O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1

Capítulo 39

Essa semana tem sido completamente estranha, não só pelo fato de amanhã eu ir à casa do Henrique mais uma vez para assistirmos a um filme — e que dessa vez não seja como da vez passada, bom, realmente não sei o que está por vir. De alguma forma eu acho que essa semana está um pouco estranha demais.

Talvez o estranho seria se essa semana não tivesse sido normal..., eu acho que não sei mais o que estou dizendo. Me sinto extremamente desconectado de tudo, talvez..., é como se eu estivesse fora de mim, me preocupando com coisas que eu não deveria estar me preocupando.

Eu sei que eu sou um grande idiota por estar pensando no Henrique, por que eu preciso ficar pensando nele? Isso não estava me acontecendo há alguns dias, mas de um dia para o outro, parece que ele começou a consumir os meus pensamentos.

Eu quero não ser idiota demais para pensar nele, mas parece ser tão impossível. O que eu deveria fazer para que isso não aconteça mais? Eu tento ao máximo não o ter em meus pensamentos..., eu sinto uma certa impaciência em não conseguir saber o que se passa com ele.

Algo dentro de mim me faz pensar se ele está bem, mas ao mesmo tempo essa mesma coisa dentro de mim me faz pensar que ele não está bem..., talvez ele esteja assim por minha culpa, mas que culpa eu posso ter?

Eu não posso ser o culpado por isso e também não devo me sentir culpado, mas não sei o que fazer.

Durante a segunda-feira ele não apareceu na aula e isso se repetiu na terça, quarta e hoje. Ele simplesmente não veio para o colégio. Eu não lhe enviei nenhuma mensagem, pois eu não sei se ele iria reagir bem ou iria me xingar — eu quero muito saber como ele está, mas ao mesmo tempo eu não sei porque eu deveria querer saber disso.

Durante a semana de aulas, ele não esteve presente, mas o seu grupinho de amigos sempre está lá — mesmo que às vezes falte algum integrante, além do próprio Henrique —, mas eles foram estão sendo tão agressivos quanto são quando o Henrique está com eles, mas mesmo assim, eles continuam fazendo piadinhas de mau gosto direcionadas a Amanda e a mim. Ao menos, a Amanda consegue revidar sem ter medo, já eu..., bom, eu sempre me mantenho calado e na maioria das vezes, prefiro ficar de cabeça abaixada, me concentrando nas aulas.

Eu queria que todas as aulas chegassem logo ao fim — seria pedir muito? Estamos com um imenso trabalho para fazer e já deveríamos ter começado isso de fato e não apenas ter ficado na quase indecisão, mas acabamos atrasando um pouco por conta dos acontecimentos. Felizmente, ainda temos bastante tempo até que seja preciso entregar esse trabalho.

Eu sinto que às vezes estou com coisas em dobro para fazer, pensar na minha vida e ao mesmo tempo ter que lidar com esse trabalho horrível de história, lidar com a minha própria vida, que ultimamente está de cabeça para baixo e também ter que lidar com esses momentos estranhos com o Henrique.

Pode ser que tudo isso seja apenas coisa da minha imaginação, mas eu sei que algo está acontecendo com ele, apenas não sei o que pode ser.

Sempre que eu estou sem fazer alguma coisa ou não estou totalmente imerso em algum outro pensamento, ele me vem à mente e sempre que eu penso nele, me sinto ansioso por não saber o que está acontecendo com ele. Eu acho que nem adianta mais pensar em outra coisa, mas eu não quero pensar nele.

Será que é tão difícil não conseguir não pensar nele? Eu tive tanto ódio dele por conta das suas idiotices no começo e agora eu estou pensando nele incansavelmente..., mas por que isso? Por que comigo? Tudo estava indo tão bem e agora estou assim. Eu sou tão idiota por isso, tão idiota. Não sei quem é mais idiota, se é ele, por ser tão idiota ou se sou eu por estar assim.

— No que você está pensando? — Victor pergunta entredentes, depois de cutucar as minhas costas com a ponta da caneta várias vezes seguidas — Você não está se concentrando na aula e desde que chegamos você mal falou com a gente — Quase sussurrou — Presta atenção na aula, garoto!