Capítulo 15

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Após quase três horas de espera, Lucien e Tamlin voltaram da fronteira. Disseram que não havia sinal das criaturas e que a aldeia humana mais próxima não possuía sinal de ter sido atacada. Isso explicava a demora, eles tiveram que andar até lá.

- Alertei os soldados na fronteira, pode ser que tenha mais um ataque. Vou ir na fronteira com a Outonal, reforçar a defesa e depois ver o que os soldados descobriram sobre a criatura - ele suspirou parecendo cansado, Lucien continuou em silêncio parecendo mais cansado do que nunca. - Ao menos iremos saber que tipo de criatura teremos de enfrentar quando Beron tentar invadir.

- Ele não iria desperdiçar os próprios soldados em uma invasão.

Falei entendendo o que ele queria dizer. Eu podia presumir que o acordo feito entre Koschei e Beron se resumia em entregar a Primaveril a ele, e Beron lhe daria apoio em troca, para qualquer que seja o plano daquele ser enterrado no lago. Isso sem contar que Keir estava envolvido nisso tudo, como eu ainda não sabia.

A reunião amanhã seria bem intensa, essas novas informações poderiam ser suficientes para outra guerra, e Phyntain ainda estava se recuperando da última.

- Vou com você.

Falei me levantando da cadeira, Lucien se manteve em silêncio e olhou Tamlin de lado esperando uma reação. Eu precisava trocar de roupa, então andei até a porta e esperei.

- Ta. - respondeu dando de ombros

Saí da sala revirando os olhos. Mas consegui ouvir ele e Lucien conversando.

- Então, você e ela....

- Eu nem vou tentar te explicar. - Tamlin falou interrompendo o amigo que soltou uma risada.

Entrei no meu quarto, me troquei o mais rápido que podia e tentei não parecer desesperada ao descer as escadas até o salão de entrada. Os dois já estavam me esperando do lado de fora.

- Melhor você ficar e fazer companhia para os seus amigos.

Falei para Lucien que pareceu chateado mas ao mesmo tempo compreendeu que não poderia deixar os amigos sozinhos na mansão em uma corte feérica. Após entrar e fechar a porta notei o maxilar do Grão-Senhor tenso, o que aconteceu hoje o deixou abalado.

Ele nos atravessou para a fronteira com a Outonal e logo Kieran nos acompanhou até a tenda principal, contamos tudo que aconteceu e logo novas ordens foram dadas. Dobraram o número de soldados em ambas as fronteiras principais e novas estratégias seriam definidas. Os soldados estavam tensos como se não acreditassem que fosse haver uma invasão, em toda a história de Phythian houve alguns acontecimentos parecidos mas nenhuma corte chegou a invadir a outra. Talvez a paz que todos almejavam estivesse um pouco longe de chegar.

Antes de atravessarmos para a prisão onde a criatura recebeu uma autópsia, tentei sentir aquele cheiro de magia que senti antes, estava lá, mas muito suavemente. Eu precisava ir para as Terras Mortais, se esse cheiro estivesse lá também, só posso imaginar que estaríamos cercados dos dois lados.

Quando senti meus pés no chão de terra, olhei à nossa volta, vendo apenas uma pequena trilha por entre as árvores que levaria a uma clareira e logo depois a uma das aldeias menores. Esse lugar era onde os feéricos rebeldes ficavam após cometerem algum crime, no momento estava vazia. Exceto pelo cadáver estranho e os soldados que o estavam estudando.

A construção tinha dois andares, feitos de pedra e aço. Entramos e lá dentro não existia muito conforto, exceto pela pequena sala à direita que era bem mais bonita visualmente, o restante era tudo cinza. Algo estranho em uma corte tão colorida.

Corte de Flores e Vingança ● ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora