Capítulo 1

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PARTE 1

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Fiquei mais alguns segundos sentada na varanda, observando um beija-flor colher o néctar de uma rosa no belo jardim abaixo. O aroma de rosas, grama e flores me atraia mais do que deveria.

Já se passaram dois meses desde meu encontro com Tamlin, e apesar de quase ter me estripado naquela noite gloriosa, ele ouviu minha proposta.

Me levanto e saio do meu quarto, vou em direção a cozinha de porte pequeno da grande mansão. Tinha outra maior mas eu gostava dessa. Entrei na cozinha, e me sentei em  frente a Tamlin, me servi uma xícara de café com leite. Odiava tomar chá no café da manhã, de certa forma parecia que não combinava com nada que tinha na mesa.

Antes de entrar no cômodo, não  consegui não reparar nele. Eu não podia negar o quão atraente ele estava. Porra, não era cega, sabia apreciar a beleza masculina mas não sabia porque ele, logo ele lhe atraiu tanta atenção. Peguei uma fatia de bolo, uma torrada com ovos e pão de aveia com geleia. Tamlin continuou a comer sem nem ao menos me desejar bom dia. Eu não me importava com isso, mas sabia que ele se irritava quando eu reclamava da sua falta de educação.

- Algo que queira compartilhar comigo? - perguntei e bebi um pouco de café. Tamlin não olhou para mim quando me respondeu.

- Uma carta da Corte Estival.

- O que dizia?

Ele bufou irritado com minha pergunta, ergui as sobrancelhas pra ele assim que seus olhos me encararam irritados. Típico de machos como ele, que demoram ou nunca aceitam que mulheres também podem liderar e tomar decisões. Mas sou paciente, um dia ele vai me agradecer pela ajuda.

- Reunião com os Grãos Senhores daqui a dois dias. Solicitaram minha presença, parece que a repentina mudança na Corte chamou a atenção de todas as cortes.

Não consegui evitar um sorriso, eu realmente sou boa no que faço. Sabia que ele tivera dificuldade pra falar isso, porque se tinha alguém responsável pela recente melhora da antes decaída Corte Primaveril, esse alguém era eu.
 
No meu segundo dia aqui, passei metade do dia dentro do meu novo quarto montando uma lista de tudo o que precisava ser feito na Corte. No dia seguinte mostrei a Tamlin e ele acatou minhas ideias. Ele tinha as deles próprias e após nossa conversa estava bem claro que apesar de não querer admitir, ele sabia tudo o que tinha pra resolver na sua corte. Parece que vagar durante meses pela corte em forma de besta não foi apenas para fugir de seus demônios.

Foi difícil nesse último mês, ele relutava em aceitar minhas ideias, então eu tinha que lembra-lo do nosso acordo: eu o ajudaria a reconstruir sua corte e em troca ele me daria abrigo e todas a informações possíveis sobre tudo que ele sabia de  Phythian e da Corte dos Pesadelos. Eu fugi de lá com quinze anos de idade, e enquanto corria no meio da floresta consegui atravessar para as Terras Humanas. Foi a primeira e única vez que consegui atravessar e mesmo com a Muralha em pé, consegui esse feito. 

Após pisar na terras humanas fui acolhida em um vilarejo ao qual fiquei alguns meses me recuperando. Fui embora após ter um sonho ao qual uma mulher me chamava para encontra-la em outra aldeia, do outro lado do continente humano. Aquela viagem não foi fácil, uma menina de quase dezesseis anos andando sozinha apenas na companhia de seu cavalo, não foi algo aceito pela maioria das pessoas. Mas eu consegui, e depois de longas semanas na estrada encontrei a aldeia do meu sonho.

- Você vai me acompanhar? Eles provavelmente estão ansiosos pra te conhecer.

Mandei meus pensamentos para longe e me concentrei no presente.

Corte de Flores e Vingança ● ACOTARDove le storie prendono vita. Scoprilo ora