Capítulo 86 - Extra V

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 Eu sou uma grande covarde. Desde o dia em que paramos de nos falar — que eu deixei de falar com eles —, que eu não tenho feito absolutamente nada para reverter isso. Eu não queria ter agido daquela maneira com os meus amigos, mas eu acho que o receio dentro de mim acabou falando mal alto do que qualquer outra coisa. Eles não têm culpa de nada e eu sou a grande errada da história.

Eu sou a grande errada por não ter contado a eles tudo o que se passa na minha vida e em relação à porcaria de homem que uma vez eu chamei de namorado. Desde o início eu deveria ter lhes contado toda a verdade, mas eu fui medrosa o bastante, para esconder algo tão grave e agora eles não devem querer ser meus amigos novamente.

Eu não deveria ter feito nada disso. Eu deveria ter lhes contado quando eles falaram comigo, mas eu não tive coragem.

De tudo isso, o meu maior medo sempre foi o de que ele pudesse fazer algum mal aos meus amigos e por isso eu resolvi me afastar deles, assim diminuiriam um pouco mais as paranoias e perturbações dele — ao menos foi isso que eu pensei.

Não sei o que ou como farei para sair disso. Não sei como farei para ter a amizade deles de volta. Acho que a cada dia que se passa, tudo isso acaba piorando ainda mais.

Desde o dia em que eu me recusei a dizer-lhes o que está acontecendo e que me afastei completamente, tudo realmente parece ter piorado um pouco mais. Ele está um pouco mais agressivo que antes, porém, ao menos agora ele não me procura para ter relações sexuais e nem está forçando a tê-las com ele. Talvez essa deve ser a única coisa boa em relação a isso.

Embora ele tenha parado com isso, as agressões verbais e algumas vezes físicas continuam. Sinto que o meu psicológico está realmente abalado com todas as suas ofensas em relação a minha aparência e o meu corpo, mas não sei o que devo fazer para que isso pare.

Sinto que a cada ofensa que ele me faz, eu me sinto mais inferior e incapaz de me reerguer ou me impor, para que ele pare. Sinto que estou aos poucos me afundando cada vez mais. Me sinto mentalmente debilitada. Talvez a minha mente esteja mais despedaçada do que o meu próprio corpo.

Eu sempre tentei me mostrar ser forte desde o dia em que os meus pais me deixaram ir. Se bem que, eles não queriam que eu fosse, mas eu fui por minha livre vontade e contra a vontade deles. Esse foi o meu maior erro e o meu maior arrependimento. Se eu soubesse o quanto isso me custaria, eu não teria feito isso.

Todos os dias em que me olho no espelho, me sinto mais cansada e mais triste. Sinto que estou visivelmente pior que antes, mas tentarei ao máximo não evidenciar isso, pois assim eles irão ficar ainda mais preocupados comigo e podem querer intervir.

Faz alguns poucos dias que eu estou pensando em realmente conversar com eles sobre isso. Acho que chegou o momento de saberem tudo o que tem acontecido comigo e assim, eu enfim poderei conseguir alguma ajuda para me livrar de toda essa desgraça que caiu sobre mim.

Meu único medo é de que ela saiba disso e queira impedir de alguma forma.

O meu maior desejo é de que um dia tudo isso possa acabar da melhor forma possível, nem que para isso, ele precise morrer. 

O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1Where stories live. Discover now