Capítulo 19

2.3K 193 25
                                    

Eu não sei se consigo dizer se tive uma ótima noite de sono ou não, mas consegui dormir consideravelmente cedo. O dia anterior foi bem caótico para mim, acho que a partir de agora todos os dias serão caóticos assim. Por que isso tudo tem que acontecer comigo? Por que eu não poderia ter dias normais, como uma pessoa normal..., e sem uma pessoa como ele me amolando?

Durante a noite conversei um pouco com o Victor e ele passou o meu número para a Amanda e também conversamos um pouco. Ela é tão legal quanto ele. Enfim, consigo dizer que tenho amigos nesse lugar. Está faltando conhecer a Bianca, mas breve devo conhecê-la.

Me recordo de quando Victor e Amanda conversaram na sala de aula e falaram que a Bianca deveria ir ao colégio na quarta-feira. Mas, realmente espero que ela seja tão legal quanto eles.

Acordei bem cedo e logo tratei de lavar o casaco que o Victor havia me emprestado, assim com sorte, ele vai secar antes que eu saia para o colégio e aí poderei entregá-lo. Eu não queria admitir, mas felizmente ele me emprestou o seu casaco, para que eu não morresse de frio naquela sala.

Depois das aulas, nós iremos ao shopping, então a minha mãe me deu o seu cartão de crédito e me alertou mais uma vez, para que eu não gaste além do necessário. Eu entendo a sua necessidade de economizar dinheiro. Toda essa mudança fez com que gastássemos dinheiro além da conta e precisamos de fato economizar muito.

...

A tarde de aulas parece que se arrastou, como no dia anterior — mas talvez, apenas talvez, tenha sido menos conturbado que no dia anterior. Tivemos duas aulas chatas de química, uma aula horrível de física e duas aulas mais ou menos de biologia. Por sorte, chegou o fim do dia e pude me ver livre dali.

Eu já esperava a tempos que a aula acabasse, mas infelizmente eu ainda não iria para casa, ainda preciso ir ao shopping, buscar por um casaco que seja bom e barato.

Durante as aulas eu ouvi provocações do grupo de amigos do Henrique e algumas provocações vindas dele — na verdade, ele foi o que mais provocou, dizendo coisas horríveis contra mim e contra Amanda, xingando-a de várias coisas ruins. Eu não respondi nenhuma delas e também não dei a mínima atenção — ou pelo menos eu tentei. Mas, ouvi quando a Amanda o respondeu e debochou do quão inteligente eles são.

Ouvir ela se defender e me defender daqueles sebosos me fez sentir um pouco melhor. No fundo eu realmente queria ser como ela, mas eu acho que não consigo. É tão difícil tentar tomar atitude para me defender daquele infame.

Eu realmente adorei conhecer a Amanda, ela disse tudo na cara deles, sem medo de que lhe acontecesse algo — talvez de alguma forma ela consiga se livrar disso, mas com certeza no meu caso, isso não seria possível. Eu quero ser assim, mas sinto um pouco de medo de que me aconteça alguma coisa de mal.

Espero conhecer a Bianca, hoje ela ainda não foi para a aula e Victor e Amanda me falaram que ela irá no dia seguinte. Mas se a Amanda e o Victor são tão legais, divertidos, eu tenho certeza que ela será

Depois que a aula terminou nós saímos do colégio e fomos para o shopping, mas infelizmente a Amanda teve que ir embora e ficamos apenas Victor e eu. A Amanda teve que se despedir de nós quando estávamos em frente ao shopping.

Olhei para a fachada do shopping e vi o quão gigantesco parece ser. O shopping que tem na cidade onde morávamos nem consegue se comparar. A fachada dele é muito pequena e ele como um todo é um shopping pequeno — talvez pelo fato de a cidade ser bem pequena, não precisaria ter um shopping tão gigante.

Nós descemos bem em frente ao shopping, por sorte o Uber que nos trouxe nos deixou do lado certo e não precisamos atravessar a rua. Mas percebi que há muitas pessoas indo de um lado para o outro e muitos carros. Por sorte há semáforos, então facilita todo o trajeto, tanto para quem está a pé, quanto para quem está de carro.

