Capítulo 35

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Eu atravessei a rua, indo em direção à casa de Henrique e ainda me sinto um pouco nervoso. Eu me sinto um pouco culpado por ter mentido para a minha mãe — eu realmente detesto fazer isso, mas se eu dissesse a verdade, eu não sei se ela me deixaria ir à sua casa.

Esse provavelmente será o meu mais novo martírio, mentir descaradamente para a minha mãe. Eu sinto que quando o dia de lhe contar a verdade chegar, isso vai ser detestavelmente horrível. Eu realmente não queria mentir para ela, mas eu o fiz. Talvez eu esteja muito errado em mentir para ela, isso não é certo. Mas, eu poderia dizer que foi por uma boa causa? Não sei...

Meu Deus, onde eu estava com a minha cabeça quando sugeri ao Henrique para assistirmos a um filme gay? E se ele detestar e me expulsar da sua casa? Os pensamentos são tantos, que eu me distraí o suficiente, para só perceber quando já estava quase batendo com o meu rosto na porta da sua casa.

Toda a rua já está iluminada pelas luzes dos postes, mas ainda assim é um pouco escuro e muito calmo — calmo até demais, isso me lembra o dia em que o Henrique me esperou na rua e me jogou no chão. Sinto um pouquinho de frio, afinal de contas, sempre que anoitece, é comum fazer um pouco de frio por aqui — não tanto, mas quando estamos fora de casa, é possível sentir um leve frio.

Mais uma vez eu esqueci de colocar uma roupa que não seja tão fresca, já que no seu quarto tem ar condicionado, mas eu acho que nós ficaremos na sala, ele jamais iria querer ver um filme comigo no seu quarto.

Eu tenho quase certeza de que ele vai desistir de última hora e vai me mandar para casa — talvez eu nem devesse ter inventado isso, maldita hora que eu fui sugerir essa loucura.

Deus..., por que eu sou tão indeciso e confuso?

Toquei a campainha da sua casa e esperei alguns instantes, até que alguém viesse me atender — ele não me disse se estaria sozinho em casa ou se o seu pai ou mais alguém estaria ali com ele. Me pus nas pontas dos pés e voltei à posição anterior, repetindo isso algumas vezes, enquanto segurava a alça da mochila.

Eu acabo fazendo isso algumas vezes quando estou esperando por alguma coisa e quando estou nervoso — talvez ansioso até demais.

Por sorte, logo ouvi alguns passos vindo em direção a porta e ela foi aberta.

— Ah, é você — Ouço a voz do Henrique sair um pouco sem ânimo e logo olho para o seu rosto, ele parecia ter dormido e acordado pouco tempo.

— Sim, sou eu — Falei, um pouco sem graça.

Bom, ele deveria estar esperando por alguém? Mas por que eu estou me preocupando com isso? Eu sabia que ele iria sair com uma menina, mas ele me falou que havia cancelado, então ele estaria me esperando, não?

Oh, Deus! Eu sou tão paranoico.

Isso não deve e não vai me afetar em nada. Eu já deveria ter me acostumado com o seu desinteresse e idiotice.

— Eu pensei que não viria mais, então tentei dormir um pouco — Levou uma das mãos aos olhos, coçando — Mas já que está aqui...

— Eu tive que dar uma desculpa à minha mãe, para poder vir aqui — Cocei a parte de trás da cabeça, franzindo a testa.

Dizer isso a ele pode não ter sido uma boa escolha...

— Por que? — Perguntou curioso, apoiando-se na porta e cruzando os braços.

— Os antigos donos da casa em que estamos morando, disseram a minha mãe que você não era uma pessoa boa — Respondi — E que você era encrenqueiro, um mau exemplo, um mau aluno e um rebelde — Completei.

O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora