Como aquele estúpido e seus amigos fazem algo do tipo? É tão deprimente.

Foi tão deprimente e insuportável ouvir aquelas coisas, ainda mais com todos os alunos olhando. Mas, pelo que eu percebi, eles não deram atenção. Acho que aquele idiota já fez isso tantas vezes que se tornou corriqueiro o bastante para que ninguém desse mais atenção.

Por sorte, quando eu já não estava mais aguentando aquele frio irritante, a sineta começou a tocar e nós fomos para o intervalo, já não era sem tempo. A Amanda foi comprar algo para comer e perguntou se Victor e eu queríamos comer algo. O Victor disse que queria apenas um salgado e suco e lhe entregou o dinheiro, para que ela pudesse comprar. Já eu, não pedi nada. Todo o acontecido tirou o meu possível apetite.

Victor disse para ela que iria me levar pela floresta/jardim e que nos encontramos no final ou caso a sineta começasse a tocar antes de ela nos encontrar, nós iríamos nos encontrar na sala de aula.

— Está gostando daqui? — Me olha enquanto andamos — É um bom lugar, mas às vezes a presença de algumas pessoas estraga completamente tudo.

— Sim — Respondo sorrindo — Eu jamais pensaria que aqui tem tudo isso, do lado de fora é impossível pensar que o colégio é tão grande — Mas apesar de tudo isso, parece bem interessante — Digo — Acho que as coisas legais se sobrepõem às coisas ruins.

Quando saímos da sala de aula, nós descemos e fomos andando até o outro bloco, este é o bloco das turmas do segundo ano e por ele é possível ir para a parte de trás do colégio, onde tem a quadra, que finalmente consegui ver e ao lado há a então floresta/jardim que o Victor me falou há alguns dias.

Ficamos uns instantes parados ainda na sombra, antes de irmos para a área aberta.

— Na verdade, não é bem um jardim, é mais uma horta do que um jardim, mas tem flores e ''hortas'' — Ele me diz rindo abafado — Mas acho tudo tão lindo que para mim é um jardim, mas nesse caso, um jardim comestível, ao menos em alguns pontos — Você vai ver quando formos.

Ele perguntou se eu gostaria de ir ver a parte da quadra, me contou que é possível entrar e ficar por lá, vendo os jogos que teriam nessa tarde de algumas turmas, mas decidi que não. Pela parte de fora dá para perceber que ela é bem grande. Mas, minha atenção volta apenas para a parte das árvores.

Quando ele me contou que hoje à tarde teria os jogos de algumas turmas, foi que eu percebi a calmaria que está no intervalo. Na semana passada, quando eu vim até a escola, eu vi que no intervalo tinham muitos alunos espalhados, mas que agora são muito poucos.

Há um certo espaço que separa a quadra da parte arborizada, mas não é algo extremo. Há também uma espécie de muro, não muito alto, que faz a divisão, deixando tudo bem organizado.

Entre o pequeno muro da parte arborizada e a parte com telas da quadra, há uma área com caminhos de pedras, tem também algumas árvores até o final e mais alguns bancos embaixo, sob a sombra das árvores. Vi alguns alunos sentados por lá, conversando e comendo.

Antes de entrarmos pela parte arborizada, dá para notar que há um caminho feito de cascalhos e na entrada tem um portão um portão de madeira e ao lado tem uma placa dizendo que é proibido jogar lixo, arrancar flores, folhas, legumes, frutas ou fazer qualquer outra coisa sem autorização que comprometa a integridade de as árvores e plantas.

Fomos andando, caminho a dentro e o ar é bem fresco, bem mais fresco do que quando estávamos na parte de fora. O caminho feito de cascalhos tem um bom espaço e é possível andarmos um ao lado do outro. E, nas laterais, tem uma cerca baixinha, que separa o caminho, da parte de terra, com as árvores. Olho para cima e por conta da distância de algumas árvores e também da altura, as suas copas se juntam e formam um quase ''teto'' sobre as nossas cabeças. É até um pouco difícil ver o céu, que foi tomado pelo verde das folhas.

— Esse é um bom lugar para fugir dos problemas do colégio, estando dentro do colégio — Ri — Eu já vim aqui várias vezes, sempre é muito bom, mas a maioria dos alunos não gosta. Eles preferem ficar na parte central ou dentro das salas ou até mesmo na quadra, quando está tendo algum jogo.

— É simplesmente fantástico — Digo sorrindo — O ar é bem fresco.

— No final, há uma área mais aberta, com bancos, não é muito longe. Na verdade, isso aqui não é muito comprido, mas é um ótimo lugar para colocar as ideias em dia, depois de aulas tão tensas como a que passou.

— Eu entendo — Olho ao redor e vejo algumas rosas, muito bonitas — São lindas — Aponto para algumas rosas brancas e vermelhas, perto de algumas árvores.

— Eu acho que isso é o que faz a magia dessa parte arborizada — Sorri — Tem muitas plantinhas. Olha, um pé de maracujá — Aponta para a frente e vejo um belo pé de maracujá.

— Estão quase maduros. Nós realmente não podemos tirar nada?

— Nós só podemos quando alguém responsável deixa — Diz — Geralmente o diretor organiza um evento quatro vezes no ano, quando as frutas e legumes estão bons para colher.

— O que ele faz?

— O diretor passa em algumas salas, perguntando se tem algum aluno ou aluna com interesse em participar do evento. Quando os alunos são escolhidos, ele manda fazer a colheita com a supervisão de alguém e as frutas, legumes e mais algumas coisas são encaminhados para famílias carentes ou para alguma instituição. Quando tem sorte, dá para fazer os dois.

— Isso deve ser fantástico! — Eu sempre quis participar de projetos assim, deve ser algo magnífico de se fazer.

— Eu já participei duas vezes esse ano — Ouço ele dizer bem alegre e orgulhoso — É bem provável que logo ele organize o evento novamente. Quando ele organizar, você poderia participar também. Algumas vezes, quando não está bom para tudo ser colhido, ele organiza o evento de uma maneira diferente.

— Seria muito bom participar! — Olho para ele — Como o diretor organiza, quando não dá para fazer o evento com as frutas e legumes daqui ele promove uma gincana, onde precisamos fazer doações de alimentos não perecíveis e produtos de higiene pessoal. Cada turma do colégio elege uma comissão de três alunos que ficam responsáveis pela contabilização dos produtos e no final, as três turmas que mais conseguirem contabilizar alimentos e produtos de higiene pessoal, ganham prêmios.

— Na minha antiga escola nós tínhamos algo parecido, mas nenhuma turma ganhava nada.

— Quando ele organizar o evento novamente, vamos participar!

Participar de um evento do tipo, com toda a certeza deve ser muito bom. Ao menos, fazendo parte de um projeto assim, eu conseguiria ocupar a minha mente e me distrair de todos esses pensamentos que nem sempre são bons.

Fomos andando um pouco em silêncio.

— Quando chegarmos no final, podemos esperar a Amanda chegar — Victor diz, cortando o silêncio.

Enquanto íamos andando, pude ver mais algumas plantas aos pés das árvores, de cores diversas e em algum ponto ou outro, existe uma pequena horta, mas ainda não é possível ver os legumes, pois foram recém-plantados. Mas, consegui ver um limoeiro, manga, uma laranjeira e mais um é de maracujá. Consegui ver também dois pés, que pareciam ser de acerola.

Por alguns poucos instantes, eu me senti como se estivesse vivendo no sítio de novo. São muitas árvores frutíferas e isso me faz sentir como se ainda vivesse no sítio. Apesar de fazer apenas alguns dias desde a nossa mudança, eu sinto muita saudade de lá. 


NOTA: Olá pessoa, tudo bem?  Trouxe mais um capítulo e espero que estejam gostando. Agradeço mais uma vez a todas as leituras e se estiverem gostando, deixem seus votos e comentários, que é de grande ajuda. Até logo 0/

O ranking da história está como: 

#21 em gaylove 

#128 em romancegay 

#145 em boylove

#39 em amorgay

#25 em romancelgbt 

#277 em clichê 

O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1Donde viven las historias. Descúbrelo ahora