Na calçada do shopping eu vi que há alguns bancos, de um lado e de outro, com algumas árvores e canteiros de plantas. Eu acho que isso deixou o ambiente um pouco mais harmônico. Vi que bem à frente há um ponto de ônibus, com muitas pessoas.

Ver muitas pessoas em um lugar só, às vezes me deixa um pouco assustado — talvez não assustado, mas desconfortável. Eu realmente não sou fã de lugares cheios, me sinto um tanto quanto sufocado. Espero algum dia poder melhorar isso. Contudo, quando estou com os meus amigos, eu me sinto mais confortável.

Acabamos ficando um pouco quase em frente a porta principal de entrada do shopping — mas não estávamos atrapalhando a entrada ou saída das pessoas ali.

Amanda estava com o seu casaco do dia anterior nos ombros, usando o uniforme e no seu pescoço estavam servindo de apoio para os seus fones de ouvido. O seu cabelo estava um pouco bagunçado, mas ela pareceu não dar importância a isso.

Victor e eu estávamos quase iguais. Usando o uniforme, com a mochila nas costas e segurando o casaco com as mãos. Mas, a aparência dele me chama um pouco a atenção. Eu realmente gosto de olhar para ele e eu fico abismado no quão ele consegue ser bonito — acho que aos meus olhos ele ficou ainda mais bonito depois que demonstrou ser fantástico como pessoa.

Eu já o vi sem óculos e mesmo assim ele fica bonito, mas com toda a certeza ele se torna bem mais bonito quando está de óculos — ainda mais com o seu cabelo e o corte que usa.

É realmente uma grande pena que ele seja hétero..., eu acho que qualquer garota que tenha ele como namorado será bem feliz e será bem respeitada. Não sei se posso repetir isso, mas é uma pena muito grande que ele seja hétero — eu queria que existisse uma cópia dele.

Enquanto ainda estávamos ali parados, olhei para Amanda.

— Você precisa mesmo ir embora? — Victor perguntou a Amanda — Não poderia ficar mais uns instantes com a gente?

— Por que não fica um pouco mais? — Continuo olhando-a — Vai fazer essa desfeita com a gente? — Digo em tom de brincadeira.

— Eu queria — Olhou para ele e para mim, ajeitando o seu cabelo atrás da orelha — Mas eu preciso mesmo ir para casa. O caminho até aqui foi muito divertido, mas já preciso ir — Ajeitou a sua mochila nas costas — Tenho algumas coisas para fazer em casa, por isso não poderei ficar. Mas seria muito bom se eu pudesse...

— Ah, não consegue ficar nem mais um pouco? — Pergunto. Eu realmente queria que ela pudesse ficar mais um pouco ali conosco — Acabamos de chegar...

— É — Victor diz — Quase sempre você inventa esses sumiços — Senti uma certa alteração na voz de Victor — Está acontecendo algo?

— Está tudo bem, não houve nada — Mas de verdade, gente, eu realmente não consigo ficar mais, preciso ir para casa — Tornou a dizer — Eu queria muito ficar aqui com vocês, mas não dá. Hoje realmente não dá!

Eu não sei ao certo, mas seu tom mudou um pouco de quando estávamos no colégio para cá. Ela agora parece estar um pouco mais séria, porém, um pouco menos séria de quando ela estava retrucando as ofensas de Henrique e seus amigos idiotas — eu acho que eles conseguem superar qualquer nível de idiotice possível. Ao que eu vi no dia quando fui entregar meu histórico escolar e nos dias de aula, eu vi que ele tem quatro amigos, que são tão idiotas quanto ele.

— Então nós precisamos marcar um dia para virmos, todos nós — Victor disse.

— Sim, precisamos fazer isso mesmo — Me olhou e veio em minha direção, me deu um abraço e depois fez o mesmo com o Victor — Mas realmente preciso ir agora — Se despediu e saiu andando apressada, segurando as alças da sua mochila.  

O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora